NOVO ENSINO MÉDIO: Trabalhadores em educação de Rondônia expõe sobrecarga de trabalho
Ao ser anunciadas no Estado, as escolas de tempo integral logo ganharam aprovação da sociedade
A aprovação do “Novo Ensino Médio” (Lei 13.415/ 2017) impôs uma série de mudanças ao Ensino Público brasileiro. Apesar disso, as ações que em tese deveriam reduzir as desigualdades, na verdade, têm contribuído para a exaustão e o adoecimento dos educadores.
Rondônia é um dos Estados que aderiu ao Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), criado pelo Ministério da Educação (MEC). Este programa tem o objetivo de apoiar os sistemas de ensino público dos estados a oferecer a ampliação da jornada escolar e a formação integral e integrada do estudante. A iniciativa visa atender a Meta nº 6, do Plano Nacional de Educação (PNE) e ao Plano Estadual de Educação (PEE).
Ao ser anunciadas no Estado, as escolas de tempo integral logo ganharam aprovação da sociedade. Afinal, iriam atender as questões relativas ao aprendizado básico e técnico, além de auxiliar na socialização dos estudantes.
Entretanto, a realidade é diferente. Nos últimos tempos, o Sintero tem recebido verdadeiros pedidos de socorro dos profissionais que atuam nestas unidades de ensino, que denunciam a sobrecarga de trabalho, ausência de materiais pedagógicos exclusivos à demanda, falta de formação profissional, estruturas físicas inadequadas das escolas, entre outras questões que permeiam o assunto.
Além disso, mesmo com tantas atribuições e desenvolvendo um trabalho diferenciado, a categoria não é contemplada com políticas de valorização, o que tem colaborado para um desgaste físico e mental coletivo. Também, os trabalhadores relatam que é necessário que haja ampliação da carga horária de planejamento e condições para que ela aconteça, visto que o preparo das aulas requer mais atenção e os conteúdos não são facilmente encontrados.
A nova rotina do ensino integral também apresenta impactos na formação profissional dos docentes, que estão cada vez mais se distanciando da sua área de formação ao ser obrigados a ministrar disciplinas que fogem de sua competência, chegando a acumular até 9 disciplinas diferentes, de acordo com relatos. Os profissionais expõem ainda a dificuldade de ter duas grades curricular (a antiga e atual), uma vez que o ensino médio está em transição.
Outra realidade é que anteriormente, os coordenadores de área, formadas por professores, possuíam 20 horas dedicadas à preparação das aulas. Hoje, essas horas foram reduzidas não dando condições para que haja um trabalho minimamente satisfatório. Ou seja, mais uma vez toda a comunidade escolar perde quanto à qualidade do ensino.
Em relação aos estudantes é importante pontuar que o novo Ensino Médio retirou disciplinas que faziam parte da base comum curricular. Em contrapartida, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) considerado a principal porta de entrada para as Universidades, continua cobrando a grade curricular anterior, fato que causa prejuízo aos estudantes da rede pública que estão em desvantagem em relação aos estudantes da rede privada.
O Sintero ressalta que não é contrário ao ensino integral, mas considera inadequada a forma pela qual foi imposta aos trabalhadores em educação sem que houvesse um diálogo prévio. As metas contidas no PNE e PEE foram elaboradas para garantir o desenvolvimento da Educação, tendo como foco a aprendizagem dos estudantes. Sendo assim, para atingir o nível educacional almejado é necessário fortalecer toda a comunidade escolar e combater a precarização das condições de trabalho vividas diariamente pelos profissionais em Educação.
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Quem trabalha na escola MTI sabe da grande responsabilidade. O componente Curricular Eletiva são três aulas semanais. O professor precisa confeccionar os conteúdos sem material disponível com tempo de planejamento reduzido. Ademais, para os estudantes é uma aprendizagem louvável, mas para os profissionais ainda precisa sem pensado melhor.
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