Em greve, bancários em Rondônia protestam contra a truculência do Banco do Brasil em não negociar termos da reestruturação

Anunciado pela direção do banco em 11 de janeiro, o processo de reestruturação prevê a demissão de mais de cinco mil funcionários e o fechamento de 112 agências, 242 postos de atendimento e sete escritórios em todo paí

Rondineli Gonzalez - SEEB/RO
Publicada em 10 de fevereiro de 2021 às 14:45

Os bancários do Banco do Brasil em Rondônia participaram da greve de 24 horas (aprovada na assembleia geral virtual da última sexta-feira, 6/2), e protestaram, na manhã desta quarta-feira, 10/2, contra a postura intransigente da direção nacional do banco, que se nega a negociar, com os representantes sindicais, os termos da famigerada reestruturação que, já a partir de hoje, retira a gratificação de função de todos os funcionários que exercem a função de caixa. 

Anunciado pela direção do banco em 11 de janeiro, o processo de reestruturação prevê a demissão de mais de cinco mil funcionários e o fechamento de 112 agências, 242 postos de atendimento e sete escritórios em todo país.

O movimento sindical tentou dialogar com a direção nacional do BB para negociar os termos da reestruturação, mas o banco se negou. Representantes da Contraf-CUT, federações e sindicatos tiveram então que apelar para o Ministério Público do Trabalho (MPT), que está, desde a segunda-feira, mediando uma mesa de negociação entre os representantes dos trabalhadores e representantes do banco.

o Banco do Brasil não aceita retirar as condições da reestruturação e apresentar alguma proposta. Na primeira parte da reunião de ontem (9/2), o banco havia apresentado uma proposta de prorrogação de 30 dias no processo de retirada da gratificação dos caixas, mas condicionou a proposta à assinatura por todas as entidades do acordo de compensação de horas em decorrência da pandemia e do Acordo de Comissão de Conciliação Prévia (CCP), ambos já em negociação com a Contraf-CUT. O banco também exigia a retirada de ações judiciais em andamento contra o banco. A Contraf-CUT recusou a proposta e, depois disso, houve um intervalo nas negociações.

Na segunda parte da reunião de negociações da mesma terça-feira, o banco retirou até a proposta que havia feito antes e não deu prazo para que as entidades consultassem os funcionários sobre a proposta apresentada pela manhã.

Para José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), a única finalidade de mais este processo de reestruturação é enfraquecer, desmontar e diminuir o Banco do Brasil para depois vendê-lo aos rentistas “a preço de banana”, e essa intenção ficou bem clara já no ano passado, quando o ministro Paulo Guedes (que é banqueiro), falou a infausta frase ‘Temos que vender a p... do Banco do Brasil’. 

“Dos 52 municípios do Estado, apenas 27 tem agência do Banco do Brasil e o restante nem agência bancária tem. E agora, em Rondônia, o banco vai fechar agências nos municípios de Cujubin, Alta Alegre dos Parecis, Ariquemes e a agência da avenida Mamoré, na zona Leste, a maior e mais populosa região da capital Porto Velho. O cliente que vir lá da zona Leste (que não terá mais a agência da avenida Mamoré) para o Centro, buscando ser atendido por um caixa, não conseguirá, pois a partir de hoje a função de caixa deixará de existir com essa reestruturação, que já confirmou a demissão de exatos 5.533 funcionários. Com menos agências e com menos funcionários, a jornada do trabalhador será precarizada e o atendimento ao público será ainda mais comprometido”, detalhou o dirigente.

Cleiton dos Santos, diretor de Esportes do Sindicato e funcionário do BB, diz que os chamados programas de demissão “incentivada” que fazem parte da reestruturação são, na verdade, demissão na essência da palavra.

“São mais de cinco mil colegas postos para a rua, pois ninguém que faz concurso público para os bancos tem a intenção de interromper sua carreira pela metade. E a partir de hoje milhares de colegas na função de caixa terão seus salários reduzidos. E aqueles que não se mobilizaram, achando que estão a salvo, logo serão os próximos a serem massacrados pela sanha deste governo em extinguir postos de trabalho e diminuir este banco tão importante para a sociedade em geral para depois privatizá-lo. Não podemos nos acovardar. Precisamos defender o Banco do Brasil e seus funcionários, principalmente num momento de tamanha crise e de ataques sucessivos e incessantes às empresas públicas, que pertencem ao povo. A privatização do Banco do Brasil trará prejuízos enormes para o funcionalismo, mas muito mais para a população”, enfatizou Cleiton.

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