CPMI pode reconvocar Mauro Cid e quebrar sigilos de Zambelli
A reconvocação de Mauro Cid foi sugerida pela relatora da comissão parlamentar mista de inquérito, senadora Eliziane Gama (PSD-MA)
Eliziane, relatora da CPMI, ao lado do deputado Arthur Maia: requerimentos vão a votação
A CPMI do 8 de Janeiro pode votar nesta quinta-feira (24) a reconvocação do ex-ajudante-de-ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e telemático da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e de pessoas ligadas a ela. A reunião deliberativa está marcada para as 9h e tem 57 requerimentos na pauta.
A reconvocação de Mauro Cid foi sugerida pela relatora da comissão parlamentar mista de inquérito, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O tenente-coronel prestou um primeiro depoimento à CPMI no dia 11 de julho. Depois disso, investigações da Polícia Federal apontaram a participação dele na venda ilegal de presentes recebidos pelo Brasil de autoridades estrangeiras.
"Requer-se nova inquirição do tenente-coronel Mauro Cid em parte em razão das práticas já apontadas em outras investigações, em parte pelo fato de que suas manifestações em diálogos já divulgados sugerem eventual envolvimento em escala até maior do que a inicialmente apontada", argumenta Eliziane Gama.
Além de Mauro Cid, a comissão pode votar a quebra de sigilos de outros três militares ligados à Ajudância de Ordens da Presidência da República na gestão de Jair Bolsonaro. A relatora quer investigar o possível envolvimento deles no pagamento de despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com dinheiro vivo e sem comprovação de origem.
São alvos dos requerimentos o coronel Marcelo de Costa Câmara, o tenente Osmar Crivelatti e sargento Luis Marcos dos Reis, que presta depoimento à CPMI nesta quinta-feira logo após a reunião deliberativa. Eliziane também apresentou um pedido de convocação para o tenente Osmar Crivelatti.
Carla Zambelli
Um lote de requerimentos se refere à deputada Carla Zambelli, além de pessoas ligadas à família e ao gabinete dela. A relatora da CPMI pede a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e telemático da parlamentar para investigar uma denúncia feita à comissão pelo hacker Walter Delgatti Neto. Segundo o depoente, a deputada teria pago R$ 40 mil para que ele tentasse invadir plataformas mantidas pela Justiça na internet.
"Carla Zambelli teria negociado com este (Delgatti), inclusive ofertando-lhe dinheiro em espécie, para que invadisse as urnas eletrônicas e realizasse invasões de dispositivos informáticos, com o fim de questionar a validade do sistema eleitoral brasileiro", justifica Eliziane.
A relatora defende ainda a quebra dos sigilos de três pessoas ligadas à deputada federal. Ela quer investigar se o deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP), irmão da parlamentar, testemunhou um telefonema em que Jair Bolsonaro teria sugerido que Walter Delgatti Neto assumisse a responsabilidade por um grampo ilegal contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eliziane Gama questiona ainda se o coronel Antonio Aginaldo de Oliveira, marido de Carla Zambelli, e Renan Cesar Silva Goulart, motorista da deputada, fizeram pagamentos ao hacker.
Bloqueios em rodovias
Outro conjunto de requerimentos se refere à participação de servidores públicos no planejamento e na execução de bloqueios em rodovias no dia do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, especialmente na região Nordeste. São alvos dos pedidos de quebra de sigilo:
- Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça;
- André Saul do Nascimento, gestor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Santa Catarina;
- Luís Carlos Reischak Júnior, ex-superintendente da PRF no Rio Grande do Sul;
- Marcelo de Ávila, servidor da PRF; e
- Djairlon Henrique Moura, servidor da PRF.
A CPMI pode votar ainda requerimentos para apurar o financiamento de caravanas de manifestantes a Brasília (DF) nas vésperas dos atentados de 8 de janeiro. Segundo relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), houve "grande pulverização dos contratantes de fretados", o que pode indicar que pessoas envolvidas no aluguel dos ônibus possivelmente foram "utilizadas como laranjas com o objetivo de ocultar os verdadeiros financiadores das caravanas e dos manifestantes".
Outras convocações
A comissão também pode votar a convocação de dois integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal: o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues e o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior. O objetivo é identificar quem determinou a abertura da Esplanada dos Ministérios a manifestantes antes do dia 8 de janeiro e analisar as tentativas para dissuadir a perturbação da ordem pública.
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