Corpos identificados na chacina de Colniza são transladados; Pastor está entre vítimas

Corpos identificados começam a ser transferidos para Colniza, Guariba e Rondônia.

Texto e foto: O Documento
Publicada em 23 de abril de 2017 às 12:57
Corpos identificados na chacina de Colniza são transladados; Pastor está entre vítimas

A Polícia Civil de de Masto Grosso já identificou oito dos nove mortos na chacina de Colniza, no noroeste do estado. Os trabalhadores rurais foram assassinados com tiros e golpes de facão. São eles:- 

- O pastor Sebastião Ferreira de Souza, 57 anos

- Francisco Chaves da Silva, 56 anos

- Valmir Rangeu do Nascimento, 55 anos

- Aldo Aparecido Carlini, 50 anos

- Izaul Brito

- Edson Alves Antunes, 32 anos

- Ezequias Santos de Oliveira, 26 anos

- Samuel Antonio da cunha, 23 anos

Um nono corpo ainda não foi identificado, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil. A identificação será feita por DNA ou por meio do prontuário médico. Todos os corpos já foram liberados. Dos nove, um foi encaminhado para Cerejeiras (RO), três foram para Guariba (MT) e o restante para Colniza (MT).

Sandro Souza perdeu o pai: “Eu não tenho palavras. É um pai. Pai é pai. E você ver uma covardia dessas, com um homem bom. E todo mundo fala bem, pastor de Igreja”.

As mortes foram na quarta-feira à tarde, mas as autoridades só souberam no dia seguinte, porque a região é de difícil acesso, sem comunicação.

O crime foi em Taquaruçu do Norte, a mais de 300 quilômetros do centro de Colniza, no noroeste de Mato Grosso.

Testemunhas disseram que homens encapuzados invadiram os barracos e usaram armas de fogo e facões para matar os trabalhadores rurais. A violência impressionou até peritos experientes.

“Esse de fato foi o caso mais desafiador e com emprego maior de violência, eu nunca tinha pego algo assim com tamanhas proporções”, afirma o perito criminal Daniel Soares.

Conforme avançam as investigações, vão sendo redefinidas estratégias para se tentar descobrir quem são os autores da chacina. A Polícia Militar, por exemplo, já considera retornar ao local dos assassinatos na manhã deste domingo (23) para tentar prender os bandidos.

“A Polícia Civil já está com algumas testemunhas na delegacia, colhendo uns depoimentos. A princípio, são quatro, foram quatro meliantes. Amanhã estarei retornando para o local com minha equipe pra gente dar continuidade de busca e patrulhamento ostensivo lá pra ver se a gente identifica alguns suspeitos”, explica o comandante da PM em Colniza- MT, Helio Alves Cardoso.

Uma das suspeitas é que fazendeiros encomendaram o crime. Uma equipe especializada na investigação de homicídios vai para Colniza no início da semana.

“Nós sabemos que a região onde ocorreu o crime ela é sim uma região de conflitos, principalmente relacionados a propriedades rurais, madeireiros, fazendeiros e ocupantes dessas glebas, agora, nada impede que a motivação seja outra e nós vamos apurar de forma cabal pra que a gente consiga não só identificar os autores desse crime, mas também prendê-los”, diz Rogers Jarbas, secretário de Segurança Pública de MT.

Dom Pedro

A Prelazia de São Félix do Araguaia, que tem Dom Pedro Casaldáliga como bispo emérito, divulgou nota manifestando solidariedade às vítimas e indignação com o crime.

“Este massacre acontece num momento histórico de usurpação do poder político através de um golpe institucional, com avanços tão graves na perda de direitos fundamentais para o povo brasileiro que coloca o governo do atual presidente Temer numa posição de guerra contra os pobres, isso refletido de forma concreta nos projetos, como as Medidas Provisórias 215 e 759, que violam direitos dos povos do campo e comunidades tradicionais”, afirma a nota.

“Como consequência, o ano de 2016 foi o mais violento dos últimos 13 anos, apontando para uma perspectiva desoladora no campo. E esta situação de Colniza, onde assassinaram inclusive crianças, nos expõe diante dos objetivos de ruralistas que não temem nada para conseguir as terras que buscam”, segue.

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