Consciência democrática exige prisão de Bolsonaro

"Legislação em vigor não admite jeitinho nem boa vontade para golpistas", escreve Paulo Moreira Leite

Fonte: Paulo Moreira Leite - Publicada em 04 de novembro de 2024 às 15:23

Consciência democrática exige prisão de Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Para entender a necessidade de punir Bolsonaro em função da tentativa de golpe contra a eleição de Lula, é preciso começar pelo começo.

A apuração realizada pela Polícia Federal foi um trabalho sério e isento, sem suposições indevidas nem teses pré-concebidas. Com supervisão do Supremo Tribunal Federal, as investigações chegaram a um ponto final sem espalhafato nem espetáculos à plateia. Mostram fatos — somente.

Ali se comprova, por A + B + C + ... Z, o envolvimento do principal assessor presidencial, tenente-coronel Mauro Cid, em operações clandestinas que tinham Bolsonaro como beneficiário.

Também se aponta para o andar de cima do Planalto na época, onde se encontrava o general Mauro Cid, pai, que se mobilizava nos Estados Unidos em movimentos de apoio ao antigo colega de Academia Militar. O envolvimento de outros generais e oficiais graduados ficou demonstrado a partir de documentos de próprio punho, em atas de reunião, assinadas e registradas.

Para completar, não faltam provas entre cartolas do empresariado de extrema-direita, que, em tom de carnaval ideológico, prometiam animar a trama antidemocrática com todo seu pre$tígio e patrioti$mo.

Donos de restaurantes, shoppings e construtoras do Rio de Janeiro foram flagrados em conversas inesquecíveis. "Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo", diz um deles, em conversa gravada.

Assim o país soube da sinistra operação que, apoiada pelo próprio Bolsonaro, articulou uma tentativa de golpe para impedir a eleição e depois a posse de um presidente eleito pelo voto popular.

Não custa lembrar que o cenário sul-americano contribuía para os ataques à democracia, produzindo um mapa geopolítico do continente que mostra uma típica Paz de Cemitério, conceito da Ciência Política empregado por Antonio Gramsci para descrever povos silenciados pela força e pelo medo.

Empregando a voz grossa, o discurso lúcido e a mobilização popular para derrotar as asperezas de uma conjuntura política acidentada, Lula manteve a consciência do país de pé e, assim, chegou ao Planalto pela terceira vez.

Enquanto outros países mergulhavam em cenários de incerteza e riscos à democracia, sua vitória impediu que, no país com o maior PIB e maior influência na região, a democracia fosse mutilada.

Hoje, quando a terceira vitória de Lula caminha para o segundo aniversário, é importante lembrar um fato com clareza.

O crime de golpe de Estado está previsto no artigo 366 do Código Penal, que assim o define: "Tentar, o funcionário público, civil ou militar, depor o governo constituído ou impedir o funcionamento das instituições constitucionais. Pena — reclusão, 4 a 12 anos".

Ao deixar explícito que as tentativas de golpe já constituem, em si, um crime com pena de reclusão de 4 a 12 anos, o artigo 366 mostra uma firmeza que não admite jeitinhos nem concessões indevidas. Basta olhar a paisagem para compreender que é preciso agir e cumprir a lei.

Alguma dúvida?

Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

1221 artigos

Consciência democrática exige prisão de Bolsonaro

"Legislação em vigor não admite jeitinho nem boa vontade para golpistas", escreve Paulo Moreira Leite

Paulo Moreira Leite
Publicada em 04 de novembro de 2024 às 15:23
Consciência democrática exige prisão de Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Para entender a necessidade de punir Bolsonaro em função da tentativa de golpe contra a eleição de Lula, é preciso começar pelo começo.

A apuração realizada pela Polícia Federal foi um trabalho sério e isento, sem suposições indevidas nem teses pré-concebidas. Com supervisão do Supremo Tribunal Federal, as investigações chegaram a um ponto final sem espalhafato nem espetáculos à plateia. Mostram fatos — somente.

Ali se comprova, por A + B + C + ... Z, o envolvimento do principal assessor presidencial, tenente-coronel Mauro Cid, em operações clandestinas que tinham Bolsonaro como beneficiário.

Também se aponta para o andar de cima do Planalto na época, onde se encontrava o general Mauro Cid, pai, que se mobilizava nos Estados Unidos em movimentos de apoio ao antigo colega de Academia Militar. O envolvimento de outros generais e oficiais graduados ficou demonstrado a partir de documentos de próprio punho, em atas de reunião, assinadas e registradas.

Para completar, não faltam provas entre cartolas do empresariado de extrema-direita, que, em tom de carnaval ideológico, prometiam animar a trama antidemocrática com todo seu pre$tígio e patrioti$mo.

Donos de restaurantes, shoppings e construtoras do Rio de Janeiro foram flagrados em conversas inesquecíveis. "Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo", diz um deles, em conversa gravada.

Assim o país soube da sinistra operação que, apoiada pelo próprio Bolsonaro, articulou uma tentativa de golpe para impedir a eleição e depois a posse de um presidente eleito pelo voto popular.

Não custa lembrar que o cenário sul-americano contribuía para os ataques à democracia, produzindo um mapa geopolítico do continente que mostra uma típica Paz de Cemitério, conceito da Ciência Política empregado por Antonio Gramsci para descrever povos silenciados pela força e pelo medo.

Empregando a voz grossa, o discurso lúcido e a mobilização popular para derrotar as asperezas de uma conjuntura política acidentada, Lula manteve a consciência do país de pé e, assim, chegou ao Planalto pela terceira vez.

Enquanto outros países mergulhavam em cenários de incerteza e riscos à democracia, sua vitória impediu que, no país com o maior PIB e maior influência na região, a democracia fosse mutilada.

Hoje, quando a terceira vitória de Lula caminha para o segundo aniversário, é importante lembrar um fato com clareza.

O crime de golpe de Estado está previsto no artigo 366 do Código Penal, que assim o define: "Tentar, o funcionário público, civil ou militar, depor o governo constituído ou impedir o funcionamento das instituições constitucionais. Pena — reclusão, 4 a 12 anos".

Ao deixar explícito que as tentativas de golpe já constituem, em si, um crime com pena de reclusão de 4 a 12 anos, o artigo 366 mostra uma firmeza que não admite jeitinhos nem concessões indevidas. Basta olhar a paisagem para compreender que é preciso agir e cumprir a lei.

Alguma dúvida?

Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

1221 artigos

Comentários

    Seja o primeiro a comentar

Envie seu Comentário

 
NetBet

Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook