Eu, tú e o rádio

Afinal, eu, tú e ele, continuamos juntos, curtindo informações e ‘sofrências’, na voz dos astros da música de hoje e de ontem

Osmar Silva
Publicada em 17 de fevereiro de 2020 às 14:04
Eu, tú e o rádio

Minha relação com o rádio, como meio de comunicação e lazer, começou lá na já muito distante infância, na Vila do Jenipapo. Ainda tenho tudo vivo na memória. 

Meu avô Abdon e seu Jonas, meu pai, passavam horas trepados na cumeeira da casa, espichando fios que iam de ponta a ponta da cobertura. Aí, um descia e ligava o rádio. Saiam chiadeiras com grande variedade de sons. Eu me divertia fazendo imitando aquelas ‘melodias’. Parecia coisa vinda do céu, do além, do infinito.

- Tá bom aííí ??? Perguntava o de cima.

- Naãoo !!! respondia o de baixo. E completava: bota mais pra cima, mais para a direita!!!

O que ficava em baixo, continuava procurando sintonizar uma estação, até que, repente, surgia Nelson Gonçalves cantando ‘boemia, aqui me tens de regresso ...’ Mexia mais um pouco, outra voz aparecia anunciando ‘logo mais, no Repórter Esso ...’

- E aí, ficou bom agoora???

- Agora tá boomm!!! 

Depois, mais tarde, já na cidade, além do rádio com antena instalada na cumeeira da casa, tinha também o serviço de alto falantes num mastro bem alto, num ponto elevado da cidade, com muitas bocas falantes presas lá em cima. Era a “Voz da Cidade”.

Daquelas bocas saiam informações, recados, leituras de carta, muitas músicas de Ângela Maria, Carlos Galhardo, Nora Ney e tantos astros da época. Mas também, passavam as novelas do rádio. Na hora do ‘Direito de Nascer’, todas as casas faziam silêncio para ouvir. E, depois, todo mundo que tinha rádio, corria para escutar o capítulo novo do dia.

Minha mãe gostava das novelas, embora não tivesse tempo para ouvir. Perdia muito, mas se atualizava nas conversas com as vizinhas. Sim, porque homem naquele tempo, não dava bola para novelas. Era coisa de Mulher. Mas o que mais mamãe gostava mesmo, era de ouvir e cantar as canções de Dalva de Oliveira e Núbia Lafayte. Enchia o peito e soltava a voz bonita que tinha. Eu adorava, achava mais bonito que a mulher do rádio.

E eu gostava de escutar os ‘dobrados’ com a voz grossa da tuba marcando o ritmo. Vendia bolos e coisas nas ruas ou ia e vinha da escola ouvindo Hino Nacional, Hino da Bandeira, e outros hinos e até discursos de Getúlio Vargas. Caminhava na marcação dos hinos. Era gostoso, muito bom mesmo!     

Muitos anos depois, chego em Rondônia, e associado com mais onze parceiros, instalamos a primeira estação de rádio de Ariquemes. A ‘Rádio Ariquemes’, levou sua voz para a Amazônia e o mundo em 1981. Fui um dos seus diretores e acabei por me tornar radialista com um programa que entrou para a história da cidade: o ‘Sem Papas na Língua”. 

Hoje, estou na iminência de tomar posse como presidente da Associação dos Comunicadores de Rondônia, filiada à Federação Nacional dos Comunicadores, cujo presidente, Fábio Camilo, é radialista e foi apresentador na Rádio Ariquemes.

Agora, o rádio está se reinventado e utilizando as modernas tecnologias e plataformas sociais em seu favor. A mais nova adaptação, são os programas em poadcast. E o rádio migrou para os celulares.

Com esta singela narrativa, presto minhas homenagens ao Dia Mundial do Rádio, celebrado no último dia 13. Afinal, eu, tú e ele, continuamos juntos, curtindo informações e ‘sofrências’, na voz dos astros da música de hoje e de ontem.  

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Osmar Silva – jornalista – Presidente da Associação da Imprensa de Rondônia (AIRON) – Presidente da Federação Nacional dos Comunicadores Seccional Rondônia (FENACOM) – Diretor/editor do noticiastudoaqui.com – WhatsApp 69 99265 0362 – [email protected]    

Winz

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Comentários

  • 1
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    Jorge TENÓRIO 20/02/2020

    Sou dessa época. Escutava a Rádio Mayrink Veiga e Tupy. Ouvia junto com a minha avó a Voz do Brasil, Alziro Zarur, etc. Abraços.

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