Crianças fora de sala de aula causa indignação em Porto velho
Projeto social que atende centenas de crianças moradoras do bairro Nacional pretende fazer manifestações pela volta dos alunos a sala de aula
A associação Curumim Guarani, que atua na formação cidadã de crianças com pré disposição para o esporte, está entrando com ação civil pública contra o executivo municipal. De acordo com a direção da instituição, a motivação é o fato de existir mais de 2 mil alunos da rede pública rural fora das salas de aula há mais de dez meses. Alguns desses alunos frequentam a academia gratuita de jiu-jitsu mantida pela associação. Uma manifestação está sendo preparada para cobrar os órgãos responsáveis.
“Mandamos fabricar camisetas que serão vendidas para dar suporte a essa campanha (denominada pela hashtag “#TodosPelosAlunos”) e arcar com os custos de carro de som e outros serviços”, conta José Torres, um dos professores da academia. As camisetas podem ser encontradas lá mesmo, na academia que se localiza no início do bairro nacional, zona oeste de Porto Velho.
Segundo o professor José Torres, o que está havendo hoje no sistema de educação pública municipal é uma verdadeira bagunça iniciada na secretaria de educação, e que se estende até ao gabinete do prefeito Hildon Chaves, que é quem deveria ser mais rígido em suas cobranças de solução para este grande imbróglio que envolve o a empresa “Flecha”, o Ministério Público, a Câmara de Vereadores e o Município de Porto Velho. “Os órgãos públicos deveriam ser mais incisivos na busca pelo fim dessa confusão que se tornou essa situação. Os estudantes já perderam um ano letivo inteiro e podem perder mais um, já que não há esforços por parte do Ministério Público para resolver isso”, desabafou Torres.
“Diante do atual cenário, onde vimos a repercussão da falta de transportes para em nível nacional, Porto Velho ganhou espaço negativo na mídia novamente”, comenta Henrique Holanda, professor de jiu jitsu da Academia Curumim. Ele relembra que no último mês de abril, o secretário de educação, Marcio Félix, apareceu na mídia dizendo que o problema já ia ser resolvido com o novo contrato de uma empresa que iria apresentar uma nova frota de ônibus e pequenas embarcações para atender as crianças do baixo madeira também. “Mas isso não aconteceu, e nós já estamos indo para setembro e nada de ação decisiva do MP para levar os estudantes de volta para a sala de aula”, completou o professor.
“O que nós vemos aqui em Porto Velho é o contrário do resto do país. Enquanto no Nordeste faltam salas de aula e professores, aqui nós temos salas e escolas vazias por falta de transporte escolar na zona mais afastada do ambiente urbano, justamente por falta de organização dos poderes públicos, mas nós vamos cobrar e fazer barulho até as aulas voltarem”, ressaltou o professor de jiu jitsu.
O PROJETO SOCIAL CURUMIM GUARANI ATENDE UMA ESCOLA NA ZONA LESTE E O BAIRRO NACIONAL
A Associação Curumim Guarani executa um projeto social na comunidade do bairro Nacional e nos últimos cinco anos, já atendeu mais de 600 crianças com a iniciação da prática esportiva e recreativa. “Estamos indignados com essa situação, onde muitas crianças tem o seu futuro comprometido por falta de planejamento e organização dos poderes públicos. O que será desse jovem que hoje não tem o seu direito de estudar sendo praticado? ”, indagou José Torres, fechando a reportagem.
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