Eleição no Sindicato dos policiais penais é marcada por disputa política
Com quatro chapas concorrentes, esse processo eleitoral no Singeperon deve ficar marcado como a disputa mais acirrada da história da entidade
Pelo menos dois deputados, cinco vereadores e vários pré-candidatos a deputado estadual estão envolvidos direta ou indiretamente na eleição do Sindicato dos Policiais Penais e Agentes de Segurança Socioeducativo de Rondônia (Singeperon), que está acontecendo nesta terça-feira (05).
Com quatro chapas concorrentes, esse processo eleitoral no Singeperon deve ficar marcado como a disputa mais acirrada da história da entidade. A chapa-1, encabeçada por Daihane Gomes, que tenta a reeleição, é apoiada pelo deputado estadual Jair Montes (AVANTE), com pré-candidatura à reeleição confirmada. Jair já vem investindo há algum tempo nesse público.
A chapa-2 tem como presidente Clebes Dias, que foi candidato a prefeito de Ariquemes pelo PT em 2020. Ele conta com apoio do Deputado Anderson Pereira (PROS) e do vereador de Porto Velho Edevaldo Neves (PROS), que deve vir candidato a deputado estadual com a confirmação de Anderson como pré-candidato à deputado federal.
Já a chapa-3, com Francilei Souza e a vereadora de Costa Marques Meire Oliveira como vice, tem o apoio velado do governo do Estado, através do homem de confiança de Marcos Rocha, Jobson Bandeira, que é policial penal de carreira e estava como titular da Sejucel até se descompatibilizar do cargo para lançar a pré-candidatura a deputado estadual.
Por fim, a chapa-4, encabeçada por Ledvaldo Santos, vem na contramão, se apresentando como “a única independente de grupo político”, e argumentando que essa condição habilitaria a ter trânsito entre todos os poderes e parlamentares. Para se sustentar com esse posicionamento, o preço que a chapa paga é a realização de uma campanha com poucos recursos para se avolumar nos 21 municípios que têm a presença de filiados votantes. A chapa-4 seria a zebra da vez, o peixe pequeno contra os tubarões.
FORÇA ELEITOREIRA
Com 2.200 filiados aptos a votar, o Singeperon passa longe de ser um dos maiores redutos eleitorais do movimento sindical rondoniense - o maior é o do Sintero, com mais de 26 mil filiados – no entanto, o Singeperon vive a maior efervescência política.
Enquanto Sintero e Sindsaúde, por exemplo, têm encontrado dificuldade para inserir representante da classe na arena política, mesmo com uma base abrangente e numericamente expressiva, o Singeperon elegeu seu então-presidente Anderson Pereira a deputado estadual na primeira vez que ele disputou cargo político. Anderson foi reeleito e segue no mandato.
E as eleições de 2020 foram uma explosão! Com o significativo número de policiais penais que conquistaram cadeira de vereador ou ficaram bem posicionados na suplência. Foram eleitos 1 vereador em Porto Velho (Edevaldo Neves-PROS) e 2 em Guajará-Mirim (Romerito Pereira- Republicanos e Rivan Eguez-PV).
As demais conquista de vaga de vereador foram em Ji-Paraná, com Beto Wosniach (PDT); Alta Floresta, com Natã Soares (PSB); Costa Marques, com Meire Oliveira (Solidariedade), Presidente Médici, com Alessandro Martins (MDB), e em Candeias do Jamari, com a reeleição de Marcos da Hora (Avante). Já no Município de Santa Luzia, o policial Penal Uesnei da Silva “Ney” (Democratas) foi eleito vice-prefeito.
ESPERANÇA FRUSTRADA
No dia 10 de janeiro de 2017, Anderson Pereira, que estava como presidente do Singeperon, tomava posse na Assembleia Legislativa. Ele era o suplente da deputada Lúcia Tereza, assumindo a vaga após a lamentável morte da parlamentar. Anderson era do PV, e tinha conquistado 9.015 votos, ocupando a primeira suplência da coligação.
O mandato do policial penal que se ascendeu nas lutas da classe por valorização salarial e melhores condições de trabalho, fez raiar a esperança de uma era vitoriosa, com a conquista do maior anseio: a aprovação do PCCR dos policiais penais e agentes de segurança socioeducativos. Mas, até hoje o plano não foi implantado.
Os agentes penitenciários foram transformados em policiais penais no final de 2019. O status não mudou a realidade de uma classe com uma carreira desestruturada e salários desvalorizados. O deputado da classe até tentou! Mas não foi suficiente.
Nesse processo eleitoral, num sindicato que há mais de três décadas vem travando lutas pela classe, ainda dá tempo para refletir sobre união, como o caminho para unificação de uma base desfragmentada ao longo dos anos. Grupos políticos se instauraram, com a participação também de pessoas que não fazem parte da carreira prisional. A classe se dividiu, formando dois, três, quatro polos. O interesse comum e a coletividade deram lugar aos interesses pessoais e à autopromoção. O risco eminente é do sindicato se tornar mero trampolim para quem quer alçar voo na política.
Ainda dá tempo para identificar o melhor caminho. Penso que esse melhor caminho passa pela união da classe. Afinal, o sindicato é vocês! Unidos serão muito mais fortes do que a voz isolada de um político no parlamento.
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