Hierarquia é de cima para baixo, e não o contrário

Censura é uma coisa e hierarquia administrativa é outra.

Lúcio Albuquerque
Publicada em 23 de julho de 2019 às 10:41
Hierarquia é de cima para baixo, e não o contrário

O recente imbróglio proporcionado pela liberação de informações sobre a questão ambiental, pelo INPE, e a reação do presidente Bolsonaro, mostra que alguns segmentos do governo Federal ainda não entenderam que o jogo mudou. A ideia que passa a questão, conforme o noticiário dos grandes veículos de comunicação, é que o presidente extrapolou ao criticar a informação do INPE. Para os últimos governos brasileiros, denunciar destruição ambiental por qualquer organismo, público ou não, soava como música para os ouvidos. Afinal, o alinhamento daqueles governos com entidades internacionais é mais que conhecido, e a ação de seus agentes também, vide o bloqueio à reabertura da rodovia BR-319 – apenas um dos muitos exemplos.

A questão que envolve Bolsonaro e o INPE pode ser resumida numa coisa, de lógica tão simples que se pode até dizer que acontece em qualquer família: um assunto que possa vir a ser de conhecimento de outros deve, antes de ser divulgado, obedecer a uma escala hierárquica. Ora, num momento em que o Brasil busca ganhar espaço na discussão da questão ambiental, o INPE age como se não devesse satisfação a ninguém e libera uma informação sobre a questão ambiental da Amazônia sem que outros escalões, também interessados e, no caso do governo federal, fundamental que seja informado antes que a nota caia na mídia, cuja tendência tem sido, desde antes da eleição, claramente hostil a Bolsonaro.

O presidente, bem a seu estilo, disse o que pensa sobre a liberação de informação estratégica sem conhecimento prévio e sem autorização. Ao contrário do noticiário e dos “especialistas”, não se trata de censurar nada mas, sim, de que pelo menos o centro  do Poder esteja informado a respeito. Censura é uma coisa e hierarquia administrativa é outra.

(Sobre o assunto leia o documento do Conselho Mundial de Igrejas, de 1981 mas sempre atual, nohttps://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/questoes-indigenas/139347-documento-do-conselho-mundial-das-igrejas-cristas-ensina-estrategia-para-tomar-a-amazonia-dos-brasileiros.html#.XTb_xOhKjIU)

E O FOLCLORE RONDONIENSE?

Há um Estado na Amazônia, nosso vizinho Amazonas, onde os meses de junho e julho são marcados por manifestações folclóricas as mais diversas, em bairros, associações comunitárias e a festa maior fica por conta do Festival Folclórico,  em Manaus, com diversos tipos de manifestações folclóricas – em Parintins a disputa de dois grupos o Garantido e o Caprichoso atrai muito público e é um dos motores da economia da “Velha Tupinambarana”, e que começou com apresentações na quadra do Seringal.

O que hoje é um fenômeno cultural imenso, no Amazonas, começou há mais de 60 anos, e vem sendo cultivado desde então, quando o jornalista Bianor Garcia realizou o I Festival – já com manifestações muito além de bumbas e quadrilhas, por ocasião da visita do então presidente português Craveiro Lopes. A partir daí só cresceu.

O que intriga a muitos, e muito a mim mesmo, é a razão da repetição e da falta (será de criatividade ou acomodação?) especialmente nas escolas. Temos aqui o Flor do Maracujá, importante, mas nosso folclore não pode ficar restrito apenas a essas duas manifestações. Aqui falta à estrutura de Governo coragem para investir em além do trivial.

Um Estado formado por “n” origens não pode ficar limitado ao (repito: importante) Maracujá. Agora, há muitos anos, a política cultural rondoniense está restrita ao que eu chamo de “complexo da tartaruga”, aquele animal que quando você toca nele sua ação e recolher-se debaixo de sua carapaça e fazer de conta que não está aí.

Já passou, e muito, o tempo de mudar. Falta só quem tem o poder de fazê-lo deixar a acomodação de lado e não ficar apenas esperando que caia o salário no final do mês.

HISTÓRIAS DO LÚCIO

E esta foi comigo mesmo: fazia dias que o ar-condicionado de um dos quartos lá de casa não funcionava. Chamo o técnico e ele faz testes e depois de meter não sei quantos aparelhos no equipamento, faz uma pergunta:

“Será que está desligado lá no quadro?”. Vou lá e chego a uma conclusão definitiva sobre o assunto.

A chave no quadro de controle, justo a daquele aparelho, estava desligada. Foi dar um clique e a coisa funcionou.

Aí lembrei daquela justa recomendação de que se seu filho estiver com uma febre ou outra coisa assim, antes de correr para o João Paulo II ou o Cosme/Damião, você deve, primeiro, procurar a UBS ou a UPA mais perto de sua casa. Se eu primeiro tivesse tido a curiosidade de verificar o quadro de controle certamente não teria ocupado o técnico.

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