Mauro Cid nega interferência em demandas e decide ficar em silêncio
Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação e é investigado em oito inquéritos, incluindo sua possível participação no estímulo a atos golpistas e a invasão de prédios públicos em Brasília
O tenente-coronel Mauro Cid ao lado do presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia
O tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu não responder aos questionamentos dos membros da CPMI do 8 de Janeiro. Ele participa de oitiva nesta terça-feira (11), mas como está amparado por um habeas corpus, ele não é obrigado a responder às perguntas feitas na CPI para que não produza provas contra si mesmo.
Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação e é investigado em oito inquéritos, incluindo sua possível participação no estímulo a atos golpistas e a invasão de prédios públicos em Brasília. Ele usou cerca o tempo que lhe foi dado na CPMI para falar sobre a sua trajetória dentro das Forças Armadas. Na sua avaliação, durante os quatro anos no posto de ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, apenas cumpria atividades de assessoramento e secretariado executivo, sem qualquer ingerência em decisões.
— Não estava na minha esfera de atribuições analisar propostas, projetos ou demandas trazidas pelos ministros de estado, autoridades, e demais apoiadores. Ou seja, não participávamos das atividades relativas a gestão pública — disse.
A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou o depoente sobre fatos que envolvem essas investigações como: as motivações para a suposta fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente e seus familiares e sobre as trocas de mensagens com Jean Lawand Júnior, coronel do Exército, que sugeria pedido de apoio a uma intervenção das Forças Armadas. A senadora perguntou ainda porque integrantes do governo passado foram visitá-lo na prisão, como o ex-ministro da Saúde e deputado federal, Eduardo Pazuello. Ainda assim, Mauro Cid seguiu sem responder.
— O senhor tem filhos, tem uma esposa, o senhor tem um pai com uma carreira militar irretocável, o senhor tem uma caminhada dentro das Forças Armadas que fatalmente chegaria a ser general, que é o sonho de qualquer membro da carreira militar hoje no Brasil. E ao mesmo tempo o senhor está aqui na CPMI, num cenário que nenhum brasileiros queria estar. Respondendo por crimes que possivelmente não foi o senhor que cometeu. Mas que o senhor pode ter sido levado por alguém que pediu que você cometesse esses atos criminosos — disse Eliziane.
Financiadores
Uma das linhas de investigação defendida pela relatora é a identificação dos possíveis financiadores dos ataques no dia 8 de janeiro. Mauro Cid não quis afirmar, após pergunta de Eliziane, se conhece Paulo Roberto Cardoso e Sandro Roberto Rocha, que também integravam a equipe da Presidência da República. A relatora disse ter obtido dados segundo os quais os dois citados teriam relação familiar com sócios da empresa Cipal, instituição que recebeu empréstimos de R$ 22 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aquisição de caminhões que, segundo a senadora, foram identificados dentro do acampamento em frente ao Quartel General de Brasília.
— Nós temos uma empresa que recebe recurso público da ordem de R$ 22 milhões, compra dez caminhões e coloca no acampamento aqui de Brasília e que de lá saiu todo o planejamento para a invasão da sede dos Três Poderes e também de lá saiu o planejamento para o ato terrorista cujo o objetivo era a explosão de um carro bomba — afirmou.
Requerimentos
Antes do início do depoimento, a CPMI aprovou, por acordo, uma série de requerimentos para avançar nas investigações. Foram aprovadas as quebras de sigilos bancário, fiscal e telemático e pedidos de relatório de inteligência financeira de convocados que já prestaram depoimento à comissão como o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques.
Também serão quebrados os sigilos bancário e telemático de George Washington de Oliveira Sousa, condenado a 9 anos e 4 meses de prisão pela tentativa de atentado a bomba perto do Aeroporto de Brasília, em dezembro 2022. Ele já foi ouvido pela comissão, mas como estava amparado por habeas corpus, manteve-se em silêncio na maior parte da oitiva.
As solicitações para acesso a esses documentos partiram de Eliziane Gama. Ela defendeu a aprovação dos requerimentos já que, segundo ela, essas pessoas ou não forneceram dados necessários para subsidiar as investigações ou mentiram durante os depoimentos.
— Os pedidos de quebra de sigilos que nós estamos fazendo nesta comissão hoje são de depoentes que já foram ouvidos nesta comissão e que não contribuíram com os trabalhos. Não dá para a gente continuar os trabalhos da CPI sem ter quebra desses sigilos. Nós estamos pedindo quebra, por exemplo, do George Washington. Ele veio aqui e não falou nada. Nós estamos pedindo quebra, por exemplo, do Lawand, que claramente aqui veio e mentiu nesta comissão. Nós estamos pedindo quebra, por exemplo, do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, que claramente, de forma escrachada, mentiu nesta comissão.
Entre outros requerimentos, foram aprovados os que pedem a transferência dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, e a transferência dos sigilos telefônico e telemático de Jean Lawand Júnior. Ambos já prestaram depoimento à CPMI.
Filas de espera para conseguir atendimentos de saúde no estado, preocupa Cláudia de Jesus
Parlamentar busca entender a dimensão do problema e exigir medidas para reduzir o tempo de espera
Luizinho Goebel libera recurso para compra de ambulância para o Distrito de Vitória da União, em Corumbiara
Parlamentar reafirmou seu compromisso em continuar ajudando o município em atenção às suas carências na área da saúde
Ieda Chaves fortalece apelo pelo avanço do Corredor Interoceânico Amazônia Ocidental
Rodovia ligará os estados com os portos no Peru, por meio do Oceano Pacífico
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook