Lula ainda não ganhou, mas Bolsonaro já perdeu
"Ninguém se elege com rejeição acima de 50%", escreve Alex Solnik
Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: ABr | Stuckert)
Desde a primeira campanha de reeleição, em 1998, um fenômeno se repete: a seis meses das eleições, os que a tentavam estavam em primeiro lugar nas pesquisas e com larga vantagem sobre o segundo colocado.
Eis os números do Datafolha.
Em abril de 1998, o presidente Fernando Henrique Cardoso tinha 41%. Lula em segundo, com 25%.
Em abril de 2006, o presidente Lula tinha 40%. O dobro de Alckmin, vice-líder.
Em abril de 2014, a presidente Dilma tinha 38% contra 16% de Aécio.
A situação de Bolsonaro é inédita.
O último Datafolha dá 21 pontos de vantagem para Lula - 48% a 27% -, no Ipespe de hoje a diferença é de 11 pontos - 45% a 34% - mas as colocações não mudam. É sempre Lula em primeiro e Bolsonaro em segundo. Lula se aproximando dos 50% e Bolsonaro patinando nos 30%, no caso mais otimista para ele.
O que também torna a derrota de Bolsonaro inevitável é a alta rejeição, também recorde entre ex-presidentes a cinco meses das eleições.
Em maio de 1998, a rejeição de FHC era de 26%.
Em maio de 2006, 27% rejeitavam Lula.
A rejeição de Dilma, em maio de 2014, bateu em 35%.
Em maio de 2022, 54% rejeitam Bolsonaro.
Ninguém se elege com rejeição acima de 50%. Se a maioria não vota nele de jeito nenhum, não tem como ganhar a maioria indispensável no segundo turno.
Lula ainda não ganhou, mas Bolsonaro já perdeu.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
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