Como vão se portar os aliados de hoje, quando se enfrentarem no palanque eleitoral?

A nove meses da eleição, o quadro ainda é nebuloso, até porque podem acontecer surpresas, rolos, traições e tudo aquilo que se sabe de uma disputa como essa.

Sergio Pires
Publicada em 01 de fevereiro de 2018 às 10:45

O jogo de xadrez da política começa a ficar cada vez mais complicado. A nove meses da eleição, o quadro ainda é nebuloso, até porque podem acontecer surpresas, rolos, traições e tudo aquilo que se sabe de uma disputa como essa. Além disso, os principais nomes da política de Rondônia estão, no geral, muito próximos, alguns interligados, outros quase siameses. Como farão, a partir de julho, quando a campanha começar? Por exemplo, o candidato ao Governo Acir Gurgacz irá para o palanque falar mal de Confúcio Moura, de quem é aliado de primeira hora? Caso a campanha esquente, Gurgacz vai usar na linha de frente o arqui-inimigo do Governador, o deputado Hermínio Coelho, quando quiser mandar recados duros ao já candidato ao Senado? No mesmo palanque, Jesualdo Pires, amigo do senador Valdir Raupp e muito próximo a Confúcio,  a quem ajudou a eleger, o que dirá quando estiver pedindo votos ao Senado? Como ele tratará Raupp, hoje um importante aliado de Ji-Paraná e sua administração?  Jesualdo terá que fazer campanha para Gurgacz, seu aliado político, mas o fará contra Maurão de Carvalho, seu parceiro e amigo de longos anos?  E Maurão de Carvalho, como irá tratar no palanque seus adversários, a maioria deles hoje fazendo parte de sua importante rede de ligações políticas, pelo cargo que exerce, como Presidente da Assembleia? Como agirá Daniel Pereira, já na condição de Governador, a partir de abril, para apoiar Confúcio Moura, do PMDB e Jesualdo Pires, do seu PSB, sabendo-se que ele tem estreita relação de amizade e também política com Valdir Raupp e Maurão de Carvalho?  E Expedito Júnior, será o único adversário de todos, caso concorra ao Senado ou ao Governo? Terá apenas o apoio dos seus tradicionais aliados e do grupo de Ivo Cassol, que ainda não sabe se concorrerá ou o tucano conseguirá se aproximar de outras turmas, que hoje não estão na linha de frente da disputa?

A verdade é que os grupos que lideram a política rondoniense estão muito próximos. Há uma oposição mais forte entre a turma do governo passado e a do atual, com seus respectivos parceiros. Afora isso, as alianças que mantiveram as relações políticas bastante suaves, nos últimos tempos, entre o Governo; boa parte da bancada federal e a Assembleia Legislativa, podem ser rompidas com a proximidade de uma campanha que se avizinha difícil. Ela será em alto nível ou, quando a disputa começar pra valer, será comum qualquer chute até abaixo da linha da cintura? Como se comportarão os aliados de hoje, quando estiverem em trincheiras opostas, pedindo o voto do rondoniense? E a oposição, de Cassol e Expedito, como agirá na corrida pelo Palácio Rio Madeira/CPA e pelo Senado?  A cerca de 270 dias da eleição, há perguntas demais, para respostas de menos...

GUEDES QUER PRESSA...

Ainda sobre a sucessão estadual: o tucano Expedito Júnior está com uma pedra no sapato. E não é uma pedra qualquer. O ex prefeito e ex deputado  José Guedes, até hoje uma figura destacada na história da política de Porto Velho e do Estado, está criticando publicamente seu companheiro tucano, dirigente regional do PSDB, “por sua indecisão”. Ou seja, Guedes, que se auto lançou candidato ao Governo, esperava criar uma situação em que seu nome fosse ao menos avaliado em convenção do seu partido. Como a situação ainda está extremamente nebulosa, porque Expedito Júnior ainda não decidiu se disputará o Senado ou o Governo, Guedes quer que ele, o presidente regional dos tucanos, anuncie uma decisão imediata. Obviamente, com toda a sua experiência, o competente e dedicado José Guedes vai esperar sentado. O PSDB e Expedito só vão se definir na 25ª hora, apenas depois da decisão sobre a candidatura ou não de Ivo Cassol, do PP, ao Governo. Antes disso, o  ninho tucano não se mexe.  

AS DUAS MÃOS DE DANIEL

Vão começar provavelmente nesta próxima semana, as mudanças da equipe principal do governo Confúcio Moura. Pelo menos oito secretários, dirigentes de estatais e gente do primeiro escalão vão cair fora, para disputar as eleições de outubro. Desde 9 deste mês, conforme solicitado pelo próprio Confúcio Moura, todos os seus assessores entregaram seus pedidos de exoneração. Três semanas depois, nada aconteceu. Mas há uma explicação para isso. Segundo uma importante fonte palaciana, “as mudanças começam nestes primeiros dias de fevereiro e serão feitas em harmonia com o vice governador Daniel Pereira”. Traduzindo para a linguagem dos simples mortais: a nova equipe que assume, terá sim não só o dedo, mas as duas mãos de Daniel Pereira, que assume o Governo por nove meses, a partir de 5 de abril, quando Confúcio renuncia para concorrer a uma vaga ao Senado. Como há ainda questões a serem discutidas e apoios políticos a serem acordados, as nomeações ainda não começaram. O jogo começa a esquentar a partir de agora, garantiu uma fonte muito próxima ao poder central do Estado. Daniel Pereira, a partir de agora, passa a ser “o cara”, na administração estadual.         

A PERSEGUIÇÃO DA JUSTIÇA

A sucessão de derrotas judiciais do ex Presidente Lula deixa claro que os magistrados, desembargadores e ministros do Judiciário não se intimidaram nem um segundo, com toda a pressão do comando do PT e alguns poucos aliados que ainda insistem em mentir para a população, dizendo que as condenações (duas até agora, em duas instâncias, mas virão muitas outras, em breve!), são um conluio para tirar Lula da disputa Presidencial. Para seus aliados, a maioria já sabendo que será execrada pelo país, tão logo o maior líder seja preso, impedido de concorrer e entra no rol dos réus condenados, será impossível manter a mentira e o discurso raivoso por longo tempo. A última piada de mau gosto, agora, é de que os lulistas vão denunciar o Judiciário brasileiro na ONU, acusando-o de estar  perseguindo não o chefe da maior quadrilha de achaque ao dinheiro público já registrado em nossa História, mas sim um pobre coitado, inocente, cujo único pecado foi lutar pelos pobres. Nas pesquisas eleitorais, Lula ainda tem preferência da maioria do eleitorado, principalmente entre os menos informados.  Mas isso tudo vai ruir, quando o Chefão for levado ao xilindró, pela roubalheira que permitiu, aceitou e, em alguns casos, participou pessoalmente. Pelo menos outros seis processos estão em andamento. O próximo, que vai condená-lo também, é o do sítio de Itatibaia, que ele usou por anos e que, segundo jura, nunca foi dele...

BANDIDO AOS ONZE ANOS

Aconteceu em Porto Velho, uma cidade  que, como a maioria dos municípios brasileiros, está sob o domínio do crime. Uma criança de onze anos (isso mesmo: apenas onze anos de idade), participou de um assalto, junto com outros dois “dimenor” e atirou à queima roupa contra a cabeça de uma avó, que tentou proteger seus netos do trio de criminosos assaltantes. Para sorte da vítima, a criança não conseguiu segurar a arma direito e, ao disparar, o projetil foi direcionado à perna da vovó, deixando-a ferida. Os bandidos fugiram, levando consigo a criança de onze anos. Pegos logo depois (apreendidos, na linguagem podre e hipócrita da legislação brasileira), o pequeno atirador já está livre, porque criança com menos de 14 anos não pode sequer admoestada. Neste país da vergonha, da proteção à bandidagem e do abandono às pessoas de bem, numa situação dessas só resta agradecer pela vida da vovó, que levou um tiro na perna. Se tivesse morrido, além da sua família, quem mais choraria por ela?

MANTÉM-SE O RADICALISMO

Em mais uma das suas pesquisas eleitorais, daquelas que a gente sempre tem que ficar com um pé atrás, pela parcialidade, o Instituto DataFolha apresentou números que pouco mudaram em relação ao que ela vem divulgando há alguns meses. Se a eleição presidencial fosse hoje, Lula, do PT, iria para o segundo turno para enfrentar Jair Bolsonaro, ainda no PSC. Lula tem mais que o dobro das intenções de votos de Bolsonaro: ele conta com 37 por cento, contra 16 por cento do seu principal adversário.  Na mesma relação, Geraldo Alkmin e Ciro Gomes têm 7 por cento; Joaquim Barbosa (que nem se sabe se entrará na disputa) tem 5 por cento; Álvaro Dias, do Podemos, chegou a 4 por cento e o indefectível Collor de Mello, do PTC, que se lançou candidato há poucos dias, chega aos 2 por cento. Vários outros nomes que podem entrar na corrida Presidencial não passaram do 1 por cento ou ficaram no zero. A situação, se realmente está retratando a realidade atual, deixa claro que os extremos são os únicos que têm posições permanentes nas pesquisas. Lula, o esquerdista e Jair Bolsonaro, o direitista, estão dividindo o país em duas alas radicais. Se não surgir um nome mais centrado, com um discurso que não seja do ódio e do confronto, para cair no gosto do eleitorado, o que não apareceu até agora, teremos uma eleição das mais complicadas para o país. É sempre bom sublinhar que dificilmente Lula será candidato, mas a maioria dos institutos de pesquisa ignora esse “detalhe insignificante”.

EXPORTAÇÕES PREJUDICADAS

Mais um absurdo está sendo praticado contra a economia do Estado. A exportação de madeira, via porto de Manaus, está sendo extremamente prejudicado, por uma ação do Ministério Público Federal e do Ibama, que não aceitam documentos de liberação da madeira, a não ser que se cumpra uma série de outras exigências. Pelo menos 440 containers prontos para exportação estão sendo retido há semanas, causando um enorme prejuízo financeiro para , até agora, mais de uma dezena de empresas e fazendo com que os futuros negócios com compradores estrangeiros sejam extremamente prejudicados. A ação, baseada em exigências até agora não bem claro, dá prazo de até 180 dias para que madeiras para exportação eventualmente retidas por problemas de documentação, tenham até 180 dias até que sejam liberadas. Ora, isso é um tiro no sistema de exportação de um dos nossos principais produtos, que fazem a economia girar e nos dão, a Rondônia principalmente, grande diferença positiva na questão da balança comercial. A mercadoria sai daqui com toda a autorização para chegar aos compradores no exterior, incluindo aval do Ibama e da Polícia Federal. Quanto chega em Manaus, o mesmo Ibama e a mesma Polícia Federal são acionados para reter nossa madeira. Nessa semana, o vice governador Daniel Pereira reuniu-se com empresários do setor e com o superintendente da PF no Estado, exigindo solução imediata para o problema. Até agora, nada aconteceu e os prejuízos só aumentam. Também nesse quesito, quem manda é o MPF. Obedece quem tem juízo!

PERGUNTINHA

Neste exemplo, quem está certo: os americanos ou os brasileiros? Lá, menino de sete anos que agrediu professora, saiu algemado da escola. Em Porto Velho, criança de onze anos que atirou numa vovó para matar, mas só a feriu na perna, nem sequer foi detido. Estão certos eles ou estamos certos nós?

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