Nunca a imprensa foi tão obsoleta! E o desafio do governador
Vários veículos dessa mídia encerraram suas atividades. Os que ainda estão por ai (inclusive jornalões) estão em queda, a caminho da falência.
Gessi Taborda, jornalista e um dos mais experientes analistas políticos de Rondônia
IMPRENSA OBSOLETA
Assisti (e recomendo) todos os episódios da série “Tijuana”, da Netflix. Quase um documentário sobre a importância do jornalismo investigativo para o bem da sociedade e para a própria democracia. Senti saudades do jornalismo das décadas 70 e 80, quando nós, jornalistas, tínhamos a responsabilidade profissional de investigar os políticos e suas ligações perigosas, revelando os segredos escondidos nestas ligações.
Na série “Tijuana” os jornalistas correm risco de vida para investigar a ligação entre homens públicos e o poder paralelo do crime organizado, da corrupção e do narcotráfico.
Vivi uma época semelhante no jornalismo brasileiro. Esse jornalismo envolto em ética e até heroísmo acabou. Hoje – é triste comprovar – o que temos é uma imprensa majoritariamente obsoleta, e não é só em Rondônia. E por entender tratar-se de um assunto relevante, decidi pauta-lo na coluna de hoje.
SEM CREDIBILIDADE
É cada vez mais difícil encontrar fontes confiáveis de informação. Especialmente na chamada grande mídia ou na mídia tradicional. Os “donos” dos grandes veículos de comunicação não se apegam mais ao dogma de que “a credibilidade” era o maior patrimônio dos jornais, rádio e televisão.
No meu tempo, o papel da imprensa – em praticamente todos os veículos onde trabalhei – era o de defender e promover os valores da nacionalidade e da família; defendendo de todas as formas a liberdade de expressão, de pensamento e também o cânones do livre mercado.
ACABOU
Nenhum dirigente (público ou privado) iniciava seu dia sem ler os principais títulos da mídia impressa, e ouvir os jornais do rádio ou se informar pelas mais importantes revistas. Isso acabou!
A maior parte da imprensa (inclusive os jornalões, as grandes redes de TV e rádio) hoje serve mais para desinformar ao deixar de lado a isenção especialmente no noticiário e comentários da política. Agora a praxe é fazer oposição ao governo que não jorra copiosamente dinheiro público (a título de publicidade) na conta dessa mídia que sempre prefere estar do lado que a vaca deita.
CRISE
O resultado da perda de credibilidade da mídia atual, como é fácil constatar também em Rondônia, é a crise do setor.
Vários veículos dessa mídia encerraram suas atividades. Os que ainda estão por ai (inclusive jornalões) estão em queda, a caminho da falência. São obsoletos. Não pesam nada e perdem cada dia mais a influência. Só não vê quem não quer ver! Quem leva a sério o conteúdo jornalístico das TVs abertas de hoje?
O resultado é esse: redes de TV que monopolizavam o setor estão com dificuldades até de pagar os salários de seus empregados e perdem audiência diariamente. Não existe mais algo pelo menos parecido com o “Frente Tijuana” da série Netflix.
GOVERNADOR DESAFIADO
E até agora ninguém sabe como vai se comportar o governador de Rondônia, o coronel Marcos Rocha, diante do principal drama da população. O governador não sinalizou para onde pretende ir, após os 100 dias de sua gestão. Há um grande dilema à sua frente: é preciso gerar empregos de maneira consistente, positiva, aumentar a população ocupada e alentada para um futuro esperançoso.
O governador deve saber que é preciso preparar as novas gerações para o futuro e não ficar discutindo fumaça. Precisamos olhar para frente, irmanados, juntos! Todos sabem que unidos somos mais fortes. E até agora, após 100 dias de gestão, o governador não revelou nada! Será que o coronel-governador vai enfrentar esse desafio?
SACOLEJO
Outra vez o estado sofreu um novo sacolejo com as notícias de operações policiais investigando supostos desvios de dinheiro público. A operação recebeu o nome de “Teste Sebrae”, envolvendo nomes de personagens importantes da política rondoniense, com destaque para Daniel Pereira, ex-vice governador que assumiu a titularidade do Estado na vacância de Confúcio Moura, quando esse deixou o cargo para disputar uma cadeira no Senado.
Diante do desinteresse da mídia tradicional em noticiar detalhes da Operação, o acontecimento mexeu com os nervos de destacados personagens da administração e com a imaginação de muitos cidadãos desconfiados com a classe política. Pouca coisa foi divulgada, mas o escândalo, segundo fontes, ainda poderá resultar na prisão de pessoas até hoje tidas como insuspeitas. Tudo uma questão de tempo!
REVERBERAÇÃO
Se o remelexo acontecido aqui não deu muitos ingredientes à mídia acostumada à docilidade, lá fora o assunto reverberou em na mídia nacional, até em sites como O Antagonista e Diário do Poder, esse inclusive com a foto do “ex” governador Daniel Pereira.
AVALIADOS
Ainda segundo fontes, a gestão estadual passada deverá viver um novo “thriller” de suspense nos próximos dias com outros nomes ligados à gestão pública como coadjuvantes. Pode até não surgir informações mais bombásticas. Mas a realização dessas ações policiais nos dá o alivio de saber que homens públicos estão sendo avaliados, investigados e acompanhados em suas atividades. E com muita frequência tendo que se explicar para a Justiça e à população suas decisões.
VACINAÇÃO
Começou no último dia 10 a 21ª Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe (Influenza) e como já se tornou uma tradição, a procura foi baixa nos primeiros dias tanto nos postos de vacinação de Porto Velho como na maior parte do estado. A vacinação prossegue até o dia 31 de maio e exigiu forte investimento do governo federal que disponibilizou mais de 63 milhões de doses com o objetivo de imunizar 58 milhões de pessoas.
PEC POLICIAL
Pode ser votada nesta semana, no Senado, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria as polícias penais federal, estadual e distrital. Com isso, os agentes penitenciários passam a ter os direitos inerentes à carreira policial. A PEC 14/2016 já foi aprovada em primeiro turno e está pronta para a votação em segundo turno pelo plenário.
ELEIÇÃO
A disputa para prefeito e vereador é apenas no ano que vem, mas o assunto já domina as reuniões partidárias. Ainda sem definição de nomes, as legendas começam a se preparar para uma nova realidade, pois a partir da próxima eleição não haverá coligações para vereador. Muitos acreditam que, com isso, mais candidatos saiam a prefeito, como forma de colocar as legendas em destaque para atrair votos proporcionais. Para o prefeito Hildon Chaves uma quantidade maior de candidatos pode tornar mais fácil seu projeto de reeleição!
VICES VALORIZADOS
Segundo alguns analistas do cenário político, em todos os municípios se percebem entre os políticos é que já há mais candidato a vice-prefeito do que a prefeito visando o ano que vem. Muitos colocam seus nomes como pré-candidatos, mas buscam também composições onde não seja, necessariamente, cabeça de chapa. Como não haverá mais coligação proporcional, oferecer o vice é o maior atrativo que os concorrentes a prefeito terão para fechar coligações majoritárias e buscar aliados.
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