Enrolação sobre a restauração do quinquênio revolta
Acertando ou errando, os governantes deveriam assumir a responsabilidade pelos seus atos.
Acertando ou errando, os governantes deveriam assumir a responsabilidade pelos seus atos. É fácil cantar vitória quando as coisas saem direitinho, mas é importante ter humildade para reconhecer o fracasso, quando elas dão errado. Lamentavelmente, não tem sido essa a postura dos nossos dirigentes, em todos os níveis de poder.
Quando a situação vai bem, vem o autoelogio, a publicidade oficial estrepitosa, a endeusar o inquilino palaciano como o grande benfeitor das causas sociais. Agora, quando a coisa degringola, permanece o silêncio, seguido de desculpadas esfarrapadas, que só convencem os bobos da corte, sempre de mãos estendidas a espera que lhes caía uma migalha da mesa do chefe.
Nada é mais emblemático do que a situação envolvendo a extinção do quinquênio dos servidores públicos do município de Porto Velho. Todo mundo sabe quem foi o mentor dessa maldade. Se o quinquênio não tivesse indo para o brejo e o poder público municipal tivesse pagado a inflação acumulada do ano passado ao funcionalismo, os arautos estariam cantando em prosa e versos os eventuais êxitos alcançados pelo governo.
Essa é a lógica do processo, embora a recíproca não seja verdadeira. O servidor foi duramente punido com o fim do quinquênio. Negar isso seria o mesmo que tentar tapar o sol com uma peneira. O que causa revolta, no entanto, é que ninguém tem coragem e disposição para encarar e resolver o problema, deixando a situação como está para ver como vai ficar.
Desde que o quinquênio foi para as Calendas Gregas, o que se tem ouvido é muita falação inútil. Prevalece a velha lógica da política brasileira, ou seja, quando a coisa vai bem, o mérito é de quem está no comando da nau, mas, quando a embarcação está fazendo água, poucos se dispõem a colocar a mão na massa e ajudar a fechar os buracos, preferindo vê-la ir a pique do que contrariar interesses pessoais.
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