Gaúchos deviam cobrar Rondônia

Mas parece que até já se marcaram reuniões a fim de se discutir a questão ambiental da fumaça em Porto Velho. Só que pode ser muito tarde

Fonte: Professor Nazareno - Publicada em 19 de agosto de 2024 às 09:35

O Rio Grande do Sul viveu em maio último talvez a pior catástrofe da natureza em toda a sua história. Temporais devastadores atingiram em cheio a Serra Gaúcha e a maioria dos vales dos rios que desembocam na lagoa Guaíba, que banha a capital Porto Alegre. Cidades inteiras foram arrasadas com 175 mortos, 38 desaparecidos, 18 mil pessoas em abrigos, 423 mil desalojados. A hecatombe gaúcha afetou mais de dois milhões e trezentos mil cidadãos e castigou pelo menos 478 municípios de um total de 497. Os prejuízos, claro, foram incalculáveis. O maior culpado por esta tragédia no sul do Brasil são as mudanças climáticas, que já são uma realidade e estão castigando vários lugares do mundo. Tudo isso é consequência direta das queimadas na Amazônia, que todo ano afetam estados inteiros como essas que estão acontecendo no momento em Rondônia.

Por isso, os rondonienses, e também os outros estados da Amazônia, deviam ajudar os gaúchos a arcar com os prejuízos que tiveram em maio de 2024. Seria justo, mas se tivéssemos justiça neste país. Muitos rondonienses adoram incendiar o que ainda resta de floresta amazônica. No mês de agosto de 2024, os cantados céus azuis da “Capital dos Destemidos Pioneiros” transformaram-se em cinza-chumbo. Porto Velho detém hoje o pior ar para se respirar em todo o Brasil, como se não bastássemos ter o pior hospital público do país e também a pior qualidade de vida dentre as 27 capitais. Rondônia no Jornal Nacional envolta em fumaça parece que encanta e orgulha muitos dos moradores deste rincão atrasado e subdesenvolvido. Entre os dias 10 e 19 de agosto de 2024, por exemplo, pessoas usando máscaras nas ruas fumacentas e sujas era uma cena até normal.

Mas o pior de tudo é a passividade das pessoas que sofrem com o descaso, assim como o silêncio quase mortal e incompreensível das autoridades locais. Até hoje nenhuma dessas autoridades, eleitas ou não, se manifestou sobre a hecatombe ambiental que afeta todo o estado de Rondônia e também a sua castigada capital. O prefeito Hildon Chaves nada falou. Parece que ainda não viu a fumaça que castiga impiedosamente a cidade que ele administra há oito anos. O presidente da Assembleia Legislativa do estado assim como o governador Marcos Rocha se calam, até agora, diante do Armagedon. Presidentes de tribunais e também outras autoridades judiciárias respiram o ar empesteado de fumaça e de fuligem e parecem ignorar tudo. Vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores e vários outros mandatários e órgãos de “defesa” da natureza ficam em silêncio.

Por isso, o povo do Rio Grande do Sul, por intermédio do governo federal, que também não faz absolutamente nada para amenizar a nossa fumaça, devia cobrar taxas dos rondonienses. Doendo no bolso, esses rondonienses incendiários talvez aprendessem o que é preservação do meio ambiente. Mas parece que até já se marcaram reuniões a fim de se discutir a questão ambiental da fumaça em Porto Velho. Só que pode ser muito tarde. Já tocaram fogo na floresta e nos campos de pastagens e a fumaça já nos incomodou o quanto pôde. As reuniões deviam ter sido marcadas para março, abril ou maio passados. Bem antes da ação dos incendiários. Pelo amor de Deus, senhores autoridades! Fechar a porta depois de roubado é tolice. Todo problema tem que ser atacado na causa e não na consequência. Ouvi dizer até que a inoperante Câmara de Vereadores de Porto Velho tem uma comissão de meio ambiente. Santa ironia! O agro é pop e também ambiental. Certo?

*Foi Professor em Porto Velho.

Gaúchos deviam cobrar Rondônia

Mas parece que até já se marcaram reuniões a fim de se discutir a questão ambiental da fumaça em Porto Velho. Só que pode ser muito tarde

Professor Nazareno
Publicada em 19 de agosto de 2024 às 09:35

O Rio Grande do Sul viveu em maio último talvez a pior catástrofe da natureza em toda a sua história. Temporais devastadores atingiram em cheio a Serra Gaúcha e a maioria dos vales dos rios que desembocam na lagoa Guaíba, que banha a capital Porto Alegre. Cidades inteiras foram arrasadas com 175 mortos, 38 desaparecidos, 18 mil pessoas em abrigos, 423 mil desalojados. A hecatombe gaúcha afetou mais de dois milhões e trezentos mil cidadãos e castigou pelo menos 478 municípios de um total de 497. Os prejuízos, claro, foram incalculáveis. O maior culpado por esta tragédia no sul do Brasil são as mudanças climáticas, que já são uma realidade e estão castigando vários lugares do mundo. Tudo isso é consequência direta das queimadas na Amazônia, que todo ano afetam estados inteiros como essas que estão acontecendo no momento em Rondônia.

Por isso, os rondonienses, e também os outros estados da Amazônia, deviam ajudar os gaúchos a arcar com os prejuízos que tiveram em maio de 2024. Seria justo, mas se tivéssemos justiça neste país. Muitos rondonienses adoram incendiar o que ainda resta de floresta amazônica. No mês de agosto de 2024, os cantados céus azuis da “Capital dos Destemidos Pioneiros” transformaram-se em cinza-chumbo. Porto Velho detém hoje o pior ar para se respirar em todo o Brasil, como se não bastássemos ter o pior hospital público do país e também a pior qualidade de vida dentre as 27 capitais. Rondônia no Jornal Nacional envolta em fumaça parece que encanta e orgulha muitos dos moradores deste rincão atrasado e subdesenvolvido. Entre os dias 10 e 19 de agosto de 2024, por exemplo, pessoas usando máscaras nas ruas fumacentas e sujas era uma cena até normal.

Mas o pior de tudo é a passividade das pessoas que sofrem com o descaso, assim como o silêncio quase mortal e incompreensível das autoridades locais. Até hoje nenhuma dessas autoridades, eleitas ou não, se manifestou sobre a hecatombe ambiental que afeta todo o estado de Rondônia e também a sua castigada capital. O prefeito Hildon Chaves nada falou. Parece que ainda não viu a fumaça que castiga impiedosamente a cidade que ele administra há oito anos. O presidente da Assembleia Legislativa do estado assim como o governador Marcos Rocha se calam, até agora, diante do Armagedon. Presidentes de tribunais e também outras autoridades judiciárias respiram o ar empesteado de fumaça e de fuligem e parecem ignorar tudo. Vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores e vários outros mandatários e órgãos de “defesa” da natureza ficam em silêncio.

Por isso, o povo do Rio Grande do Sul, por intermédio do governo federal, que também não faz absolutamente nada para amenizar a nossa fumaça, devia cobrar taxas dos rondonienses. Doendo no bolso, esses rondonienses incendiários talvez aprendessem o que é preservação do meio ambiente. Mas parece que até já se marcaram reuniões a fim de se discutir a questão ambiental da fumaça em Porto Velho. Só que pode ser muito tarde. Já tocaram fogo na floresta e nos campos de pastagens e a fumaça já nos incomodou o quanto pôde. As reuniões deviam ter sido marcadas para março, abril ou maio passados. Bem antes da ação dos incendiários. Pelo amor de Deus, senhores autoridades! Fechar a porta depois de roubado é tolice. Todo problema tem que ser atacado na causa e não na consequência. Ouvi dizer até que a inoperante Câmara de Vereadores de Porto Velho tem uma comissão de meio ambiente. Santa ironia! O agro é pop e também ambiental. Certo?

*Foi Professor em Porto Velho.

Comentários

  • 1
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    Gilson Soares 21/08/2024

    Infelizmente na questão ambiental este governo é fraco em suas ações e claro, de propósito. Pois sabe que os incendiários são os pseudo empresários do agro negócio, tudo com a complacência dos deputados. Vide a situação do garimpo ilegal do madeira que vivem defendendo e boicotando a PF e IBAMA em suas ações.

  • 2
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    Antônio Alves 20/08/2024

    Pelo contrário, a migração sulista, está devastando Rondônia em nome do Agronegócio.

  • 3
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    Wilson 20/08/2024

    Culpa do Bolsonaro.

  • 4
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    Mirian Penha Franco 19/08/2024

    Conclusão tacanha: governo conclui que queimadas são de responsabilidade de quem não tem terra em áreas de litígio e preservação ambiental. Deixa de fora fazendeiros pecuaristas e sojeiros que queimam todos os anos. Dãaaa....enquanto se passar pano para criminosos, a população entra com a danificação do pulmão e fica tudo por isso mesmo.

  • 5
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    Amadeus Hastenteufel 19/08/2024

    Se formos analisar a origem dos focos de queimadas intensas que ocorrem em RO, veremos que parte dos incêndios são realizados por gaúchos, que para cá vieram em busca de terras para plantar arroz, soja, milho e outras culturas vegetais. Logo, os gaúchos deveriam cobrar de seus conterrâneos aqui residentes e atuantes na área rural, para que não provoquem fogueiras em julho, agosto e setembro.

  • 6
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    Reinaldo Gomes 19/08/2024

    A fumaça que encobre nossa Capital a cada ano no período mais intenso da seca possui culpados: São os rondonienses e amazonenses que não gostam de trabalhar e tocam fogo em tudo o que está meio seco. É um hábito criminoso, que se estende por gerações, em nossa região. As ações oficias para inibir tais crimes são raras e pouco eficientes. E não nos enganemos... Nossos filhos e netos também conviverão com esta barbárie.

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