Quem adentra um culto da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, seja do seu ramo mais tradicional, chamado de “na Missão”, que deriva diretamente dos missionários pentecostais da segunda década do século passado, seja da ramificação Ministério de Madureira, surgida no Rio de Janeiro, se depara com louvores entusiasmados, orquestras e corais primorosos, além de testemunhos de mudança de vida que inegavelmente são de arrepiar. Mas não menos de arrepiar são os escândalos em que seguidamente têm se envolvido personagens que construíram sua trajetória política explorando sua relação com tais organizações religiosas.
Se de um lado está a fé, sempre pura e fervorosa, motivando assembleianos a buscarem levar para a política os princípios cristãos que cultivam, de forma discreta e sem corporativismos ou sectarismos religiosos, de outro lado e em caminho inverso estaria a má-fé, buscando despudoramente levar para o seio da igreja, até mesmo para o púlpito e o altar, velhas práticas político-partidárias que assinalaram as carreiras de homens públicos notabilizados por operações policiais, como a Sanguessuga, a Dominó e outras mais recentes.
 
O presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, teve sua prisão determinada pelo STJ

Esta semana foi a vez do Pastor Everaldo Dias Pereira, presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC ), que teve sua prisão decretada pelo Superior Tribunal de Justiça, por envolvimento em desvios de recursos da saúde do Rio de Janeiro. Se em âmbito nacional os assembleianos amargam esse desgaste na imagem da igreja, já que o líder religioso condenado e preso sempre ostentou em sua atuação política o título de pastor, no âmbito rondoniense os irmãos de fé mais zelosos com o nome da igreja Assembleia de Deus reagem com indigesta resignação às manobras políticas de seus presidentes, Joel Holder, da Missão, e Sebastião Valadares, do Ministério Madureira.
 
Joelna Holder se juntou a Edvaldo e Valadares no PSC, do Pastor Everaldo, preso esta semana

Os dois dirigentes, numa clara demonstração de que usam seus cargos eclesiásticos para impor aos fiéis suas articulações eleitorais, fizeram divulgar recentemente sua decisão de importar de Ji-Paraná o nome do apresentador de televisão Edvaldo Soares para ser candidato a prefeito da capital. Joel Holder é pai da vereadora Joelna Holder, que encontrou abrigo no partido do Pastor Everaldo depois de ser dispensada pelo PMDB. Ao tempo em que Joel Holder busca de todas as formas manter a filha na Câmara Municipal, o pastor Valadares aposta as fichas no vice-presidente do Ministério de Madureira, pastor Luciano Bruno, mais um que se candidata ostentando o título de pastor e que contabiliza votos com os dotes aritméticos de quem conta gado.
 

Pastor Joel Holder, homenageado por iniciativa do então deputado Valter Araújo