(Foto: Bolsonaro preso)

Será irônico se Jair Bolsonaro não for preso pelas vidas que agiu para ceifar, mas pelo vil metal – ou pelos vis diamantes – que surrupiou. Mais uma vez, ficará demonstrado que a lei brasileira é usada seletivamente. E há muitas evidências recentes desse fato.

Dilma Rousseff, por exemplo. Não cometeu crime de responsabilidade. Ainda  assim, foi impedida de exercer mandato auferido pelo voto popular. O pior, porém, é que a história urdida para lhe tomar o mandato foi tão descarada que acabaram tendo que atribuir sua queda a "perda de apoio popular", razão inexistente no presidencialismo. 

Já Lula, ficou preso por mais de um ano por condenação tão inconstitucional e suspeita que foi sumariamente revogada pelo Supremo Tribunal Federal e denunciada pela Organização das Nações Unidas. Afinal de contas, a Constituição não autoriza prisão sem que antes se esgotem todos os recursos legais possíveis e imagináveis.

Apesar de todo esse linchamento ao processo legal hígido e justo que deveria imperar contra Lula e Dilma, vemos todo dia a preocupação quase religiosa da mídia, do Ministério Público e  do Poder Judiciário em não avançar um miserável milímetro sobre os intermináveis direitos constitucionais de Jair Messias Bolsonaro. 

"Ah, mas falta clima político no Congresso, entre membros da CPI, entre oposicionistas e governistas para prender Bolsonaro", dirão os mesmos ultrarrealistas que decretavam, com ar de menoscabo, que Dilma estava sendo cassada pelo "conjunto da obra", ou que lula estava sendo preso por "provas indiciárias", ou seja, por indícios em vez de provas.

E o pior é que nem eram bons indícios...

Para Lula e Dilma, valia qualquer abuso. Para o demagogo militarista, o arcabouço de "direitos" é maior do que a sua quilométrica lista de crimes. Mas o fato é que absolumente nenhum desses atores nega que a prisão de Bolsonaro é inexorável. Se desacordo houver, deveria ser apenas sobre a data em que a Nação finalmente irá respirar aliviada.

Infelizmente, o Brasil não nos dá motivos para acreditar que a lei valerá para alguém com tantos defensores endinheirados quanto Bolsonaro se não houver uma pressão ininterrupta até que ele esteja devidamente trancafiado. 

Contamos com você. E com o STF, claro.

Eduardo Guimarães

Eduardo Guimarães é responsável pelo Blog da Cidadania