Lula foi espectador do massacre que as mulheres impuseram a Bolsonaro
"Lula, bastante discreto, não foi para ganhar, mas para ver Bolsonaro ser massacrado pelas mulheres. Foi o que aconteceu", escreve Moisés Mendes
Bolsonaro, Soraya, Lula e Tebet (Foto: Reprodução/Band)
Por Moisés Mendes, para o 247
Se fosse preciso fazer apenas um resumo do desfecho do debate na Bandeirantes, essa seria uma síntese possível.
Lula, bastante discreto, não foi para ganhar, mas para ver Bolsonaro ser massacrado pelas mulheres. Foi o que aconteceu.
Fugiu para o mato o plano da extrema direita de atrair o que resta de voto feminino indeciso para o genocida. A estratégia de expor Michele Bolsonaro não salva mais o marido.
Bolsonaro procurou a corda da forca no embate com as duas candidatas, Simone Tebet e Soraya Thronicke, num evento com o protagonismo também de mulheres jornalistas que fizeram perguntas.
O tchutchuca do centrão saiu carimbado como machista e incentivador covarde da agressão às mulheres.
E ainda ouviu de Ciro Gomes uma acusação grave: teria corrompido todas as ex-mulheres e os filhos.
A tática da discrição de Lula parece ter funcionado, o que permitiu sua condição de quase espectador, com cutucadas mais fortes apenas no final.
Mas as debatedoras deixaram de falar sobre um fato relevante. Bolsonaro é processado no Supremo por incitação ao estupro, no caso em que agrediu verbalmente a deputada Maria do Rosário.
Quando deixar o governo, terá de encarar o processo, que só ficou parado porque não pode responder agora por fatos anteriores ao início do mandato.
Falaram todo tempo sobre violência contra as mulheres e ninguém se lembrou da maior agressão do então deputado a uma colega de Congresso.
O fato é de 2014, e o julgamento do processo no STF está à espera da sua derrota para Lula. Se o genocida não for condenado, a apologia ao estupro estará liberada.
Também faltou uma referência, que as candidatas de direita não fariam, ao fato de que o golpe que derrubou Dilma Rousseff foi na essência uma trama do Brasil arcaico e machista contra uma presidenta.
Começam agora as especulações, até as próximas pesquisas, sobre o tamanho do estrago do ataque sofrido por Bolsonaro no eleitorado feminino.
Talvez não seja significativo entre as apoiadoras convictas de Bolsonaro, em especial as neopentecostais, mas deve ser o suficiente para impedir o alargamento da sua precária base feminina.
O Bolsonaro verdadeiro, genuíno, foi à Bandeirantes para fazer o que sabe. Mentir, defender os tios milionários golpistas do zap e agredir mulheres, como fez ao ofender a jornalista Vera Magalhães (“Acho que você dorme pensando em mim”).
E Lula? Lula talvez tenha errado apenas a calibragem do seu ar de distraído, que pareceu demasiado.
Mas saiu ganhando sem jogar bem porque Bolsonaro foi quem perdeu.
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
As improváveis aliadas de Lula
"Simone, Soraya e Vera desestabilizaram Bolsonaro, o que só tende a aumentar a sua já alta rejeição", avalia Alex Solnik
TSE começa cerimônia de assinatura e lacração dos sistemas eleitorais
Analistas verificam os códigos-fonte das urnas pela última vez
Vinicius Miguel abre espaço para inclusão e diversidade em grupo que distribuirá materiais da campanha em Porto Velho
Candidato a Deputado Federal pelo PSB acredita que uma sociedade mais justa só é possível através da inclusão e do respeito à diversidade
Comentários
kkkkkkkkkkkkk É bom ver o desespero. Depois desse debate, vai ser no primeiro turno. Bolsonaro jantou e deixou no dia seguinte para cafe da manhã. Aceita que doi menos
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook