Morre na madrugada deste sábado o carnavalesco e jornalista Silvio Santos, o “Zé Katraca”
Adeus ao Mestre – Sílvio Santos, que era um dos fundadores da Bando do Vai quem Quer, estava hospitalizado tentando sobreviver às complicações da Covid-19
Faleceu na madrugada deste sábado (30) em decorrência de complicações do Covid-19, o jornalista, compositor, carnavalesco e músico Silvio Santos (Zé Katraca), uma referência na área da cultura rondoniense.
A notícia foi enviada a imprensa pela esposa de Silvio Santos. “Meus amigos da cultura
Venho lhes informar com imensurável pesar no coração que meu esposo Silvio Santos não resistiu ao Covid e, infelizmente, faleceu as 00:40h da madrugada de hoje 30”.
O cortejo sairá às 10h da Funerária Ramos (localizada na avenida 7 de setembro com João Goulart). E o sepultamento será no Cemitério Recanto da Paz, em frente à Unir.
A história musical de Silvio Santos
Diz a lenda que Silvio Santos já nasceu compositor. Nascido no dia 8 de dezembro de 1946 na localidade de Santa Terezinha no Distrito de São Carlos do Madeira veio morar em Porto Velho quando tinha 4 anos de idade. Em 1957 ingressou como Office Boy no Jornal O Alto Madeira e em 1960 foi levado pelo seu irmão Bianor Santos para atuar como sonoplasta na Rádio Caiari que estava nascendo.
Primeira composição
Justamente em 1960 quando estava assistindo os desfiles carnavalesco na avenida Presidente Dutra caiu uma chuva torrencial, Silvio ao chegar em casa todo molhado compôs sua primeira música, a marchinha “A Chuva Quando Cai” foi a primeira de uma série de músicas.
Mestre de Bateria
Em 1964 assinou a ata de fundação da escola de samba “Pobres do Caiari” e passou a atuar como Mestre Bateria. Em 1966 foi instigado pelo carnavalesco José Carlos Lobo a compor seu primeiro samba no estilo samba enredo e ai nasceu: “Rondônia Futuro do Brasil” que foi muito bem executada durante o carnaval pela orquestra “Jazz Brasil” que tocava no Bancrévea Clube, e a Pobres do Caiari desfilou cantando (não foi considerado como samba enredo da escola). Em 1968 Silvio fez sua primeira marcha rancho “Amor de Quatro Dias” inspirado numa história verídica que aconteceu no carnaval daquele ano.
Primeiro Samba de Enredo
Após o carnaval de 1969 a professora Marise Castiel assumiu a direção da escola de samba Pobres do Caiari e lá pelo mês de novembro, por indicação mais uma vez do Zé Calos Lobo, dona Marise chamou Silvio entregou-lhe o livro “Sinhá Moça” da escritora Maria Camila Dezonne dizendo: “Leia este livro e faça um samba de enredo”. Silvio ainda tentou explicar que nunca tinha feito um samba enredo e tal, mas, dona Marise não quis saber: “Menino você é capaz, leia o livro e faça o samba enredo”. Então nasceu o primeiro samba de enredo de uma escola de samba de Porto Velho, “Sinhá Moça e a Abolição” cantado no desfile da Pobre do Caiari no carnaval de 1970 resultado, a escola foi campeã pela primeira vez. Daí pra frente, até 1974, todos os sambas da Caiari foram de autoria do Silvio sendo que o de 1974 “Odoiá Bahia” contou com a parceria do Bainha. A Caiari parou e com o parceiro Bainha, Silvio criou a escola de samba “Mocidade Independente do KM-1” (1975) da qual juntamente com o Bainha compôs todos os sambas (A escola deixou de desfilar em 1980).
De volta à Caiari, que havia retornado ao carnaval de rua de Porto Velho e já com o novo parceiro Babá, compôs vários sambas campeões entre eles o antológico “Ceará, Lendas, Rendas e Crença – Ceará de Iracema”.
Silvio já compôs samba enredo para a Diplomatas do Samba, Unidos da Castanheira, Império do Samba, O Triângulo Não Morreu, Unidos da Rádio Farol, Acadêmicos do Armário Grande e Acadêmicos do São João Batista.
É um dos fundadores da Banda do Vai Quem Quer e compôs a grande maioria de suas marchinhas inclusive a famosa “Chegou a Banda a Banda a Banda…”. Fez músicas para o Galo da Meia Noite, Até Que a Noite Vire Dia, Canto da Coruja e Us Dy Phora.
Concorreu na escola de samba Vitória Régia de Manaus em parceria com o Torrado e compôs samba para o Bloco dos Apaches da cidade de Mosqueiro de Belém do Pará em parceria com Banana Split. Foi campeão com o samba de enredo na escola de samba “Praça da Bandeira” de Boa Vista Roraima e em 1990 foi parceiro dos compositores Mazinho da Piedade e Murilo Collares na disputa de samba enredo da escola de samba Portela do Rio de Janeiro. Tem samba campeão nas escolas Unidos de Rolim de Moura e Gaviões do Planalto ambas no município de Rolim de Moura.
Além de samba enredo Silvio é autor da música Porto, Velho Porto gravada pelo Zezinho Maranhão além de muitas músicas nos seguintes ritmos; toada de boi bumbá, bolero, samba canção, samba de breque, forró, brega e reggae.
Essa é apenas uma breve história do compositor, jornalista e radialista Silvio Santos – o Zekatraca. Material extraído do blog de Silvio Santos.
Zé Katraca, ativista cultural, segundo Carlos Esperança
“Após 2 anos de fundação, o jornal Diário da Amazônia considerou que precisava de uma coluna especializada em cultura e devido ao ativismo cultural do Silvio Santos [Zé Katraca], ele foi convidado e aceitou o pedido”, disse Carlos Esperança, amigo do Zé Katraca.
O Silvio Santos manteve durante anos a coluna sobre cultura Lenha da Fogueira no jornal Diário da Amazônia. Antes do Diário, ele trabalhou no extinto jornal ‘O Estadao do Norte”, sempre na área da cultura. O jornalista integrava também a Academia Rondoniense de Letras.
“O Zé katraca tinha um último sonho que, inclusive, já estava fazendo, que era escrever colunas para o impresso, por que ele sabia que o público dele estava no impresso. Ele era campeão de acessos, o colunista mais lido tanto no jornal impresso quanto no eletrônico”, comentou Carlos Esperança.
Sempre foi um defensor ferrenho da cultura, divulgando essa área e cobrando das autoridades mais investimentos no setor. Era comum vê-lo nos eventos promovidos no Mercado Cultural. O Carnaval e o São João de Porto Velho tinham sua marca registrada. Não se falava em cultura sem citar o nome de Zé Katraca.
Além disso, ele foi um dos fundadores e integrava a direção da Banda do Vai Quem Quer, maior bloco carnavalesco de rua da região Norte. Conhecido também por causa bom humor, e das boas risadas na redação.
“Uma curiosidade, há um ou dois anos quando tinha bastante gente de idade na redação, a gente começou a brincar sobre quem iria primeiro [falecer] e qual seria a melhor manchete, Zé Katraca disse sorrindo – seria a melhor manchete quando morresse: se foi o saudoso Zé Katraca – é como ele gostaria de ser lembrado”, brincou Carlos Esperança.
Zé Katraca havia apresentado melhoras nos últimos dias após a família fazer uma campanha para arrecadação de dinheiro por meio das redes sociais para compra de uma medicamento de alto custo que seria fundamental para sua recuperação.
“Esse período de pandemia, foi um período muito doloroso, tivemos muitas perdas como a do Marcelo, Adão, Chagas e agora o Zé Katraca”, finalizou com muita emoção, Carlos Esperança.
O Amo de Boi que Amou a Vida!
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