Mais Vaza Jato: Deltan usou Randolfe e partido de Marina para atacar Gilmar

A negociação foi relatada por Dallagnol a outros integrantes da força-tarefa a partir de 9 de outubro de 2018 dois dias depois, a Rede de fato protocolou a ADPF

Brasil 247
Publicada em 07 de agosto de 2019 às 10:01
Mais Vaza Jato: Deltan usou Randolfe e partido de Marina para atacar Gilmar

Randolfe diz que processo no Conselho de Ética é perseguição (Foto: Geraldo Magela)

A articulação, que envolveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), resultou na apresentação de uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) no Supremo para impedir que Gilmar soltasse presos em processos que ele não fosse o juiz da causa. "Randolfe super topou", disse Deltan

O novo capítulo da Vaza Jato, agora em parceria entre o Uol e o Intercept, revela que o procurador Deltan Dallagnol usou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o partido de Marina Silva para atacar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. 

"O procurador Deltan Dallagnol usou a Rede Sustentabilidade como uma espécie de laranja para extrapolar suas atribuições e propor uma ação no STF contra o ministro Gilmar Mendes", aponta a reportagem. "A articulação, que envolveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), resultou na apresentação de uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) no Supremo para impedir que Gilmar soltasse presos em processos que ele não fosse o juiz da causa."

"A negociação foi relatada por Dallagnol a outros integrantes da força-tarefa a partir de 9 de outubro de 2018 dois dias depois, a Rede de fato protocolou a ADPF. A manobra tinha como objetivo driblar as limitações de seu cargo: Deltan e seus colegas de Lava Jato são procuradores da República, primeiro estágio da carreira do MPF (Ministério Público Federal) e só podem atuar em causas na primeira instância da Justiça Federal", apontam os jornalistas Igor Mello, Gabriel Saboia, Silvia Ribeiro e Paula Bianchi.

"Randolfe: super topou", disse Dallagnol em chat

Desde setembro de 2018, os procuradores se queixavam de uma decisão tomada por Gilmar Mendes, relacionada ao tucano Beto Richa. O assunto voltou a ser abordado por Dallagnol em 9 de outubro. "Resumo reunião de hoje: Gilmar provavelmente vai expandir decisões da Integração pra Piloto. Melhor solução alcançada: ADPF da Rede para preservar juiz natural", escreveu no grupo Filhos do Januário 3 no aplicativo Telegram, composto por membros da força-tarefa, às 14h13. Duas horas depois, Dallagnol volta à carga. "Randolfe: super topou. Ia passar pra Daniel, assessor jurídico, já ir minutando. Falará hoje com 2 porta-vozes da Rede para encaminhamento, que não depende só dele", escreveu no mesmo grupo dos procuradores no Telegram às 16h47.

Randolfe Rodrigues e a Rede Sustentabilidade, em nota conjunta, negaram que o partido tenha sido usado para propor no STF uma ADPF elaborada pelos procuradores da Lava Jato. Afirmam que: "No caso em apreço, a ação citada foi ajuizada após o Ministro Gilmar Mendes ter concedido habeas corpus de ofício a Beto Richa e outros 'ilustres' investigados, burlando as regras de sorteio de relatoria do STF e se convertendo numa espécie de 'Liberador-Geral da República'. Repudiamos essa decisão, que causou enorme embaraço ao Tribunal, por convicção de que ela reflete uma postura de leniência com corruptos poderosos e não um compromisso autêntico com o devido processo legal: o ajuizamento da ADPF nº 545 se deu exclusivamente por este motivo".

 

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