EPOPÉIA AMAZÔNICA: Folclore, cultura e amparo nos distritos do Madeira

Cerca de mil livros escolares foram distribuídos às escolas municipais e estaduais das localidades visitadas.

Assessoria
Publicada em 01 de agosto de 2017 às 11:39

Mais de 30 pedidos de providência que beneficiam as comunidades do Baixo Madeira foram encaminhados nesta sexta-feira (28) à prefeitura de Porto Velho e secretárias. As áreas de educação, saúde, segurança, desenvolvimento regional e turismo receberam atenção do vereador Professor Aleks Palitot, a partir de visitas e entrevistas realizados ao nos distritos de Nazaré e Calama, no Baixo Madeira.

Este foi o resultado do trabalho do vereador Professor Aleks Palitot na última semana e a renovação do compromisso assumido em trabalhar também em prol da comunidade ribeirinha. Uma meta há muito estipulada pelo historiador Aleks Palitot de percorrer as principais localidades do Baixo Madeira resgatando a memória histórica, cultural e folclórica portovelhense. Um grandioso projeto que ganhou contorno com a eleição do vereador, um defensor contumaz na preservação das raízes históricas de nossa gente em outubro de 2016.

Após seis árduos e longos meses de trabalho na Câmara Municipal em que importantes vitórias em conjunto com outros vereadores como a aprovação da semana do artesanato, semana do meio ambiente e projeto de inclusão de peixe na merenda escolar, beneficiando a população ribeirinha e pescadores artesanais foram conquistadas, Palitot e sua equipe embarcaram na última sexta-feira (21) rumo ao Baixo Madeira, para conhecer a realidade das comunidades ribeirinhas e seus moradores.

Baixo Madeira

À bordo de uma embarcação tradicional da Amazônia, o barco Caçote, sob comando de Seu Edineuter Pereira de Moraes, prático com mais de vinte anos de experiência nos rios amazônicos, a viagem teve início no Porto da Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Uma equipe constituída por seis assessores foi incumbida de verificar in loco, as demandas de cada localidade.

Foram conversas e reuniões com habitantes dos vilarejos que resultaram em uma extensa lista de necessidades, que irão gerar pedidos de providência a serem encaminhados à prefeitura e respectivas secretarias, intercedendo junto ao poder público, em prol de dignidade e melhores condições de vida para as populações tradicionais do Baixo Madeira.

De acordo com Palitot, cumprindo com a promessa de campanha de olhar para as comunidades tradicionais e já iniciado um trabalho com as comunidades indígenas, agora o vereador e sua equipe foi para o Baixo Madeira para conversar com os moradores das antigas comunidades de Nazaré e Calama.

“Ainda iremos às demais localidades e este trabalho é importante porque percebemos de perto as necessidades da comunidade, as demandas, a ausência do poder público em muitos momentos e até mesmo a falta de esperança que esta omissão gera nestas comunidades que trazem em seus traços as verdadeiras raízes dos destemidos pioneiros”, afirma Palitot.

A primeira parada, o distrito de Nazaré, distante cerca de 150 quilômetros de Porto Velho e com pouco mais de quarenta famílias. Tem na produção agrícola sua fonte de renda e um vasto potencial turístico a ser explorado. “Um lugar de gente acolhedora e de uma magia única”, define a paulistana Thais Algori, administradora e uma das voluntárias do Núcleo de Apoio às Populações Ribeirinhas da Amazônia (Napra) que há 19 anos atua em comunidades do Baixo Madeira.

Em 2017, a vila comemorou nos dias 21 e 22 de julho, a 51º edição do Festival Cultural de Nazaré, evento fundado pelo professor Manoel Maciel Nunes e mantido ainda hoje por seus filhos e comunidade como uma forma de homenagear este importante pioneiro falecido há nove anos e que se dedicou em vida à preservação dos valores e costumes dos povos ribeirinhos.

Dentre as atrações do festival, destacam-se o grupo Musical Minhas Raízes, o Boi- Bumbá Curumim formado por crianças da localidade, a tradicional quadrilha de Nazaré e os grupos de dança Seringandô e Carimbó. Comidas típicas, passeios turísticos, e o campeonato distrital também fazem parte da extensa programação da festa.

A arena

A simplicidade do caboclo da floresta adornava toda a arena fazendo notória a presença harmônica da natureza nos mínimos detalhes como enfeites e ornamentações. Materiais rústicos como palhas, cipós e sementes são utilizados desde a construção do palco até a decoração das barracas.

Arqueóloga, tradutora e pesquisadora voluntária da Unir, Brena Barros, participa dos festivais de Nazaré desde 2015. Ela se diz envolvida pela energia contagiante que move os organizadores na concepção desse festival que celebra a memória e identidade ribeirinha. “Acredito que a prefeitura e o governo precisam voltar mais o olhar para as comunidades do Baixo Madeira que ainda carece de muita estrutura. Um evento como este atrai a cada edição mais público, tanto de Porto Velho como das comunidades vizinhas e esta cultura precisa ser valorizada”, afirma.

Com apenas 20 anos que a vila ganhou o status de distrito, muito ainda há por fazer, conta Mário Jorge Alves, uma das lideranças da comunidade. Ele relata que é comum a presença de representantes de vereadores na localidade, porém “não vemos nada acontecer e estamos cansados de promessas de políticos”, dispara o morador.

“Nossas dificuldades são muitas, desde água para beber que aqui só temos um poço artesiano, a escadaria que como você viu lá, para quem chega é uma dificuldade imensa subir o barranco, imagina descarregar material e a nossa passarela que em época de chuva não dá nem de vir pra cá pra essa parte sem sujar o pés na lama.

Nós tínhamos passarela, mas a enchente levou tudo e até agora ninguém se preocupou em refazer”, lamenta. “Temos muito mais necessidades mas se resolvessem apenas estas, para nós já melhoraria muito”, afirma sua companheira Maria Rosinete de Araújo, conhecida como Nete e presidente da Associação de Moradores, Produtores e Amigos de Nazaré (Ampan).

Em relação à educação o professor Raimundo Pereira Gonçalves, diretor da escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Maciel Nunes, conta que as maiores dificuldades estão relacionadas às estruturas físicas da escola que há muito tempo não recebe reformas. Ele conta ainda que não escola não há merendeira e nem vigilante.

“À pouco tempo comprei com o recurso da escola os extintores que era pra deixar ela toda legalizada, um investimento de R$ 900 e logo depois vieram e roubaram. Comprei tela, que já tá até aqui”, nos mostra apontando para o alambrado encostado em um canto do corredor, “que é pra cercar a área da escola e mais alguns materiais, mas o frete cobrado é quase o dobro do valor dos materiais e fica difícil de trazer esse material”, lastima.

A escola da vila de Nazaré atende atualmente 104 alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental. Este atendimento pode ser ampliado para acolher a demanda da comunidade que hoje tem mais 60 crianças fora da sala de aula porque a unidade não oferece o pré-escolar do ensino infantil que engloba alunos de quatro e cinco anos.

Calama

Situado na região norte do Estado de Rondônia e na área de delimitação do município de Porto Velho, o Distrito de Calama, que possui cerca de três mil moradores, segundo o senso do IBGE 2015 foi criado por intermédio do Decreto Lei Federal nº 7.470 de 17 de Abril de 1945.

Durante os ciclos da borracha desempenhou importante papel de entreposto comercial entre os seringais da região, vindo a cair no ostracismo com o término da segunda guerra. Em 46 o Bispo D. João Batista Costa e o Padre Francisco Pucci fundaram na vila sua primeira igreja dedicada à São João Batista.

Durante ação de distribuição de informativos do vereador, o casal Sebastião e Madalena Silva, reconheceram Palitot, “é o Aleks Palitot, apresentador do Trilhando a História”, se admirava a senhora de 72 anos como o jornalzinho em mãos. O vereador fez questão de conhecer pessoalmente tão simpáticos idosos e perguntar-lhes quais os principais problemas vivenciados pelos moradores do distrito.

Dentre as principais solicitações dos habitantes da vila, feitas aos assessores foram a recuperação da ponte de madeira da entrada do bairro Tancredo Neves, a manutenção das estruturas físicas da Casa de Apoio (Semusa) e medicação, devido a toda a dificuldade logística existente no frete de Porto Velho à Calama, que também é um problema a ser vencido pois “hoje há falta de medicamentos essenciais na farmácia”, lembra seu Moca, antigo morador.

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