Etchegoyen nega em audiência pública que a Abin tenha espionado Edson Fachin

O objetivo da audiência foi o esclarecimento de informações publicadas em reportagem da revista Veja no início de junho, que relatava esse suposto caso de espionagem.

Agência Senado 
Publicada em 10 de agosto de 2017 às 21:09
Etchegoyen nega em audiência pública que a Abin tenha espionado Edson Fachin

O chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ministro Sergio Etchegoyen; o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, senador Fernando Collor; e a presidente da Comissão de Direitos Humanos, senadora Regina Sousa em audiência sobre o uso da Abin para investigar autoridades

O chefe do Gabinete de Segurança Institucional, ministro Sergio Etchegoyen, negou com veemência durante audiência pública conjunta nesta quinta-feira (10) das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e de Direitos Humanos (CDH), que tenha havido no âmbito da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) qualquer ação de espionagem contra o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

O objetivo da audiência foi o esclarecimento de informações publicadas em reportagem da revista Veja no início de junho, que relatava esse suposto caso de espionagem. A ordem teria surgido após reunião do presidente Michel Temer com seus assessores mais próximos, incomodados com a atuação de Fachin no acordo de delação premiada dos irmãos Batista (do grupo JBS) e no âmbito da operação Lava-Jato, segundo a reportagem.

- Não sei as razões da revista Veja pra fazer uma acusação desta gravidade, que deveria ter vindo acompanhada de provas, que não existiram. Uma ação desta natureza pressupõe que a estrutura de comando da Abin fosse marcada pela ausência de valores morais, éticos e institucionais, o que não é o caso - disse o general. A Abin é subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional.

Etchegoyen ainda manifestou seu incômodo, desde que a reportagem foi publicada, de "ter que provar que não cometeu nenhum crime, já que não aparece nenhuma prova de que o crime aconteceu".

Pedido de suspeição

O senador Jorge Viana (PT-AC) questionou Etchegoyen se a Abin teria alimentado Temer no caso relacionado ao pedido de suspeição feito pelo presidente da República contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O senador também questiona se o órgão de inteligência estaria abastecendo o Planalto com informações sobre os procuradores da Lava-Jato ou ainda sobre Fachin, fora da "arapongagem".

Etchegoyen considera que o pedido de suspeição feito por Temer foi tomado pela defesa legal do presidente, e portanto analisa o caso como sendo de direito privado, não tendo mencionado a Abin na sua resposta.

Contra-inteligência

Jorge Viana também cobrou do general ações de contra-inteligência por parte do órgão, lembrando a espionagem feita pela National Security Agency (NSA - órgão do governo dos EUA) contra a ex-presidente Dilma Rousseff em pleno exercício do mandato. Ele ainda questionou o acompanhamento da instituição de outras interferência externas na política nacional, interessadas no acesso às riquezas naturais brasileiras.

Questões de contra-inteligência também foram levantadas por Telmário Mota (PTB-RR) em relação à Petrobras e a outras grandes empresas nacionais.

Para o general, devido a sua relevância geopolítica, o Brasil sempre será alvo de espionagens por parte de outros países, devendo ser seu papel neutralizar ao máximo este tipo de ação.

Caso Dilma

Jorge Viana também quis saber se a Abin tinha conhecimento que o telefone da então presidente Dilma Rousseff estava sendo monitorado judicialmente, fazendo referência à divulgação da conversa entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por parte do juiz Sergio Moro, que o senador chamou de "a bala de prata do golpe" que resultou em sua queda do cargo.

- Uma gravação feita fora do prazo estabelecido, um crime que impediu a nomeação de Lula como ministro e que, a meu ver, é a fonte da crise que vivemos até hoje - disse.

Etchegoyen respondeu que nesta época ele não estava no governo, portanto não tinha como esclarecer se o órgão tinha informações a esse respeito.

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