Eu te amo, censura!

Muita gente nem percebeu ainda, mas o Brasil está vivendo tempos bicudos e muito preocupantes em relação à liberdade de expressão, embora se diga abertamente que estamos em uma democracia.

​​​​​​​Professor Nazareno*
Publicada em 18 de setembro de 2017 às 17:08

Muita gente nem percebeu ainda, mas o Brasil está vivendo tempos bicudos e muito preocupantes em relação à liberdade de expressão, embora se diga abertamente que estamos em uma democracia. Com o golpe dado na presidente Dilma Rousseff pelo atual presidente Michel Temer e sua turma, os covardes ataques à criatividade artística, científica e intelectual aumentaram perigosamente no país e os arautos da ignorância e das trevas não perdem a chance de mostrar suas garras. Porém o artigo quinto da nossa Constituição afirma que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. E continua: “são, portanto, invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

A nossa lei maior, portanto, proíbe qualquer tipo de censura política, ideológica ou artística. Mas não é isso que estamos presenciando. O museu do Santander Cultural em Porto Alegre foi fechado e a exposição Queermuseu foi cancelada após ataques registrados nas redes sociais e no interior do próprio museu. Em comunicado, a instituição afirmou que "o objetivo do Santander é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia". A exposição entrou em cartaz e logo após foi vetada. Depois de Porto Alegre, outra obra de arte também foi censurada: a artista Alessandra Cunha teve uma de suas telas expostas em Campo Grande/MS confiscada pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança sob a acusação de incentivo à pedofilia. Ora, ninguém é obrigado a visitar uma exposição.

Em Rondônia, por exemplo, caminha a passos largos a militarização de várias escolas estaduais sob o ridículo pretexto de melhorar a disciplina nas mesmas. Esse fato, no entanto, esconde o desejo latente e a mentalidade golpista e ditatorial de implantar nestas mesmas escolas regras equivalentes às da feroz ditadura que vivemos entre 1964 e 1985. Tivemos também o recente caso de Ariquemes, quando o Prefeito Thiago Flores proibiu a distribuição de livros didáticos nas escolas do município. Crime desses livros: falavam sobre a existência da diversidade de gênero, dos novos tipos de família e da existência de homossexuais. A censura e o obscurantismo são geralmente defendidos por religiosos inescrupulosos e por pessoas tapadas, sem leitura de mundo que se acham os donos da verdade. Triste: a Idade Média quer vigorar de novo. Estamos regredindo.

Muitos facínoras adoram a proibição. Lula, que se diz de esquerda, não perde a chance de atacar a mídia para tentar encobrir suas falcatruas e ladroagens. Em Rondônia muitos internautas gostariam que eu não produzisse mais meus textos. Sem nenhuma importância literária, o que escrevo apenas procura mostrar a sofrida realidade a que os políticos nos submetem há tanto tempo. A blogueira e jornalista Luciana Oliveira de Porto Velho sofre o “pão que o diabo amassou” por causa de suas publicações. Nada pode ser censurado em uma sociedade moderna. Se alguém denegrir a imagem do outro, que pague pelo dano cometido. Por que me aborrecer se dois homens vivem juntos? Por que me incomodar se o outro não segue a minha religião? As pessoas não são iguais e a riqueza está na diferença. Arte é arte. E livros não podem ser queimados, como fizeram os Nazistas. Mais uma vez o ovo da serpente está chocando entre nós. Estou com medo.

*É Professor em Porto Velho.

Winz

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Comentários

  • 1
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    Francisco 18/09/2017

    O texto já começa errado ao estabelecer censura como sinônimo de boicote. Depois, a ladainha do "gópi" contra a Dilma. Fala ainda de modo depreciativo sobre o processo de militarização de algumas escolas públicas de Porto Velho. Ainda mete o malho no prefeito de Ariquemes e, para não fugir do lugar comum, pinta a Idade Média, que nos legou entre tantas coisas as universidades, como período obscurantista. Não bastasse isso, usa a carta do nazismo, um argumentum ad Hitlerum, para condenar todos aqueles que supostamente "censuraram" a exposição do Satã-der e afins. Resumindo: o Nazareno é apenas mais um isentão com os quatro pés na esquerda...

  • 2
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    Antony 18/09/2017

    Professor de português que não sabe a diferença conceitual entre censura e boicote. Censura é proibir o acesso a algo para um adulto. Uma criança não pode ver filmes pornográficos, ou nem mesmo muito violentos, e isto não é considerado “censura” (muito menos com chiliques fazendo eternas e mofadas analogias com o fascismo ou nazismo como exposto no texto do professor ). Assim se consegue uma definição que busca mais uma essência – bem o oposto das analogias malucas e do estruturalismo.

  • 3
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    wilson lopes da costa melo 18/09/2017

    Lendo a materia online, do nobre companheiro professor NAZARENO, pontuando algumas palavras, primeira o PÃO que o DIABO AMASSOU, numa reflexão mais lapidada, DIABO jamais amassará Pão pra alguém, ele pode tirar o Pão de alguém, menos amassar, ou dar Pão para alguém!! Segundo, o Ovo da serpente, não está chocando, a Serpente já chocou seus Ovos, e as Viboras estão por aí defendo a própria Serpente! São os retrógadas, os antagônicos aos princípios Éticos, Morais, Pessoal, Familiar entre outros!! Quem acha que um "homem" com outro "homem" ou uma Mulher com outra é normal, é "normal" certamente serão os filhos da Serpente, querendo desconstruir os princípios Éticos da moralidade! Desde o princípio da Raça humana, começou através de um Homem e uma Mulher (...)

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