Lula e as desgraças do presidencialismo de coalizão
Lidar com esse Congresso não vai ser para amadores ou sonhadores. É o realismo nu e cru da velha política
Lula e Arthur Lira (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Nunca ficou tão evidente as limitações desse tipo de regime político como agora nessa nova gestão de Lula. Nenhum presidente? Em regime de coalizão, governa sozinho, mas ainda com um congresso hostil e adversário do presidente. E há indícios de que o presidente da Câmara manobra para eleger na surdina o sucessor de Lula, um parlamentar de direita.
As sucessivas derrotas, apesar das concessões de Lula aos adversários, são um indício das manobras sibilinas de Arthur Lira. Uma no cravo, outra na ferradura. Tem sido esta a política de Lira. Lidar com essas manobras e a ambição do alagoano não vai ser fácil para o governo.
A MP que esvaziou o Ministério do Meio-ambiente e a demarcação das terras indígenas não só acendeu uma luz de alerta nessa difícil governabilidade comprada a peso de ouro, mas introduziu divergências no próprio governo, com fissuras no ministério irreparáveis, reeditando crises já ocorridas em gestões anteriores, com a própria Marina Silva.
Tudo isso é lamentável e pode parecer uma traição aos eleitores de Lula que têm pouca paciência para este jogo difícil de buscar a governabilidade, sem perder a credibilidade. De todo jeito, lidar com esse Congresso não vai ser para amadores ou sonhadores. É o realismo nu e cru da velha política do toma lá, dá cá, sem a certeza da entrega. Estamos só no começo, não vai ser moleza agradar a todos.
Naturalmente alguns interesses vão se impor mais do que outros, sobretudo os que não querem pressionar o governo para não ameaçar a precária governabilidade. Muita água ainda vai passar debaixo da ponte. Vamos aguardar os próximos lances do jogo.
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