Energia: bem feito os 25,34%

O que os rondonienses fizeram de tão ruim para serem castigados desta forma? Ninguém moveu “uma única palha” para evitar o desastre certo. A classe política também se fez de cega e surda diante da catástrofe que se anunciava. Mas acredito que o grupo Energisa ama Rondônia e sua gente.

Professor Nazareno*
Publicada em 13 de dezembro de 2018 às 08:32

Porto Velho, a suja, imunda, esburacada, longe, quente, esquecida, mal administrada e mal iluminada capital de Roraima, tem energia elétrica, por incrível que pareça. Tem também três grandes hidrelétricas que foram construídas em detrimento do sofrido meio ambiente local. Jirau, Santo Antônio e Samuel produzem energia boa e barata para praticamente mandar só para fora do Estado. Só que a energia que se consome aqui é de péssima qualidade. Os apagões ainda são uma constante. Para se ter uma ideia, a ponte e os viadutos ainda estão escuros. A antiga Ceron, Centrais Elétricas de Rondônia ou Eletrobras Distribuição Rondônia mal foi privatizada e já deu o ar da graça para os trouxas dos rondonienses. Um aumento acima de 25 por cento foi o presente de Natal que a nova empresa, de nome Energisa, deu para seus consumidores.

Nada neste país teve um aumento tão absurdo quanto este. Para uma inflação anual que está beirando os seis por cento, este percentual é uma piada de muito mau gosto. “E ainda foi pouco”, é o que se comenta na empresa. A Energisa afirma de mãos postas que ficará com menos de um por cento deste total. Por isso, outros aumentos virão, com certeza. Isto é apenas o começo. Fala-se em nova majoração de preços já para julho próximo. Talvez o mesmo percentual ou até mais. O que os rondonienses fizeram de tão ruim para serem castigados desta forma? A construção das hidrelétricas no rio Madeira nada trouxe de benefícios para nós. O processo de privatização dos bens públicos encampado pelos partidos PSDB e PSL do presidente Bolsonaro entregará à iniciativa privada todos os bens públicos. Os políticos sabem: nada vão fazer por nós.

Tudo será privatizado, infelizmente. Eles pregam o Estado mínimo e para isso não estão preocupados com demissões em massa nessas empresas e muito menos com os pobres. “Não podem pagar pela energia que consomem, que comprem lamparinas e porongas”, deve ser o pensamento dessa gente. Porém, muitos rondonienses merecem mais esta desgraça. Muitos tripudiavam dos coitados dos funcionários da Ceron quando estes denunciavam em greves o que estaria por vir depois da privatização. Ninguém moveu “uma única palha” para evitar o desastre certo. A classe política também se fez de cega e surda diante da catástrofe que se anunciava. Mas acredito que o grupo Energisa ama Rondônia e sua gente. Desconfio até que os donos desta empresa mineira são “rondonienses de coração” e por isso vão manter todas as compensações sociais.

A grande ironia de tudo isso é que Rondônia hoje produz grande parte da energia para abastecer o resto do país enquanto por aqui vamos pagar uma das mais altas taxas pelo produto. Qual foi o governo que deu este presente de Natal para a Energisa? Foi o Michel Temer? Já ouvi muitos dizerem que foi a Dilma Rousseff e o PT os maiores responsáveis por este verdadeiro assalto, quase três anos depois, aos 641 mil consumidores rondonienses. De um modo geral, o povo daqui tem culpa, pois sempre trabalhou para entregar tudo a quem é de fora. “Tem que privatizar esta empresa”, bradava-se de forma arrogante. E o resultado está aí para todos verem e pagarem. E outras privatizações acontecerão. Bolsonaro recebeu um “cheque em branco” dos otários dos brasileiros para continuar com a sua saga de privatizar.  Mas o presidente da Energisa disse que vai tornar a empresa rentável, saudável e equilibrada. A nossa custa.

*É Professor em Porto Velho. 

Comentários

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    ekeus 14/12/2018

    ainda e estatal. nao foi a energisa NOTA DA REDAÇÃO (Matéria publicada no site da empresa Energisa em 31/10/2018) GRUPO ENERGISA ASSUME A DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA EM RONDÔNIA Publicada em: 31/10/2018Categoria: Grupo Energisa O Grupo Energisa assumiu ontem (30/10) o controle da Eletrobras Distribuição Rondônia (antiga CERON - Centrais Elétricas de Rondônia), adquirida em leilão realizado pelo BNDES, na B3, em agosto deste ano. Com a aquisição da concessionária, a Energisa, que já atende a 6,7 milhões de clientes em todo o Brasil, passa a atender mais 633 mil clientes, em 52 municípios do estado e em uma área de 238 mil km². O novo diretor-presidente da empresa, André Theobald, explica que as prioridades serão a retomada da sustentabilidade da concessão, a melhoria da qualidade dos serviços, o atendimento às regiões ainda não plenamente atendidas, a redução do furto de energia e a modicidade tarifária. "A situação da CERON hoje é muito crítica, e os riscos para o atendimento aos clientes são reais. A energia elétrica é um bem essencial na vida das pessoas e, por isso, a nossa prioridade inicial é assegurar a continuidade dos serviços a toda população de Rondônia. O objetivo do nosso trabalho será entregar uma energia segura e de qualidade ao estado e colocar a distribuidora entre as melhores do país. Dessa forma, confiamos que iremos contribuir para o desenvolvimento econômico e social do estado, a exemplo do que já fazemos em outras regiões do país onde atuamos", afirma André. Em 2019, a Energisa planeja investir no estado, aproximadamente, R$ 470 milhões, visando a melhoria da qualidade dos serviços e do atendimento para os consumidores e a expansão do sistema elétrico. Esse montante é mais que o dobro do investido pela CERON em 2017 e quase o triplo dos anos anteriores. Os aportes incluem, por exemplo, a expansão do sistema de distribuição para as regiões atendidas pelo sistema isolado, a ampliação e modernização dos sistemas, a construção de novas subestações, a capacitação de equipes, a ampliação do atendimento e da logística na região e a melhoria dos canais de atendimento ao cliente. "A CERON ocupa hoje a 59ª posição no ranking de qualidade da agência reguladora, entre 62 empresas. Uma das razões que levou a essa situação foi o baixo investimento na empresa nos últimos anos, o que comprometeu, de forma significativa, a qualidade dos serviços e a expansão do sistema elétrico. Os investimentos que faremos irão recuperar a capacidade da empresa de atender aos clientes com eficiência e qualidade. Para isso, daremos prioridade ao trabalho realizado, diariamente, pelas equipes que ficam na linha de frente dos serviços em campo, nas ruas, atendendo às ocorrências. Daremos todas as condições e equipamentos necessários, inclusive com novas tecnologias e soluções, para que eles desenvolvam o melhor trabalho. Investiremos em inovações que irão otimizar e modernizar o dia a dia de atendimento destas equipes, com impacto direto na satisfação dos clientes", prevê o executivo. Para melhorar a saúde financeira da concessionária e regularizar dívidas, a Energisa já aportou cerca de R$ 254 milhões na distribuidora de Rondônia, num aumento de capital que poderá alcançar R$282 milhões, caso empregados optem por participar dessa capitalização. Também serão adiantados recursos, pela holding do Grupo Energisa, de até R$1,2 bilhão para pagamento de dívidas com fornecedores, principalmente referente à compra de energia pendente na CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) desde setembro de 2016. A CERON, nos últimos três anos, acumulou R$ 4,1 bilhões em prejuízos (posição em junho de 2018) e possui uma dívida, após capitalização realizada pela Eletrobras, prevista no processo de privatização, de R$ 2 bilhões, incluindo fornecedores. Segundo o novo diretor-presidente da CERON, os investimentos e aportes financeiros permitirão uma série de mudanças que irão recuperar a saúde financeira e operacional da distribuidora, a exemplo do que foi feito com concessionárias adquiridas pelo Grupo Energisa nos últimos anos, tanto em processos de privatização como de recuperação judicial, como as concessões de Mato Grosso e do Tocantins. Em três anos, elas se tornaram as melhores de suas regiões, deixando para trás um histórico de constantes problemas. "A Energisa tem uma grande capacidade de transformar e recuperar empresas em estado crítico e torná-las eficientes e lucrativas, entre as melhores do país. Esse é um dos motivos que torna o Grupo um dos mais bem avaliados no setor de distribuição de energia do Brasil. Queremos replicar, na CERON, nosso modelo de operação e gestão, que acreditamos ser muito bem-sucedido. Nossa experiência certamente será fundamental para reverter a situação da distribuidora e transformá-la em uma empresa rentável, saudável e equilibrada, oferecendo um bom serviço aos clientes", afirma André. Ele acrescenta ainda que um dos principais objetivos será melhorar, no menor prazo possível, os canais de relacionamento e atendimento ao cliente, implantando novas soluções e investindo na capacitação das equipes que realizam este trabalho, porém, sem impactar o dia a dia do consumidor. "Os clientes podem ficar tranquilos, pois planejamos aprimorar os canais de atendimento e facilitar processos, mas sem alterar a rotina, como pagamento de contas e serviços de agência e tele atendimento. Nosso objetivo é implementar tecnologias e serviços que irão facilitar o relacionamento dos clientes com a empresa, a exemplo do que já é feito nas outras distribuidoras do Grupo", conclui. Theobald destaca ainda que todas as melhorias feitas pela Energisa nos próximos anos serão fundamentais para acompanhar o crescimento econômico de Rondônia, que deve ficar acima da média nacional em 2017. "Há muito potencial de crescimento de consumo de energia no estado, acompanhado de uma grande demanda reprimida causada pela falta de investimento nos últimos anos. Com os aportes financeiros que faremos, novas cargas deverão ser ligadas no médio prazo, eliminando os gargalos na rede de distribuição e os sistemas isolados que existem em Rondônia. Nosso planejamento até 2020 prevê retirar do sistema isolado 17 usinas, interligando-as com o restante do estado por meio de linhas de transmissão. Tudo isso ajudará a impulsionar o desenvolvimento da região", explica Theobald. A distribuidora de energia de Rondônia se soma, agora, às nove distribuidoras do Grupo em todo o Brasil — Energisa Minas Gerais, Energisa Paraíba, Energisa Borborema, Energisa Sergipe, Energisa Nova Friburgo, Energisa Sul-Sudeste, Energisa Tocantins, Energisa Mato Grosso e Energisa Mato Grosso do Sul —, além da distribuidora de energia do Acre, adquirida no mesmo leilão. A operação consolida a Energisa, a mais antiga companhia do setor de distribuição de energia no país, com 113 anos, como a 5ª em número de clientes. As distribuidoras do Grupo Energisa são referência nacional em qualidade dos serviços e do atendimento aos clientes, acumulando premiações e bons indicadores operacionais graças a pesados investimentos em diferentes frentes, como inovação, capacitação de pessoas e melhorias operacionais contínuas. Este ano, as empresas do Grupo ganharam nove prêmios Abradee, um dos mais importantes do setor elétrico, inclusive o de melhor distribuidora do Brasil, na categoria de empresas com mais de 500 mil clientes, vencida pela Energisa Sul-Sudeste, a melhor do Nordeste, com a Energisa Paraíba, e a melhor do Centro-Oeste, com a Energisa Mato Grosso. Já na categoria de até 500 mil clientes saíram vencedoras as concessionárias Energisa Minas Gerais, Nova Friburgo e Borborema. O Grupo Energisa também conquistou este ano o selo Great Place to Work (GPTW) em todas as suas empresas, o que significa que os colaboradores da Energisa têm alto índice de confiança e satisfação na empresa. O certificado é conferido às empresas com notas superiores a 70% na pesquisa. Como ficará o Grupo Energisa após a aquisição: 10 concessões de distribuição, em 840 municípios, em todas as regiões do país; 1.868 mil km² de área de concessão de distribuição; 22% do território nacional; 671 subestações; 19.202 km de linhas de transmissão; 580.343 km de linhas de distribuição 7,3 milhões de unidades consumidoras atendidas; Mercado de 32.641 GWh (ante 29.605 GWh); R$ 13,4 bilhões em receita líquida; Combate ao furto Uma das prioridades da Energisa no estado será a redução das perdas de energia. Na distribuidora de Rondônia, 28,3% da energia é perdida, somando furtos e as perdas técnicas – que ocorrem durante a passagem da energia pela rede elétrica até chegar à casa do cliente. A CERON está entre as empresas com maior índice de perdas elétricas do pais. "É fundamental lembrar que o 'gato' de energia é um crime que prejudica a todos. A população, que paga a conta do furto e ainda tem seu fornecimento de energia prejudicado, o estado, que perde milhões em arrecadação de impostos, e a empresa, que perde receita e tem seus investimentos na melhoria dos serviços afetados. Por isso, em todos os estados onde atuamos, essa é uma prioridade e somos muito eficientes em combater o furto com tecnologia e ações coordenadas e inteligentes", reforça o executivo. As distribuidoras do Grupo Energisa são referência no combate às perdas no setor e o objetivo é replicar na empresa de Rondônia iniciativas que deram certo em outros estados. No consolidado de todas as nove empresas do Grupo Energisa, o índice de perdas totais, anualizada, é de 11,86% (dado de junho de 2018). Qualidade Na concessão de Rondônia, há um grande potencial para a melhoria dos indicadores de qualidade. Tanto o DEC (duração das interrupções de energia) quanto o FEC (quantidade de interrupções de energia) estão bem acima dos limites regulatórios da agência reguladora, o que traz impactos diretos para a qualidade do fornecimento de energia à população. "A experiência do Grupo Energisa prova ser possível realizar essas mudanças. Ao adquirir o Grupo Rede, em 2014, as empresas apresentavam níveis de qualidade críticos e bem acima das metas regulatórias previstas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ainda assim, de abril de 2014 a junho de 2018, houve reduções significativas desses indicadores, com destaque para o FEC da Energisa Mato Grosso (reduziu em 50%) e o DEC da Energisa Tocantins (reduziu em 36%). A perspectiva da empresa é replicar o mesmo modelo de sucesso na concessão de Rondônia", explica André. Novo comando Aos 49 anos, o engenheiro eletricista André Theobald tem 26 anos de experiência no setor elétrico e, há nove anos, ocupa postos de liderança na Energisa. Foi diretor Comercial e depois diretor-presidente na Energisa Paraíba e na Energisa Borborema (PB) por mais de quatro anos. Juntas, as distribuidoras atendem a 1,6 milhão de clientes. Durante a sua gestão, essas empresas alcançaram reconhecimentos regionais e nacionais, como os prêmios de melhor distribuidora do Brasil e melhor do Nordeste da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), além de ter alcançado o selo Great Place to Work (GPTW). Junto com Theobald, Fabrício Sampaio Medeiros, 39, assumirá o posto de Diretor Técnico Comercial. Natural de Porto Velho, o engenheiro elétrico tem 14 anos de experiência no setor, com passagens pela Coelce e EDP Bandeirante. Na Energisa há 4 anos, atuou como gerente de Gestão Estratégica, gerente de Combate a Perdas e gerente de Operações. Por sua experiência e conhecimento do estado de Rondônia, Luiz Marcelo Reis de Carvalho, 50, será a indicação para a recém-criada Diretoria de Relações Institucionais da unidade. Ele é engenheiro elétrico com pós-graduação/MBA em Gestão e Planejamento Estratégico na USP. Profissional com 25 anos de experiência no setor, fez carreira nas áreas técnica e comercial. Na distribuidora de Rondônia desde 1994, estava, nos últimos quatro anos, como presidente da unidade.

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    nazareno gado 13/12/2018

    O que a privatização tem a ver com esse aumento ? O que aumentou foi o custo de geração de energia e esta ainda é estatal, e quem autoriza aumento ou não é a Aneel e esta tbm é estatal. O que tem que mudar é esse uso que se faz de termoelétricas, que é a energia mais cara de se produzir, por isso do aumento. Não fale asneiras, o senhor já passou da hora de se aposentar. Forte abraços.

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    Ricardis Araujo Vieira 13/12/2018

    Favor corrigir Está escrito: "Porto Velho, ........capital de Roraima

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    NORDMAN CASTRO GUIMARAES 13/12/2018

    "Professor" O senhor, d e f i n i t i v a m e n t e! Não tem noção do que escreve. Não desista.

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    Rondineli Gonzalez 13/12/2018

    Nem acredito que vou dizer isso mas... dessa vez eu tenho que concordar com o professor Lazarento!

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    Vera 13/12/2018

    Cadê os políticos, os defensores do Procon em Rondônia, onde estão?

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