Cristovam critica declarações de Bolsonaro sobre política externa do próximo governo
O senador lembrou que Brasil e Argentina transformaram relações tensas em fraternas graças ao trabalho dos ex-presidentes Raul Alfonsín e José Sarney.
Para Cristovam, diferente do que disse Bolsonaro, Itamaraty não está "ideologizado" Jane de Araújo/Agência Senado
O senador Cristovam Buarque (PPS_DF) disse que, apesar de ser cedo ainda, está preocupado com a possível política externa do futuro governo, após declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e de pessoas próximas a ele.
Ele citou a declaração, feita por Paulo Guedes, cotado para ser ministro da Fazenda, de que a Argentina não seria prioridade para o próximo governo.
O senador lembrou que Brasil e Argentina transformaram relações tensas em fraternas graças ao trabalho dos ex-presidentes Raul Alfonsín e José Sarney.
Também preocupa Cristovam Buarque o governo anunciar a possibilidade de revisão das relações do Brasil com a China. Na opinião dele, esse tipo de ação, se implementada, deve ocorrer pelo o que ele chamou de ‘canais discretos da diplomacia’ e não de forma explícita.
O senador questionou ainda a possibilidade de retrocesso das relações do Brasil com os países árabes, depois que Bolsonaro afirmou que vai transferir de Tel Aviv para Jerusalém a sede da Embaixada do Brasil em Israel.
Na opinião de Cristovam, essa decisão, além de equivocada, por colocar em risco um trabalho de anos da diplomacia brasileira, pode parecer uma submissão do Brasil ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, responsável pela política internacional norte americana, ao lembrar que decisão semelhante já foi tomada pelo país da América do Norte.
Por fim, o senador disse ser contrário a qualquer tipo de ação do Brasil na Venezuela e questionou a afirmação de Bolsonaro de que vai desideologizar o Itamaraty, uma das instituições mais sólidas do país, na opinião de Cristovam.
— O Itamaraty, hoje, onde está ideologizando?Oonde está colocando o interesse ideológico na frente dos interesses nacionais? Na relação com a China? Na crítica ferrenha à Venezuela? Na falta até de relações com Cuba? Não temos embaixador lá e eles não têm embaixador aqui. Onde está essa ideologização? Eu creio que Bolsonaro, sim, está começando a demonstrar que quer ideologizar a política externa.
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