Fora, usinas do Madeira!
Parem já com esta sandice de hidrelétricas. Por que não constroem um novo hospital de pronto socorro?
Outro dia ouvi falar que o governo federal está querendo construir duas grandes hidrelétricas na calha do rio Madeira em Rondônia. Uma será logo aqui na cachoeira de Santo Antônio e a outra no Jirau, região de Jaci-Paraná. Sou contra estas duas obras, pois não vejo nenhum benefício que as mesmas trarão para este Estado. Não podemos entregar “de mão beijada” as nossas riquezas naturais para produzir energia boa e barata para outros Estados da federação sem sermos devidamente compensados por isso. O rio Madeira além de ter uma beleza selvagem indescritível, é um verdadeiro santuário para vários tipos de peixes assim como infinitas outras espécies da fauna amazônica e com a construção de hidrelétricas em seu leito, toda essa biodiversidade estará correndo sérios riscos de extinção. Se possível faço até greve para evitar esses dois empreendimentos.
A população de Rondônia está ensandecida com a possibilidade de se construir essas duas obras. Em Porto Velho não se fala de outra coisa. E quase 100% dos moradores querem essas construções. “Hidrelétricas, já!” É o mantra que mais se ouve aqui. Os comerciantes estão eufóricos. Já prometeram até construir um Shopping Center na cidade. Será ali na Calama com a Rio Madeira. Rádios, jornais, televisões, enfim, toda a mídia não veicula outra coisa que não seja o imediato início dos trabalhos no rio Madeira. “As hidrelétricas trarão o progresso para esta sofrida região”, falam à boca miúda os políticos. Os filhos da terra e também aqueles “filhos de coração” apregoam que “pobreza por aqui, nunca mais!”. Muitos dizem que a partir dessas construções, a energia elétrica em Rondônia terá apenas uma taxa simbólica. Ou talvez seja de graça.
Como sou teimoso, continuo sendo contra essas hidrelétricas e ainda digo que a corrupção vai comer solta. Muito dinheiro será desviado para os corruptos daqui e os de fora. O Brasil não gosta de Rondônia e quer apenas explorar o seu já combalido meio ambiente. “Parem com esta asneira!”, grito sem ser ouvido. Depois que estuprarem este rio, as madeiras não mais descerão em seu leito descaracterizando-o completamente. Não vale a pena. Enchentes grandes poderão ser uma constante se isto for feito. “Não se brinca com a natureza, impunemente”, tento alertar. Além do mais, a cidade de Porto Velho ficará eternamente sob a possibilidade de desaparecer do mapa, caso haja o rompimento de uma dessas barragens. Muitas espécies de peixes serão extintas. E o ouro que há nessas cachoeiras ficará com quem? O rio será todo assoreado a jusante.
Isso sem falar que haverá uma enxurrada de peões e capiaus que em nada vai contribuir para o verdadeiro progresso dessa cidade. Quase todos vêm e voltam, pois somos uma curva de rio. São os eternos passantes de Rondônia. A violência vai aumentar e os problemas sociais e urbanos se multiplicarão. A energia aqui produzida não vai nos beneficiar em nada, tenho certeza. Será bom somente para os outros Estados e para nós ficarão como sempre só as sequelas no meio ambiente e as desgraças costumeiras como já aconteceu com os outros “ciclos salvadores”. O MP devia fazer algo. A Justiça devia impedir mais este descalabro em Rondônia. A Assembleia Legislativa devia se pronunciar. Os políticos e os outros corruptos ficarão mais ricos ainda. Rondônia não merece passar por esta catástrofe anunciada. Parem já com esta sandice de hidrelétricas. Por que não constroem um novo hospital de pronto socorro?
*É Professor em Porto Velho.
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O recurso de apelação foi julgado nesta quarta-feira, dia 24/04/2019 pelo Tribunal de Justiça de Rondônia tendo como relator o desembargador Roosevelt Queiroz, que foi acompanhado no voto pelos desembargadores Renato Mimessi e Eurico Montenegro.
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