Erros, irregularidades e omissões colocam em dúvida a vacina da AstraZeneca
Com isso, aumentam as dúvidas sobre se a eficácia aparentemente espetacular da vacina vai se confirmar após testes adicionais
A AstraZeneca admitiu que um erro crucial foi cometido na dose de vacina recebida por alguns participantes em seus estudos, segundo reportagem do The York Times. Com isso, aumentam as dúvidas sobre se a eficácia aparentemente espetacular da vacina vai se confirmar após testes adicionais.
Cientistas e especialistas do setor disseram que o erro e uma série de outras irregularidades e omissões no modo como a AstraZeneca divulgou os dados inicialmente enfraqueceram sua confiança na confiabilidade dos resultados.
"Acho que eles [a AstraZeneca] realmente prejudicaram a confiança em todo seu programa de desenvolvimento”, disse Geoffrey Porges, analista do banco de investimentos SVB Leerink.
A AstraZeneca foi a terceira empresa a anunciar bons resultados iniciais sobre a vacina contra o coronavírus. À primeira vista, na manhã de segunda-feira (23), os resultados pareciam promissores. O imunizante parecia ter eficácia de 90% ou de 62%. A eficácia mediana, disseram os criadores, era de 70%.
O programa menos eficaz envolveu duas doses completas. Em anúncio inicial, a AstraZeneca afirmou que menos de 2.800 participantes seguiram o programa com uma dose inicial menor e 8.900 participantes receberam duas doses completas.
Mas informações cruciais faltaram nos estudos. A empresa disse que a primeira análise foi baseada em 131 casos sintomáticos de coronavírus que surgiram em participantes do estudo. Não foram informados, por exemplo, quantos casos foram encontrados em cada grupo de participantes - os que receberam a dose inicial 50% menor, os que receberam a dose inicial normal e os que receberam um placebo.
A AstraZeneca também teria juntado os resultados de dois ensaios clínicos concebidos de maneira diferente realizados no Reino Unido e no Brasil.
“O release para a imprensa suscitou mais perguntas do que ofereceu respostas”, disse John Moore, professor de microbiologia e imunologia no Weill Cornell Medical College.
“Não consigo entender de onde está vindo toda a informação e como ela está sendo combinada”, disse Natalie Dean, na Universidade da Flórida, especialista em bioestatística e na criação de ensaios de vacinas.
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