Martha passa Crivela e Bolsonaro tenta salvar o bispo no Rio

O resultado preocupa o candidato do DEM, já que Martha tem baixa rejeição e, segundo o último DataFolha, é a única que derrotaria Paes num eventual segundo turno

Rodrigo Vianna
Publicada em 28 de outubro de 2020 às 19:08
Martha passa Crivela e Bolsonaro tenta salvar o bispo no Rio

Martha Rocha, Bolsonaro com Crivella (Foto: Reprodução | Marcos Corrêa/PR)

Colunista Rodrigo Vianna afirma ter obtido relatos de que a delegada Martha Rocha, candidata à Prefeitura do Rio pelo PDT, "teria subido três pontos no levantamento" encomendado pelo comitê de campanha de Eduardo Paes (DEM). "No Rio, há quem duvide dessa participação maior do presidente na campanha, já que Bolsonaro colaria ainda mais sua imagem a um derrotado", diz

Pesquisas internas, feitas pelo comitê de campanha de Eduardo Paes (DEM), mostram que a candidata do PDT já ultrapassou Crivella na disputa eleitoral no Rio. A delegada Martha Rocha teria subido três pontos no levantamento encomendado por Paes, de acordo com informações obtidas por este jornalista.

O resultado preocupa o candidato do DEM, já que Martha tem baixa rejeição e, segundo o último DataFolha, é a única que derrotaria Paes num eventual segundo turno.

Mas o sinal vermelho mesmo foi aceso na campanha do protegido de Edir Macedo. O atual prefeito, Marcelo Crivella, pode ser humilhado pelos eleitores, ficando fora do segundo turno - mesmo com a máquina da Prefeitura nas mãos e com o apoio ostensivo de Bolsonaro.

Essa possibilidade levou cabos eleitorais do bispo a pedir socorro em Brasília. O presidente Bolsonaro teria prometido mergulhar na campanha no Rio, pra salvar Crivella. Segundo o jornal carioca Extra, o deputado Otoni de Paula foi o intermediário do pedido de socorro, nesta quarta-feira.

Bolsonaro teria feito uma exigência: o alinhamento de Crivella com temas "ideologicos". Ou seja, para o presidente e seus adeptos o bispo Crivella tem sido pouco direitista. Um exemplo: Crivella não teria se posicionado contra a vacinação para Covid-19, como defendem os extremistas de direita.

No Rio, há quem duvide dessa participação maior do presidente na campanha, já que Bolsonaro colaria ainda mais sua imagem a um derrotado. 

Do outro lado da via Dutra, a situação do bolsonarismo também é de crise: Russomano pode ficar fora do segundo turno, com o crescimento de Boulos na reta final. A parceria Edir Macedo/Bolsonaro mostra-se frágil nas duas maiores cidades do país. 

Pesquisas de 3 institutos grandes estão previstas para a próxima sexta-feira, e devem incendiar as últimas duas semanas de campanha no Rio e em São Paulo.

Rodrigo Vianna

Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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