Em dose dupla

Não somente Porto Velho, mas o Brasil como um todo, está precisando de um choque de segurança, dentre tantas outras coisas também prioritárias.

Valdemir Caldas
Publicada em 24 de abril de 2018 às 06:46

Porto Velho foi destaque em dose dupla na revista Vejaedição da semana passada. Na primeira reportagem, a Procuradoria Geral da República pede o enquadramento de um senador rondoniense por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O alvo da segunda matéria é a violência. Agora, além de ostentarmos o título de a capital mais porca, estamos entre as cidades mais violentas do país.

Deixemos de lado o senador, pelo menos por enquanto, pois dele já está cuidando a PGR, e voltemos nossos olhos à criminalidade que domina a outrora e pacata cidade de Porto Velho. Se, para alguns, viver já é um risco, para o morador da capital porto-velhense, a frase deixou de ser considerada força de expressão para ganhar sentido literal.

Assistimos estarrecidos a um verdadeiro e incontrolável aumento da violência e da criminalidade. Num curto espaço de tempo, vidas são imoladas no altar da criminalidade como a mesma facilidade com que se amassa um papel inútil e joga-o na lata de lixo mais próxima. Diante da incapacidade das nossas autoridades de planejar e executar uma política para tentar estancar essa sangria social, a sociedade clama por uma ação verdadeiramente decisiva contra a onda de selvageria, seja quando se manifesta de forma incidental, seja quando se expressa em sua forma organizada.

Não somente Porto Velho, mas o Brasil como um todo, está precisando de um choque de segurança, dentre tantas outras coisas também prioritárias. Enquanto isso não acontece, o andar nas ruas sem o medo de ser a próxima vitima, é com certeza o que hoje mais preocupa. Ou se coloca um freio na violência, ou o crime vai acabar com o Brasil.

Ao contrário do que muitos pensam, não adianta somente colocar a polícia nas ruas. É preciso treinar os policiais, oferecer-lhes melhores condições de trabalho e salários que atendam às suas necessidades mais prementes. Somem-se a isso uma justiça que funcione e menos desigualdade social. Pode parecer uma adição nada fácil de desenvolver, mas imprescindível para sairmos dessa enrascada.

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