Enquanto as autoridades discutem o sexo dos anjos, a população padece nas mãos de bandidos

É vergonhoso admitir, mas o que vem acontecendo em Porto Velho, nos últimos meses, em parte, é a expressão da falência da autoridade na área da segurança pública.

Valdemir Caldas
Publicada em 26 de junho de 2017 às 09:42

É vergonhoso admitir, mas o que vem acontecendo em Porto Velho, nos últimos meses, em parte, é a expressão da falência da autoridade na área da segurança pública. A situação a que chegou o setor faz de todo e qualquer cidadão uma vítima em potencial dos marginais, os quais, articulados e bem armados, sabem que são mais eficientes em relação ao que se propõe a fazer do que a capacidade do poder público de reagir.

O que vem ocorrendo na capital portovelhense já deveria ter levado o poder público a repensar urgentemente a sua forma de encarar o problema da violência, em função do muito que se tem falado sobre o tema, que não será combatido apenas pelo uso da força, nem com a construção de presídios, nem com a compra de viaturas.

Ações precisam ir além dos recursos destinados à aquisição de veículos e armamentos Elas também precisam chegar ao policial, qualificando-o e oferecendo-lhe condições salariais e de trabalho para que ele possa agir. É sandice querer exigir que a polícia faça aquilo que está muito além da sua capacidade. Mas, infelizmente, há aqueles que veem os “excessos da polícia”.

União, estado e município precisam trabalhar ações coordenadas, sobretudo no que se referem aos investimentos em educação e fomento às atividades produtivas, de modo a criar condições para que crianças e jovens possam vislumbrar a possibilidade de uma vida sadia, longe das tentações deste mundo, das chamadas “coisas fáceis”, patrocinadas pelo crime em todas as suas modalidades.

Não se tem dúvida de que a impunidade é o fator mais determinante para a proliferação da violência. A Justiça, em muitos casos, mostra lentidão na solução dos crimes, o que contribui para que o assassino em potencial aja sabendo que tem todas as possibilidades de uma absolvição ou de uma pena branda.

Enquanto as autoridades insistirem em ficar discutindo o sexo dos anjos, a população - que paga uma infinidade de impostos para ter direito à segurança pública, dentre outros serviços de competência do Estado - vai continuar padecendo barbaridades nas mãos de bandidos.

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