Ministério Público apóia oficinas de Educação Menstrual e produção de bioabsorventes para apenadas

A promotora explicou que a produção de bioabsorventes, além de ser uma forma segura e ecológica de coleta do sangue menstrual, também visa uma inserção social no período pós-cárcere

DCI - Departamento de Comunicação Integrada
Publicada em 21 de dezembro de 2021 às 08:55
Ministério Público apóia oficinas de Educação Menstrual e produção de bioabsorventes para apenadas

O Ministério Público de Rondônia, através da Promotora de Justiçade Ji- Paraná, Eiko Danieli Araki, apoiou e impulsionou as oficinas que ocorreram entre os dias 05 (cinco) e 10 (dez) deste mês sobre educação menstrual e produção de bioabsorventes para apenadas da Região.

A iniciativa aconteceu em parceria com empresa Herself Educacional,  do Rio Grande do Sul, para promoção de autonomia do corpo e levando em consideração a questão financeira para mulheres em situação de vulnerabilidade.

A promotora explicou que a produção de bioabsorventes, além de ser uma forma segura e ecológica de coleta do sangue menstrual, também visa uma inserção social no período pós-cárcere.  Para a cofundadora da Empresa, trata-se de uma das diversas oportunidades de empreendedorismo feminino com menstruação. “Sabemos que o acesso de mulheres apenadas a protetores menstruais é limitado - assim como o acesso ao desenvolvimento de novas habilidades e ao trabalho”, disse Raíssa Kist, cofundadora da Herself Educacional. “É fundamental a existência de um ambiente de dignidade menstrual durante os anos de cárcere, no intuito de garantir uma ressocialização apropriada dessas mulheres: e o nosso trabalho se volta exatamente para isso”, explica a educadora.

A Herself Educacional já levou esse tipo de movimento para cinco outros institutos penais brasileiros. Criada oficialmente em dezembro de 2019, a empresa também atua em oficinas para crianças e adolescentes, levando educação menstrual para escolas públicas no Brasil e no mundo, a exemplo da capacitação de professores da Rede Pública de Recife (PE) e da participação na Caravana Menstrual em Segovia (Colômbia). Ela também oferece cursos sobre ciclicidade e de formação de Educadoras Menstruais.

Sobre a experiência particular em Ji-Paraná, a iniciativa contou com diversos órgãos apoiadores: as Secretarias Municipal e Estadual de Ação Social; Tribunal de Justiça; Ministério Público do Trabalho; Secretaria de Justiça; Conselho da Comunidade de Ji-Paraná e Instituto Federal de Educação de Rondônia. Todos essenciais para a viabilização do evento, os envolvidos puderam ver os resultados ao final da semana de aprendizagem com os produtos da oficina de bioabsorventes, costurados pelas próprias apenadas. “Elas ficaram muito empolgadas com tudo… nunca tinham ouvido falar sobre isso, nunca tinham conversado, nunca tinham tido um espaço com tanta liberdade”, relata a Drª Eiko Araki. “A naturalidade com que as meninas (Raíssa e Victoria) colocam o tema, que por vezes é visto de forma melindrosa, faz com que as informações cheguem de forma objetiva, clara, natural. As apenadas receberam isso tudo muito bem”, afirma a promotora.

Victoria de Castro, também cofundadora da Herself Educacional, falou sobre os tipos de experiências promovidas em eventos como esse: “Percebemos que as conversas que acontecem durante as oficinas são a primeira oportunidade de muitas mulheres de falarem sobre menstruação e corpo, de serem ouvidas, de tirarem dúvidas”, aponta a educadora. Ela continua: "Surgem memórias, trocas de vivências e um grande sentimento de confiança, por elas se sentirem capazes de entender sobre seu corpo e sua saúde, mesmo com tantas informações negadas ao longo da vida”. Ainda de acordo com a Promotora de Justiça, graças aos resultados de impacto dessa semana, já há a expectativa e organização para um novo ciclo de palestras, desta vez em Porto Velho, onde está localizado o maior instituto penal feminino do Estado  “A ideia é trazer mais parceiros para essa capacitação, como a Secretaria Estadual e Municipal de Educação, para ampliar o debate sobre pobreza menstrual e planejar a distribuição de kits para mulheres e meninas mais carentes”, afirma a Drª.

Diversos municípios do país vêm desenvolvendo estratégias de combate à pobreza menstrual nos últimos meses. Boa parte dos projetos de lei visam a distribuição gratuita de absorventes descartáveis e/ou coletores menstruais para pessoas em situação de vulnerabilidade social. O acesso à Educação Menstrual em escolas, penitenciárias e comunidades é mais um passo para a garantia de direitos menstruais para meninas e mulheres.

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