Estrada do Teotônio deve ligar o nada a lugar nenhum
Empreendimentos abandonados e um cenário de desolação e tristeza é o que resta na nova vila.
Um tanque de criação de peixes sem água, um píer apodrecido e desabando, uma praia sem condições de banho, um restaurante permanentemente fechado por falta de clientes. Estas são algumas das peculiaridades que aguardam quem se der ao trabalho de ir até a chamada nova vila do Teotônio para conferir o que ainda há por ali.
As ações do Poder Público sob a égide de promoção do turismo e lazer são esporádicas. E nem de longe correspondem à expectativa que foi criada na comunidade, em especial nos que investiram no lugar. O que foi feito na nova vila do Teotônio é hoje, sem dúvida, algo que deveria ser levado a conhecer em todas as faculdades de Turismo do país e do mundo, para que as novas gerações de profissionais aprendessem o que jamais deve ser feito.
O FANTASMA DA TRANSLACUSTRE
Não bastassem os desacertos, derivados em uma parte da ausência de planejamento participativo e, em outra parte, da simples ausência de algum planejamento, fazendo com que a aplicação equivocada dos recursos que deveriam servir para a compensação socioambiental resultasse em prejuízos para a comunidade, aqueles que insistem em acreditar que a nova Teotônio ainda possa dar certo convivem agora com o fantasma de uma rodovia translacustre: um aterro de cerca de meio quilômetro, atravessando áreas cobertas por lagos e agravando, dessa forma, o problema de águas represadas e apodrecimento de vegetação inundada.
A proposta da recuperação do velho traçado da estrada que ia até a antiga cachoeira tem levado até mesmo a população da antiga vila ferroviária do Teotônio, a alguns quilômetros de distância da beira do rio Madeira, a ficar preocupada. Pois por ali muita gente encontra oportunidade de trabalho nas fazendas da região, que são ainda o sustentáculo econômico da localidade. Há por isso o temor de que, com o represamento das águas pelo aterro e a elevação da cota da barragem, até mesmo essa alternativa econômica desapareça. Além dos problemas de saúde que deverão se multiplicar com mais águas paradas servindo à proliferação de mosquitos.
Até mesmo alguns empreendimentos que, conforme se comentava a boca pequena nas duas vilas, deveriam surgir em Teotônio, já teriam sido cancelados pelos pretensos investidores. Um deles era uma marina, que seria construída junto à nova Teotônio, focada no turismo e pesca desportiva. Mas os estudos dos agentes financiadores teriam apontado inviabilidade econômica, em face da degredação ambiental que o aterro da estrada acarretaria, bem como da redução da piscosidade, decorrente do aumento do volume de água em função da elevação da quota da barragem.
A proposta de aterrar o antigo traçado passando no meio do lago prenuncia mais degradação
AQUICULTURA SEM ÁGUA
Os tanques que foram construídos para piscicultura são literalmente um empreendimento de alto nível, só que num nível tão alto que, em vez de serem naturalmente abastecidos pelo rio Madeira, a água tem que ser bombeada e lançada metros acima, fazendo com que o empreendimento seja um exemplo de ineficiência energética, algo impensável nos dias de hoje, com a tarifa da energia em um patamar impraticável.
A única explicação lógica para os tanques terem sido construídos na altura em que foram é a expectativa de que, com as seguidas elevações de quota da barragem, acabem por vir a ficar ao nível do rio, assim não mais precisando de que haja o bombeamento da água. Um outro aspecto que faz dos tanques em Teotônio algo inusitado é que não armazenam água, pois ela se esvai infiltrando-se no cascalho.
Sem viabilidade econômica, o empreendimento aquícola, que deveria beneficiar diretamente as famílias assentadas na nova vila, acabou mudando de mãos, sendo repassado a uma colônia de pescadores. Mas o problema maior continua sendo sua inviabilidade econômica. Para poder reter água, um dos tanques teve que ser forrado com uma manta impermeável, o que obviamente fez subir o seu custo.
Um dos tanques foi forrado com uma manta para garantir a retenção da água, já o outro não foi dotado dessa capacidade, perdendo a água que é para ele bombeada
ESTRUTURA APODRECIDA
Em que pese uma placa anunciar “Cultura e lazer de portas abertas para você”, os depoimentos de pessoas como o comerciante Carlos Damasceno, que construiu um restaurante que hoje é mantido fechado por absoluta falta de clientela, relatam que apenas são promovidas algumas ações esporádicas pela Administração Municipal, mas nada que efetivamente represente sustentabilidade para os empreendimentos de quem acreditou que nova Teotônio ia dar certo.
Um dos principais atrativos, que seria o píer, se encontra com a estrutura comprometida pelo apodrecimento da madeira e hoje representa perigo para quem se arrisque a caminhara nele, ignorando a interdição feita pelos engenheiros da Administração Municipal. O que não está difícil de acontecer, uma vez que o próprio documento de interdição foi encontrado danificado e abandonado no chão.
A peça de propaganda não corresponde à realidade, a cultura e o lazer não são presentes no cotidiano da nova Teotônio
O píer, com acesso impedido por fitas de isolamento, está com a estrutura de madeira apodrecida e foi interditado pelos engenheiros da Prefeitura
TURISMÓLOGO AVALIA INSUCESSOS EM TEOTÔNIO
Conhecido por sua dedicação à viabilização da exploração do potencial turístico rondoniense, o turismólogo Dárius Vaquer (VÍDEO) atribui o insucesso que hoje se verifica em nova Teotônio à falta de um planejamento sistêmico, que não se limitasse à mera implantação de equipamentos como o píer, as quadras de esporte e a praia artificial, dentre outros, mas contivesse um plano de ações continuadas, erigido sobre o diálogo permanente com a comunidade.
Otimista quanto ao projeto em si, ele acredita que a situação possa ser revertida, mas afirma que, para que isso aconteça, é necessário que o Poder Público, em especial a Administração Municipal, respeite e valorize os profissionais do turismo, bem como promova uma soma de esforços multissetorial para salvar Teotônio. Pois, segundo ele, o fato de se tratar de um empreendimento turístico não quer dizer que a responsabilidade caiba somente à secretaria de turismo.
https://www.youtube.com/watch?v=Xxq-2UR0F3A&t=2s
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