Eleito pela Lava Jato, Bolsonaro organiza o funeral da Lava Jato

Resultado do ambiente de ódio implantado no Brasil pela Lava Jato, Bolsonaro já enquadrou a PF e aparelhou o MP

Leonardo Attuch
Publicada em 06 de setembro de 2019 às 12:49
Eleito pela Lava Jato, Bolsonaro organiza o funeral da Lava Jato

Ninguém em sã consciência questiona o fato de que Jair Bolsonaro só é presidente da República em razão da Operação Lava Jato. Não fosse a destruição econômica, a criminalização da política e, evidentemente, a prisão do ex-presidente Lula, o capitão reformado jamais teria se viabilizado na disputa presidencial de 2018.

O ataque ao setor de engenharia e à cadeia produtiva de óleo e gás, que deixou um rastro de milhões de desempregados, criou as condições materiais para o desconforto que fomentou o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. O ataque indiscriminado ao sistema político reforçou a percepção de que todos os políticos são ladrões e que apenas alguém "de fora do sistema" seria capaz de moralizar o Brasil. Fora isso, operações seletivas foram feitas até a véspera das eleições para minar a competitividade de Fernando Haddad, do PT, como já foi demonstrado pela Vaza Jato. De mais a mais, a preferência dos procuradores de Curitiba por Bolsonaro já é um fato público e notório.

O que a turma de Curitiba imaginava era que um eventual governo Haddad usaria os instrumentos do poder para "minar a operação" e libertar o ex-presidente Lula. Um tremendo erro de cálculo. Haddad seria cercado pela mídia corporativa e pressionado a manter sempre uma "postura republicana" diante do aparelho repressivo do Estado. Bolsonaro, que entrega ao capital sua agenda econômica, tem conseguido para desmoralizar a Lava Jato e, efetivamente, "estancar a sangria".

O episódio mais recente foi a escolha de Augusto Aras como novo procurador-geral da República. Bolsonaro quebrou a tradição, aberta pelos governos petistas, de escolher o mais votado pela lista tríplice dos procuradores. Em suas manifestações recentes, Aras questiona a espetacularização das ações do Ministério Público e a destruição econômica causada pela Lava Jato – tendo acertado nos dois casos. Fora isso, Bolsonaro também enterrou o "republicanismo" na intervenção que fez na superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. E seu ministro Sergio Moro está tão escanteado que já foi aconselhado a se demitir até pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 

É um desfeho tão irônico que nada melhor do que o tweet do colega Rodrigo Vianna para encerrar este artigo:

Lula e Dilma deram poder ao @MPF_PGR , respeitaram lista tríplice, jamais intervieram em investigação.
O MPF então abusou do poder, esculhambou a República e ajudou a eleger Bolsonaro - que deu uma banana para os procuradores e rasgou regras.
Os Intocáveis?
Não.
Os Idiotas! pic.twitter.com/SkwBcOlzuh

— rodrigo vianna (@rvianna) 5 de setembro de 2019

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*Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste

Comentários

  • 1
    image
    yury 07/09/2019

    Um tremendo erro de cálculo. Haddad seria cercado pela mídia corporativa e pressionado a manter sempre uma "postura republicana" diante do aparelho repressivo do Estado(prevê o futuro agora?), na cartilha do PT estava toda a linha para ser desenvolvida de limitação da liberdade de expressão nas redes sociais. Bolsonaro quebrou a tradição, aberta pelos governos petistas, de escolher o mais votado pela lista tríplice dos procuradores.(que bom que vc pelos fala que e uma tradição. ou seja, não tem lei para isso e se foi criado pelo PT já sabe boa coisa não e. aparelhamento estatal sempre será de inteira desconfiança. aconselhado a se demitir até pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. ( moro 25% das taxas de diminuição de homicídios se deve a gestão da pasta dele).. cada lida nesse texto e uma risada ...O Brasil de antes estava uma beleza não era? camaradas sempre serão levados por outros camaradas..lol

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