Deputados percorrem área da Reserva Rio Madeira B, onde moradores estão sendo despejados

Os parlamentares visitaram alguns lotes na primeira linha da Reserva, onde barracos e até casas foram derrubadas pela ação da secretaria.

Eranildo Costa Luna Foto: Marisvaldo José
Publicada em 10 de agosto de 2017 às 15:30
Deputados percorrem área da Reserva Rio Madeira B, onde moradores estão sendo despejados

O presidente da Assembleia Legislativa, Maurão de Carvalho (PMDB) e o deputado Jesuíno Boabaid (PMN), percorreram nesta quarta-feira (09) a região da Reserva Estadual de Rendimento Sustentável do Rio Madeira “B”, onde moradores estão sendo despejados em uma ação da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam).

Os parlamentares visitaram alguns lotes na primeira linha da Reserva, onde barracos e até casas foram derrubadas pela ação da secretaria. Eles ouviram relatos de moradores que reclamam da forma como estão sendo tratados e da falta de diálogo com o Governo.

"O que motivou a nossa vinda aqui foi, principalmente, a informação de que uma casa onde residia uma família, que há anos mora no lote, foi derrubada. Isso ocorreu depois de a Sedam ter anunciado que não iria mais derrubar casa de ninguém que morasse no lote", relatou Maurão.

Boabaid informou que houve esse compromisso de suspender a derrubada de casas onde moram famílias, que seriam cadastradas. "A promessa era de que não iriam mais derrubar as casas. Mas, a barreira policial e a demolição dos barracos de lonas e outras construções improvisadas, de quem não mora no local, seriam continuadas", explicou.

Choro e revolta

Gilson Gonzaga lamenta que ficou um ano construindo a casa, parte de alvenaria e a outra de madeira, para ser derrubada, sem sequer ter sido notificado. Ele foi ainda multado em R$ 10 mil.

"Tinha acabado de terminar a construção e nem cheguei a morar. Foi tudo abaixo. Mais de 10 anos que luto aqui dentro e todos os meus recursos estão aqui. Agora, não tenho mais nada e me sinto injustiçado e perdido, sem saber o que fazer e nem a quem recorrer", disse, emocionado.

A esposa, Maria da Conceição, lembra das dificuldades para abrirem as picadas e formarem o pequeno lote, onde plantam café, mandioca, cacau e banana.

"Tanta luta, para acabar assim. Não somos bandidos, somos trabalhadores e queremos nosso direito de plantar e colher. Aqui só tem sapé, não tem mata. Não é mais reserva. Além de derrubar a casa, ainda levaram um motor e uma bomba de água. É desumano e revoltante", desabafou.

Maria Raimunda, de 52 anos, mora na linha há cinco anos, com o marido, Raimundo de Brito, de 65. Ela conta que moravam numa casa de madeira e cultivavam no pequeno lote, para sobreviver. "Ninguém aqui é rico, ninguém aqui tem renda. Eu e meu marido vivíamos de plantar e colher. E agora, vamos ficar no meio do nada?", questiona.

Os deputados se comprometeram a continuar buscando o diálogo, mas ressaltaram que é preciso cumprir a lei e verificar caso a caso. "Se estamos em uma reserva, é preciso seguir as normas. Mas, tem pessoas que estão na região desde antes da sua criação e possuem inclusive títulos do Incra. É preciso ver caso a caso e não cometer injustiça com quem trabalha", finalizou Maurão.

Comentários

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    helio 10/08/2017

    quero saber pra que tanta terra pra reserva, com tanta gente precisando de um pedaço pra trabalhar .vejo também pouco esfosso desses deputados pra fazer alguma coisa por nos,que precisamos de um pedaço de terrra,mas as eleições estão povo vamos abrir o olho e ver é por nós

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