Houve uma época neste país de tantas falcatruas que só batedor de carteira ia para cadeia. Ninguém acreditava em que os bens dos envolvidos em bandalheiras as mais diversas também seriam confiscados.

Acostumamo-nos a ver denúncias serem esquecidas, providências punitivas mitigadas, culpados desfilarem acintosamente diante da sociedade como se fossem cidadãos decentes. A população parecia caminhar para a desesperança, que no extremo apontava para o desespero.

Mais aí veio a Lava Jato e mudou esses e outros conceitos desde há muito enraizados no seio da sociedade.  Quem imaginava que o presidente da Câmara dos Deputados acabaria atrás das grades e, com ele, os maiores e mais bem-sucedidos homens de negócios. E o que dizer de um ex-presidente da República prestes a passar seus últimos dias na cadeia.

Vale destacar, no entanto, que no início das investigações, poucos acreditavam no sucesso da Lava Jato. O petismo achava que ela seria mais um processo investigatório como muitos que começaram e terminaram frustrando os anseios da população. Os desdobramentos da operação, que culminou com as prisões de autoridades, políticos e empresários, desmentiram os prognósticos pessimistas.

A operação que começou em um posto de gasolina, de onde surgiu seu nome, atraiu para si inimigos poderosos, que procuram alimentar e difundir o sentimento de que ela já chegou longe demais. Querem, a qualquer preço, que tudo volte a ser como era antes, que cada uma das denúncias e suas respectivas provas caiam gradativamente na vala comum do esquecimento.

Por mais que se reclame da extrema lentidão com que os procedimentos judiciários se desenvolvem, hoje é possível verificar que eles podem levar a medidas capazes de restaurar a confiança das pessoas no poder judiciário e à punição dos que se acostumaram a meter suas mãos sujas no erário sem que nada lhes acontecesse.

A população sente que alguma coisa mudou depois da Lava Jato. Por isso era é considerada por expressiva maioria do povo como um patrimônio da sociedade brasileira, o que mostra que nem tudo está perdido. Entretanto, não basta apenas só privar da liberdade os saqueadores do dinheiro público. Urge, pois, sequestrar os bens dos acusados, como a única forma de assegurar a restituição dos recursos roubados.