Expurgar os golpistas que tentam manter seu poder até novo assalto
O preço histórico dessa farsa é caro e não se deve desperdiçar oportunidades quando elas aparecem
(Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil)
O que aconteceu nos meses de novembro e dezembro de 2022 será objeto de pesquisa, descobertas e debate ao longo de anos.
Muitos detalhes ainda serão conhecidos quando os controles forem relaxados na sucessão das conjunturas.
Houve um fascinante deslizamento de elites que até as eleições prometiam tomar o poder "na lei ou na marra", à margem da legalidade se fosse necessário.
Dentre os atores dessa peça bufa, de falsos disfarces e versões conhecidos de todos, destacam-se os atos comandos militares e, em movimento combinado e desigual, parcela expressiva dos empresários.
Por que ambos resolveram abortar a fermentação golpista e sucumbir diante da força "opressora" da inércia institucional vitaminada pela realidade das urnas? Esses movimentos foram coordenados, ou seja, obedeceram a algum tipo de acerto comum?
A cúpula militar, que antes trabalhava para minar a credibilidade do sistema eleitoral migrou para um recuo organizado.
Em paralelo, expoentes do bolsonarismo mais caricato no meio empresarial recuaram. O ativismo de Havan, Madero, Centauro, Habibs e outros foi dando lugar ao silêncio disciplinado e daí a uma conversão de retórica conciliadora, de torcida pelo governo de Lula, "para o bem do Brasil".
Em ambos os casos, os processos guardam tantas coincidências cronológicas no proscênio que suscitam suspeitas sobre o que ocorria nos bastidores.
Não é de hoje a afinidade de conteúdo ideológico e forma golpista entre a cúpula militar e setores poderosos do empresariado. O arranjo desta vez foi dificultado pela característica da frente nucleada pelo PT. A adesão de elementos simpáticos ao poder econômico, representados especialmente pelo ex-tucano Geraldo Alckmin, acabou servindo como álibi ou rota para a neutralidade dos trânsfugas e oportunistas.
Estes buscaram refúgio organizado na "nova ordem", à espera de novas conjunturas. Desse esconderijo aguardam preservados o advento de momento favorável a novo assalto, pela via das urnas ou das armas.
Até lá, tentam evitar mais desgaste de suas respectivas imagens. No refluxo, recarregam as baterias e mantêm intacto seu domínio das corporações. Apresentando-se como respeitáveis defensores da democracia.
Seria o momento de devassar seus envolvimentos, desmontando, o mais possível, em especial no meio militar, o seu domínio, submetendo-o de uma vez por todas, à democracia e ao poder civil.
Seria uma reversão necessária e rara dessa longa convivência com o inimigo ao lado, mas haverá vontade e conveniência política? Não existem realidades puras na vida real. Em algum nível, para além dos moralismos, impõe-se eliminar os bandidos da máquina ou o comércio com eles e mesmo seu trânsito para o poder. O preço histórico dessa farsa é caro e não se deve desperdiçar oportunidades quando elas aparecem.
Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.
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