Como água e azeite

Saindo do terreno da ciência e entrando no campo minado da administração pública, o exemplo acima vale para os setores da agricultura e do meio ambiente. Assim como água e azeite, eles também não se misturam.

Valdemir Caldas
Publicada em 13 de setembro de 2018 às 13:29
Como água e  azeite

(*) Valdemir Caldas

Água e azeite, como se sabe, não são grandes amigos e, portanto, não se misturam. Conhecida como solvente universal, segundo especialistas, a água destrói mais substâncias do que qualquer outro líquido. Os óleos são uma substância que a água, invariavelmente, rejeita.

Saindo do terreno da ciência e entrando no campo minado da administração pública, o exemplo acima vale para os setores da agricultura e do meio ambiente. Assim como água e azeite, eles também não se misturam.

Mas há, dentre os especialistas que cercam o prefeito de Porto Velho, doutor Hildon Chaves, os que acham possível essa combinação. Tanto é verdade que o convenceram a enviar à Câmara Municipal, salvo engano em outubro do ano passado, um projeto de lei unindo turismo, agricultura e meio ambiente no mesmo balaio, apesar dos avisos de que se tratava de uma mistura altamente explosiva.

Com a reestruturação, a SEMAGRIC caiu de secretaria para subsecretaria, perdendo, assim, autonomia administrativa e financeira. Hoje, para comprar um copo descartável, o subsecretário Francisco Evaldo de Lima precisa pedir autorização ao seu superior hierárquico.

Difícil aceitar que uma secretaria tão importante para a economia do município de Porto Velho, principalmente para a agricultura familiar,
formada por pequenos e médios produtores rurais, que se dedicam essencialmente ao cultivo de alimentos, dentre outras produções, como sua principal fonte de renda e que, por isso mesmo, deveria receber atenção especial do Executivo Municipal, simplesmente seja reduzida a um apêndice dentro da estrutura organizacional da prefeitura.

Ao acabar com a SEMAGRIC, o governo Hildon Chaves mostrou que não tem nenhum compromisso com a agricultura, principalmente, com a agricultura familiar. Se a intenção do prefeito, como disse um vereador da base aliada, era economizar recursos com a redução de cargos comissionados, vê-se, hoje, que o tiro saiu pela culatra.

A folha de pagamento da prefeitura continua mais inchada do que antes, batendo o limite máximo para gastos com pessoal, estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. E não se diga, contudo, que a culpa é dos servidores efetivos, cuja maioria nem se recorda mais quando recebeu um reajuste salarial decente. Com o enterro da Secretaria Municipal de Agricultura, o prefeito arranjou uma tremenda dor de cabeça com os produtores rurais, que exigem o retorno da SEMAGRIC nos moldes anterior.

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