Força de trabalho do Judiciário está vacinada e relata aumento de atividades na pandemia
A pesquisa realizada de maneira virtual pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em dezembro de 2021 revelou como anda a saúde mental dos trabalhadores da Justiça e suas expectativas após viverem o segundo ano da pandemia
4º Seminário Nacional sobre Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário - Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ
Trabalhadores e trabalhadoras do Judiciário, em sua maioria, não pertencem ao grupo de risco da Covid-19, já tomaram duas ou mais doses de reforço vacinal contra o vírus, saem com menos frequência de casa, mas sentem na pele os resultados do isolamento social e do trabalho híbrido ou remoto. Dos 21.646 servidores, servidoras, magistrados e magistradas que responderam à segunda rodada da Pesquisa Saúde Mental de Magistrados e Servidores no Contexto da Pandemia da Covid-19, a maioria admitiu sentir cansaço, insônia, dificuldade de concentração, aumento de peso e dores musculares.
A pesquisa realizada de maneira virtual pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em dezembro de 2021 revelou como anda a saúde mental dos trabalhadores da Justiça e suas expectativas após viverem o segundo ano da pandemia. O estudo foi apresentado nessa segunda-feira (7/2) durante o 4º Seminário Nacional sobre Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário.
O levantamento atualizou os dados captados no primeiro ano da crise sanitária mundial e ouviu pessoas entre 18 e 78 anos. Magistrados e magistradas representaram pouco mais de 9% dos participantes, enquanto servidores e servidoras do Judiciário, 81,8%. Funcionários e funcionárias comissionadas sem vínculo foram 6,7% do total.
A maioria das respostas (63%) vieram de magistrados e servidores da Justiça Estadual (13.650), ramo com mais unidades e força de trabalho de todo o Judiciário nacional. A Justiça do Trabalho vem em segundo lugar (13,8%), seguida da Justiça Eleitoral (11,5%), Justiça Federal (9,6%) e Tribunais Superiores (1,2%). Demais ramos participaram com menos de 1%. As mulheres representaram 57% de respondentes e 43% foram homens. A maioria se identificou como pessoa branca (quase 70%). Pessoas representaram 28% e indígenas (ou origem oriental), 2,2%.
Imunização
Considerada a forma mais eficaz de frear a pandemia da Covid-19, a vacinação completa – ao menos, duas doses ou dose única – é realidade para 97,4% de respondentes do levantamento. Não haviam tomado o imunizante, até dezembro de 2021, apenas 1,3% – a mesma porcentagem de quem havia tomado apenas a primeira dose da vacina.
Em 2020, apenas 2% das pessoas haviam sido diagnosticadas com Covid-19 por meio de exame. Já em dezembro de 2021 – antes da disseminação da variante ômicron no Brasil -, esse número tinha crescido para 23%.
Leia também: Seminário destaca respostas do Poder Judiciário à pandemia da Covid-19
A maioria de respondentes (67%) são pessoas casadas ou que mantêm relação estável com pessoa de outro sexo; homoafetivos casados ou em união estável representaram 2,2%. Pessoas solteiras representaram 20,6% do total. Para 44% das pessoas ouvidas na pesquisa, o impacto do isolamento social melhorou e até aproximou as relações familiares. Já, para 39%, a pandemia gerou desgaste para os relacionamentos.
Mais da metade das pessoas que participaram do estudo (62,5%) afirmaram que saíam de casa para realizar atividades pessoais, mas com menor frequência que antes da pandemia. Quase 20% relataram raramente sair de casa. A esperança – que ocupava o 2º lugar no ranking dos sentimentos compartilhados pelos servidores – deu lugar ao desânimo, com aumento de sentimentos negativos.
Mais da metade de respondentes (60,8%) afirmaram se sentir mais cansados. Quase 48% reclamam de alterações na rotina do sono e 46,3% afirmaram sentir dificuldade para se concentrar, além de perda de memória. Alterações no peso foram apontadas como um sintoma inédito por 44% das pessoas participantes da pesquisa. Mais da metade perdeu algum parente ou amigo em decorrência da pandemia.
Mais trabalho
“Quando comparado com a pesquisa anterior, a maioria dos entrevistados (55%) afirmou perceber que o volume de trabalho recebido atualmente foi maior que no período anterior à pandemia. Além disso, as pessoas têm a sensação de estarem dedicando mais tempo ao trabalho que antes”, explicou a diretora-executiva do Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ, Gabriela de Azevedo Soares.
Enquanto agora 55% tiveram essa percepção de aumento do volume de trabalho, no primeiro ano da pandemia era 38%. Para 66,6% das pessoas entrevistados, o tempo dedicado ao trabalho está sendo bem maior do que na fase do trabalho presencial. Na pesquisa anterior, essa percepção foi tida por 47,5%.
Em relação à forma de trabalho, 15% de quem respondeu ao questionário disse não se sentir confortável para voltar ao trabalho presencial, mesmo que regras de segurança sejam adotadas. E 35% preferem manter a forma virtual para reuniões de trabalho.
Para sentirem segurança em uma provável volta ao trabalho presencial, dois em cada três de profissionais do Judiciário (66,1%) citaram como requisito a obrigatoriedade de apresentação de comprovante de vacina. O uso obrigatório da máscara dentro das unidades de Justiça foi indicado por 65% e o estabelecimento de um rodízio de trabalho foi elencado por 63% do total de pessoas entrevistas.
Pesquisa
Desde 2020, o CNJ tem levantado junto aos profissionais da Justiça o que mudou em suas vidas desde que passaram a lidar com as medidas sanitárias necessárias para conter a Covid-19 e evitar a disseminação do novo coronavírus. O resultado da pesquisa – realizada a pedido do Comitê Gestor Nacional de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores – serve para que o órgão trace um panorama de ações que deverão ser priorizadas para proteger a saúde das equipes da Justiça. A pesquisa foi anônima, sigilosa e voluntária e os resultados também são apresentados de maneira que não se possa identificar as pessoas respondentes.
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