Idaron intensifica fiscalização para proteger lavoura de cacau rondoniense contra fungo
Material vegetal oriundo do Acre, sem documentação que comprove origem e procedimentos para certificação fitossanitária na origem, não pode entrar em Rondônia
Durante fiscalização, foram apreendidos 48 frutos de cacau, transportados sem a documentação exigida
A monilíase, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é uma doença devastadora que afeta principalmente o cacau e o cupuaçu, resultando em perdas na produção e elevação nos custos do cultivo. Para evitar que a praga chegue às lavouras rondonienses, o Governo de Rondônia, por meio da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril (Idaron), intensificou as ações de biossegurança na divisa com o Acre.
Na última semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou um foco da monilíase do cacaueiro na área urbana do município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. “Por conta desse foco, a Idaron redefiniu as estratégias de vigilância na zona de risco, com fiscalização intensificada na área de limite entre os dois estados e visita às propriedades produtoras de cacau e cupuaçu que localizadas próximas à região”, explicou o presidente da Idaron, Julio Cesar Rocha Peres.
O gestor da Agência, reforçou ainda a importância das ações de prevenção, educação fitossanitária, contenção e controle da praga.
RESULTADO
Em pouco mais de 24 horas de operação, no posto fiscal da comunidade Tucandeira, na divisa do distrito de Nova Califórnia com o município de Acrelândia (AC), os técnicos da Idaron abordaram 130 veículos. Um deles com origem de Cruzeiro do Sul, transportava ilegalmente uma muda de citrus, 48 frutos de cacau, duas mudas de banana e sete mudas de coco. O transporte estava sem a documentação exigida pelo serviço de sanidade estadual.
PORTARIA
Para alertar a população sobre a importância das medidas fitossanitárias adotadas, a Agência Idaron editou a Portaria nº 481, de 09 de julho de 2021, que, dentre outras ações, proibiu a entrada, o trânsito e o comércio de material vegetal oriundo de regiões onde a praga Moniliophthora roreri está presente, sem a devida documentação que comprove a origem e a adoção dos procedimentos necessários para a certificação fitossanitária.
Fiscalização da Idaron foi intensificada na divisa entre Rondônia e Acre
A orientação também se aplica aos materiais vegetais que apresentarem sinais ou sintomas do fungo observados pela fiscalização, mesmo que acompanhados dos documentos exigidos pela Idaron.
Conforme a portaria, para ter livre acesso ao território rondoniense, as mudas e partes propagativas de espécies vegetais de hospedeiros da Monilíase devem ser provenientes de viveiros cadastrados no Registro Nacional de Sementes e Mudas, do Mapa (Renasem) ou registrados na Idaron, quando de Rondônia. “São consideradas hospedeiras de Moniliophthora roreri, para efeito da Portaria, todas as espécies dos gêneros Theobroma e Herrania”, salienta a gerente interino de Inspeção e Defesa Sanitária Vegetal, Sirley Ávila Queiroz.
ORIENTAÇÃO
Para quem pretende adquirir cacau na região do Acre, a Idaron faz um alerta: as amêndoas devem ser fermentadas após a colheita e comercializadas em sacarias novas, que deverão ser destruídas após a utilização.
Os estabelecimentos de comércio e armazenamento de amêndoas de cacau deverão disponibilizar lista de fornecedores e documentos fiscais de aquisição das amêndoas durante a fiscalização. “Todo esse cuidado não é por acaso, a monilíase apresenta um mecanismo de dispersão bastante eficiente, produzindo até 44 milhões de esporos por centímetro quadrado e até sete bilhões de esporos em um único fruto maduro”, destacou Sirley Àvila.
“E uma das principais vias de disseminação de pragas é o trânsito e o comércio de vegetais e partes de vegetais. Os esporos podem sobreviver até nove meses em qualquer material: ferramentas, sapatos, roupas, equipamentos, veículos e contêineres”, completou.
IMPACTO
A potencialidade dos danos econômicos causados pela doença do cacaueiro é gigante, uma vez que o foco ameaça não só as lavouras do Estado onde a praga foi detectada, mas toda a produção brasileira. “Por isso a necessidade de proteger o potencial produtivo rondoniense contra material propagativo sem identidade genética, fisiológica e sanitária”, enfatizou Sirley.
De acordo com o Mapa, nas regiões onde a monilíase se instalou, a ação tornou-se mais destrutiva do que a causada pela vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa), doença que provocou uma catástrofe na região cacaueira do Sul da Bahia, eliminando mais de 250 mil empregos diretos e reduzindo a produção de cacau em 25%.
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