Foram quase onze meses, misturando revolta e sofrimento. O homem que veio exclusivamente de São Paulo para colocar “ordem do galinheiro” (termo usado por ele para se referir ao trânsito de Porto Velho) não conseguiu ir além de promessas vãs e frases de efeito, e por isso caiu.

O palácio Tancredo Neves afirma que o prefeito Hildon Chaves aceitou o pedido de exoneração do secretário de trânsito, mobilidade e transporte, Marden Negrão, um eufemismo para tentar suavizar o impacto da decapitação, mas não divulgou o pedido, como normalmente acontece em ocasiões dessa natureza.

Acho até que o prefeito aguentou Negrão por muito tempo. Em seu lugar, outro o teria mandado para casa mais cedo, logo nos primeiros três meses de administração. Mas doutor Hildon é gente boa, um cara bacana, um amigo e tanto.

É impressionante o quanto ele apanhou por causa da incompetência de Negrão. O látego corria de todos os lados. Apesar disso, doutor Hildon o manteve com a cabeça grudada ao pescoço por infindáveis onze meses, enquanto os problemas do trânsito portovelhense avolumavam-se.  

Negrão pode reclamar de tudo e de todos, menos, é claro, do amigo e prefeito Hildon Chaves. Ele foi generoso demais para com o titular da SEMTRAN, sacrificando, inclusive, a própria popularidade para manter um auxiliar que o máximo que conseguiu produzir foi mudar uma placa de trânsito de uma rua para outra.

O professor Zenildo não teve a mesma sorte. Quando tudo parecia apontar que ele permaneceria mais tempo no comando da secretaria de educação, o prefeito resolveu soltar a corda da guilhotina. Como compensação pelo seu esforço durante a campanha eleitoral, deu-lhe um cargo de segundo escalão. É provável que Negrão seja aproveitado em alguma secretaria.

Para o lugar de Negrão, o prefeito anunciou a nomeação de mais um importado. Dessa vez, um pós-graduado em trânsito e transporte da USP. Será que não há ninguém capacitado em Porto Velho para assumir a SEMTRAN? 

Não custa lembrar que Negrão foi apresentado como especialista no assunto. E olha a herança maldita que ele deixou para o portovelhense. Mesmo assim, desejo-lhe um feliz regresso à sua terra natal.