Escolas sem sentido

Escolas de excelência para todos: pobres e ricos. Com isso, não haveria necessidade de cotas e certamente os serviços públicos melhorariam juntamente com toda a sociedade

Professor Nazareno*
Publicada em 07 de novembro de 2018 às 08:48
Escolas sem sentido

Ainda faltam quase dois meses para o “Estimado Líder” tomar posse na Presidência do Brasil e os seus “lambe-ovo” estão excitados para ver as muitas mudanças que ele prometeu durante a campanha eleitoral. Uma dessas é a “escola sem partido”. Acreditam que o problema das nossas escolas é o ideológico. O Brasil figura entre as dez maiores potências econômicas do mundo há mais de 50 anos e tem um dos piores sistemas de educação dentre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Não foi o PT sozinho ou qualquer outro partido ou governo que destruiu o nosso falido sistema educacional. Foram todos eles juntos. Desde a chegada de Cabral que nunca se investiu em educação de qualidade por aqui. Esse privilégio é só para poucos. Para os pobres, somente escolas velhas e podres que quase nunca ensinaram nada a ninguém.

Agora com a eleição de um candidato da extrema-direita no país, volta ao debate a função do professor e das escolas. Pura sacanagem. Só hipocrisia mesmo. Quase ninguém neste país se interessou pelo ensino e pelas escolas. Não se destrói o que sempre esteve destruído. Além do mais, a escola tem que ser a última trincheira do saber. E o projeto “escola sem partido” é um retrocesso dos mais notáveis uma vez que querem limitar ainda mais a função dos professores e das próprias escolas. Querem trocar uma ideologia por outra. Coisa de otários, de imbecis mesmo. Não tem nenhum problema se a escola tem orientação marxista ou de qualquer outra tendência político- ideológica.  A escola tem que ser a última trincheira do conhecimento. Um lugar em que se discute de MERDA a FOGUETE. E é um lugar muito bom de se fazer política, sim.

Marx, Nietzsche, Gramsci, Drummond, Rui Barbosa, Jesus Cristo, Sócrates, Platão, Aristóteles, Pablo Vittar, Lula e Bolsonaro. É um lugar para se debater tudo. Todas as tendências sociais, políticas, econômicas e religiosas. Da direita, da esquerda, do centro, de cima, de baixo, de dentro e de fora. Se não se puder discutir política na escola, isso já é em si uma discussão política e uma posição ideológica: a neutralidade. Política se faz em todos os lugares, principalmente nas escolas. O professor é um ser político por excelência. Quem não concordar com ele e com as suas ideias, que traga os seus argumentos para o debate. Assim todos terão acesso ao contraditório e todos aprenderão. Não se deve ter medo de debater nada. Atenção professores reacionários e defensores da “escola sem partido”: não reduzam ainda mais a importância da escola.

Os senhores sabem muito bem que o único lugar onde não se podia debater política era nos porões do DOI-CODI e durante os interrogatórios antes de se começar uma sessão de torturas durante a ditadura militar. Toda escola tem que ser multifacetada e plural na sua ideologia. Nada de se militarizar escolas já existentes. Que se criem mais escolas militares com esse objetivo. Uma vergonha que a discussão não seja outra: a transformação de todas as escolas deste país em “escolas de tempo integral” como é nos países desenvolvidos do mundo civilizado. O Brasil precisa melhor o seu ensino para chegar pelo menos ao seu primeiro Prêmio Nobel. Escolas de excelência para todos: pobres e ricos. Com isso, não haveria necessidade de cotas e certamente os serviços públicos melhorariam juntamente com toda a sociedade. Mas em vez disso, preferem ficar discutindo tolices. Escolas com e sem partido. E o aluno escolhe uma. Ou as duas.

*É Professor em Porto Velho.

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