Em 20 anos, eleitorado do PT em São Paulo foi de 34% para 16%

Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, destaca que, em 2000, o PT obteve 34% dos votos na eleição municipal de São Paulo. Em 2016, reforça o colunista, o partido conseguiu 16%. Sobre 2020, o jornalista faz um alerta: o candidato Jilmar Tatto (PT) "tem a menor preferência entre os simpatizantes do PT e o candidato de Bolsonaro, o maior"

ALEX SOLNIK
Publicada em 26 de setembro de 2020 às 22:17

Lula cumprimenta Jilmar Tatto (Foto: Ricardo Stuckert)

No ano 2000, Marta Suplicy (PT) ficou em primeiro lugar no primeiro turno das eleições à prefeitura de São Paulo, com 34%. E se elegeu no segundo.

Em 2004, a então prefeita, candidata à reeleição, teve 35% no primeiro turno, ficou em segundo lugar, mas no segundo turno perdeu para José Serra.

Em 2008, concorrendo de novo, Marta ficou com 32%, tirou segundo lugar de novo e novamente perdeu no segundo turno, dessa vez para Gilberto Kassab, o vice de Serra.

Foram duas derrotas seguidas do PT, mas o eleitorado petista superava os 30%.

Em 2012, Fernando Haddad (PT) recebeu 28% dos votos a prefeito de São Paulo no primeiro turno, ficou em segundo lugar, mas no segundo turno virou sobre Serra.

Em 2016, tentando a reeleição, Haddad chegou a 16%, perdendo no primeiro turno para João Doria.

De lá para cá, nas duas eleições seguintes, realizadas em 2018, o PT repetiu a marca dos 16% em São Paulo, com Haddad a presidente da República e Luiz Marinho a governador.

Desde 2016, a direita é majoritária na cidade: tanto Doria, em 2016, quanto Bolsonaro, em 2018, obtiveram 53% no primeiro turno.

Em 2018, a pontuação de Doria, na disputa pelo governo estadual, caiu pela metade: 26%.

A de Bolsonaro também deve ter caído dramaticamente, mas não é possível avaliar quanto.

De qualquer modo, Celso Russomanno (Republicanos), que se apresenta como candidato de Bolsonaro (embora não seja correspondido com a mesma intensidade), e que surge liderando a disputa no Datafolha divulgado hoje, com 29%, não é cavalo paraguaio, como dizem alguns, levando-se em conta que assim se costuma denominar o puro-sangue que, no turfe, larga na frente e cruza a linha de chegada em último.

Quando largou na frente, em duas disputas a prefeito de São Paulo, Russomanno cruzou a linha de chegada em terceiro, tanto em 2012, com 21%, quanto em 2016, com 13%.

No mesmo Datafolha, o candidato oficial do PT, Jilmar Tatto, marca 2% e o extra-oficial, Guilherme Boulos (PSOL), tem 9%.

A soma dá 11%.

E onde estão os outros 5% se o PT tinha 16% até 2018?

A pesquisa mostra que os simpatizantes do PT não votam somente no PT, dividem-se entre três candidatos: Tatto (6%), Boulos (16%) e Russomanno (32%).

Acredite se quiser: o candidato oficial do PT tem a menor preferência entre os simpatizantes do PT e o candidato de Bolsonaro, a maior.

Nenhuma pesquisa prevê o que vai acontecer no dia da eleição; apenas revela a intenção do eleitor no dia em que ela foi feita.

As pessoas mudam de opinião.

Mas que o horizonte é preocupante, é.

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

Comentários

    Seja o primeiro a comentar

Envie seu Comentário

 
NetBet

Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook

No mentiral da ONU, Bolsonaro revela o novo bordão da extrema direita, a cristofobia

No mentiral da ONU, Bolsonaro revela o novo bordão da extrema direita, a cristofobia

Tereza Cruvinel, do Jornalistas pela Democracia, avalia que, ao citar o termo cristofobia na ONU, Jair Bolsonaro pretende consolidar o "apoio dos evangélicos com a narrativa de que há um movimento contra eles, contra os cristãos em geral, e que instituições como imprensa e STF tornaram-se 'cristofóbicos', afora os comunistas do PT e de todos os partidos de esquerda"

Teria o PT se transformado no Partidão?

Teria o PT se transformado no Partidão?

"Fiquei com a sensação da incompletude, de que minha fome, voracíssima fome, por um programa revolucionário, verdadeiramente transformador para as nossas desgraças tão antigas e encrostadas, ficou na vontade de comer", escreve o ex-senador Roberto Requião sobre o Plano de Reconstrução do Brasil proposto pelo PT

Lições eleitorais: o novo era velho

Lições eleitorais: o novo era velho

Jair Bolsonaro "passou a atirar naquilo que todo mundo achava ser um dos pilares de sua eleição - a Lava Jato e o combate à corrupção. Bem feito pra quem acreditou", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia. "O fato é que a nova política nunca existiu, e estamos tendo provas disso todos os dias"