No jogo político, Lula é craque e está em campo
Quando Lula soltou a frase enigmática: “o jogo começou”, talvez o que queira dizer, de fato, é: se é para fazer política, a bola está comigo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)
Que ninguém se iluda. O governo de coalizão tocado por Lula em seu terceiro mandato sofre ataques diários e permanentes e assim será. Ao assumir o poder sob a ação de um golpe sendo engendrado, o derrotou em sua primeira semana de governo, mas os fatos que se seguiram não são menos fortes ou estão fora do script da tentativa de desidratá-lo e, no primeiro cochilo, tentar que o cenário político dê uma guinada para a direita.
A tentativa de desmonte do modelo de gestão apresentado ao país, por Lula – através das alterações feitas pelo líder do MDB, Isnaldo Bulhões, ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira -, foi apenas mais uma das investidas, na tentativa de enfraquecê-lo. Até aqui, Lira tem agido como barata: morde e assopra. Nesta última atitude, porém, errou na mão. Tal como um jogador que cava a falta na cara do juiz, Lira deixou transparecer que tem pressa. E, com isso, quase pôs tudo a perder, apertando “o jogo”. O que Lira provoca – cavando a falta – é que Lula reaja com um pouco mais de contundência, provocando o rompimento público.
Rompidos, ele jogará contra o governo os seus 464 votantes/seguidores, levando a partida para a pequena área. Com isso, não há mãos a medir de recursos para “emendas” (nada de cargos, apenas. Lira quer a chave do cofre) e segue um roteiro que faz parecer trazer nas mãos, em tempo integral, o livro “Guerras Híbridas, de Andrew Koribko – eu sempre volto a ele -, para orientar as suas próximas jogadas.
A revolução colorida funciona como uma base unificada: “pode-se afirmar que a infraestrutura social é bastante hierárquica e que um pequeno grupo de indivíduos na vanguarda rege o movimento inteiro”. Esses indivíduos são a vanguarda da “revolução colorida”, explica, esclarecendo a seguir.
“Eles são as pessoas que controlam as instituições/organizações em posição para colocar em prática a mudança Democrática Liberal. Eles são altamente treinados e mantêm contato direto com o patrocinador externo (ideológico e/ou financeiro). (...) “Eles são as pessoas mais poderosas do país-alvo e, quando a decisão por iniciar a revolução colorida é tomada, eles podem aparecer fazendo discursos motivadores ao público em favor da revolução colorida ou podem continuar organizando o movimento nas sombras”.
Para estabelecer um paralelo, há duas semanas, no dia 11/05, o Jornal Valor trouxe matéria relatando que ao palestrar para empresários em Nova Iorque, o presidente da Câmara, Arthur Lira, arrancou aplausos entusiasmados ao defender medidas liberais e garantir que tudo faria para aprová-las. Qualquer coincidência com a descrição acima, não é mera semelhança com os princípios da “revolução colorida” de que nos fala Koribko. Está lá, no “manual”, que eles se utilizarão de: Discursos públicos; dupla soberania ou governo paralelo; recusa em aceitar funcionários nomeados e outras artimanhas para tumultuar o governo/alvo.
O que Arthur Lira não dimensiona é o tamanho da sagacidade do presidente. Enquanto o editorial da Folha de hoje, escreve que Lula está “a reboque”, o governo segue imprimindo ritmo.
“Lula, eleito por margem mínima de votos (como provar, se houve a operação da PRF? - destaque meu) e apoiado por uma coalizão partidária frágil, parece ter entendido que o Planalto não é mais capaz de dar as cartas da administração como há 20 anos, quando todo o jogo se organizava em torno da distribuição de cargos e verbas por parte do Executivo.
É racional, pois, que o governo escolha as batalhas que precisa e que pode travar. O que não parece evidente, decorridos quase cinco meses de mandato, é se o presidente tem clareza de quais são elas”.
Ledo engano. Ainda que a Folha recorra a uma comparação debochada, da opção de Lula por incrementar a venda dos carros populares, com a do ex-presidente Itamar Franco por ressuscitar o “fusca”, como medida para aquecer a venda de carros populares e assim aquecer a economia, o que o presidente está fazendo, de fato, é política pura.
Com seu ato, demonstra que não topou a provocação de Arthur Lira. Não vai disputar a bola na pequena área. Vai, isto sim, mostrar que está trabalhando e tocando o seu governo. E quando solta a frase enigmática: “o jogo começou”, talvez o que queira dizer, de fato, é: se é para fazer política, a bola está comigo. E no “cara ou coroa”, sai jogando. Lula vai entrar em campo, desviar das bolas divididas e evitar dar “balões”. Segue o jogo.
Denise Assis
Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar". É Integrante do Jornalistas pela Democracia.
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Comentários
Ao jornalista militante, os ataques que e esse cidadão e sua turma recebem são fatos reais. O passado os condenam e craque ele é mesmo, bem como, toda sua quadrilha em usurpação.
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