Diálogos do celular de Mauro Cid colocam Bolsonaro no comando do golpe
"Bolsonaro era o chefe do golpe", atesta Alex Solnik
Mauro Cid (à esq.) e Jair Bolsonaro. Foto: Reuters
Não há mais dúvida que a operação de hoje da Polícia Federal deriva das provas colhidas no celular do então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Um dos trechos mais comprometedores encontrados no celular descreve diálogo entre Bolsonaro e o general Estevam Theofilo em reunião de dezembro de 2022 no Palácio do Planalto.
O general coloca à disposição de Bolsonaro os boinas-pretas do Comando de Operações Terrestres, em Goiânia, que seriam encarregados de prender Alexandre de Moraes, mas impõe uma condição: exige que Bolsonaro assine a minuta do golpe.
E Bolsonaro não assina.
Aí se evidencia que Bolsonaro era o chefe do golpe, era a ele que se dirigia o general da ativa disposto à aventura golpista. E cabia a ele assinar ou não a minuta.
Ao não assiná-la, Bolsonaro não se exime da tentativa de golpe, ao contrário, produz prova contra si próprio.
Em outro trecho, o general Augusto Heleno, em reunião de 5 de julho de 2022, ordena que o diretor-adjunto da Abin infiltre agentes nas campanhas eleitorais “para assegurar a vitória de Bolsonaro”.
Heleno também afirma que “se tiver que virar a mesa, tem que ser antes das eleições” e prevê que “será necessário agir contra determinadas instituições e pessoas”.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
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