Fonoaudióloga Daniella Sales Brom (Divulgação)
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Novembro roxo é o mês de conscientização sobre o nascimento prematuro, ou seja, bebês que nascem com idade gestacional menor que 37 semanas. A condição é a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade no mundo. O Brasil é o décimo país no ranking mundial de partos prematuros e em 2021 eles representaram 11,8% dos nascimentos segundo informações da ONG Prematuridade.com.
“As crianças que nascem precocemente não só têm índice alto de mortalidade, como também podem ter outros problemas, como dificuldades no desenvolvimento digestivo, respiratório, de linguagem e do desenvolvimento global. Muitas ficam com sequelas graves”, afirma a fonoaudióloga e diretora da FonoBabyKids, Daniella de Pádua Salles Brom.
Causas e impactos da prematuridade
Com mais de dez anos de experiência em acompanhamento fetal, a médica Jordanna Leão, explica que a prematuridade pode ser influenciada por diversos fatores. Dentre as causas ligadas à gestante, uma das principais é a chamada incompetência istmo-cervical ou colo curto. Contudo, a médica ressalta o papel ativo da gestante na prevenção.
“O que mais chama a atenção com relação a reduzir o risco é ter um pré-natal eficiente, com a gestante dando o seu melhor e sempre bem orientada, menos estressada, com uma boa condição socioeconômica, que não use drogas, que não fume, que faça a higiene adequada e que realize os exames para detecção precoce de pré-eclâmpsia e qualquer outra alteração do tipo”, pontua.
A médica explica que existem diferenças entre a prematuridade extrema (menos de 28 semanas) e tardia (entre 34 e 37 semanas), mas que ambos os casos podem trazer consequências para a criança. Oferecendo conteúdo gratuito para gestantes na internet, Jordanna reforça a importância dos hábitos certos. “O que é mais importante entender é que esse bebezinho saiu do útero um pouquinho mais cedo do que deveria. Muitas das vezes, a prematuridade acontece por causa da pré-eclâmpsia e ela, por ter restrição de crescimento intraútero, aumenta o risco de doenças crônicas ao longo da vida como o diabetes e a hipertensão. Grande parte disso poderia ser evitado com um bom pré-natal”, completa.
Importância da conscientização e acompanhamento fonoaudiológico
Para Daniella de Pádua Salles Brom, a conscientização sobre o pós-parto prematuro é fundamental. “Desde 2014, as campanhas mundiais têm temas para alertar a população e cobrar políticas públicas que deem atenção à causa. Neste ano, o tema é: Garanta o contato pele a pele com os pais desde o momento do nascimento, para incentivar a intervenção mais humanizada e o acolhimento do bebê pelos pais de pertinho. O objetivo dos temas é melhorar o acompanhamento dessas crianças, aumentar a visibilidade da causa pela sociedade e difundir informações para que as mães se cuidem cada vez melhor durante a gestação e após o nascimento do bebê prematuro”.
Segundo levantamento feito pela ONG Prematuridade.com com mais de 4 mil famílias, em 2019, o tempo médio de permanência do bebê prematuro na UTI neonatal é de 51 dias. A equipe multidisciplinar qualificada atendendo junto ao neonatologista dentro da UTI faz toda diferença na avaliação e definição do tratamento adequado para essas crianças. Os bebês prematuros podem apresentar baixo peso e muitas vezes têm dificuldade na amamentação. 90% das crianças prematuras precisam de ajuda para desenvolver força de sucção, reflexo de mamar, coordenação das funções neurovegetativas, como sugar, deglutir e respirar.
“A intervenção fonoaudiológica pode ser dividida em imediata e de seguimento. A primeira acontece de maneira emergencial, observando a condição física do bebê, se tem infecções ou malformações, a maturidade global do sistema sensório motor oral - necessário para a alimentação e ganho de peso -, e definindo as técnicas que serão usadas para incentivar esse ganho de movimentos, com exercícios, manobras e técnicas. Na intervenção de seguimento começamos a ter um olhar mais apurado para perceber a evolução da linguagem, da audição, dos quesitos neurais e toda a questão de sistema nervoso para ver se a criança vai adquirir o desenvolvimento esperado”, finaliza Daniella.
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