O Brasil de Angela Merkel

O Brasil queria mudanças, mas onde é que estão elas? Ou esses novos “sábios” mudam sua postura ou nada mudará no país.

Professor Nazareno*
Publicada em 04 de janeiro de 2019 às 11:39
O Brasil de Angela Merkel

Independente de quem tenha dito a célebre frase, o Brasil realmente não é um país sério. Mal tomou posse, o novo governo “de salvação nacional” apenas deu prosseguimento às “brasileirices” já amplamente conhecidas por todos nós. De norte a sul do país o que se viu em apenas dois ou três dias foi um espetáculo de bizarrices e de ações governamentais que lembram os velhos governos. Nada mudou ainda. O povo, burro e desinformado como sempre, foi às urnas na vã esperança de ter dias melhores e o que se vê é um festival de velhas práticas quando se trata da coisa pública. “É muito cedo para se colher resultados”, dirão alguns eleitores ainda otimistas a essa altura do campeonato. O governo Bolsonaro já começou todo errado e o do coronel Marcos Rocha em Rondônia também. Até agora, nada se viu de novo “nem aqui e nem acolá”.

“O governo do Bolsonaro vai ficar caracterizado como o governo das cores”, como muito bem disse o professor Francisco Xavier Gomes de Cacoal: “a campanha foi feita em verde, amarelo e azul. Na posse, ele declarou guerra ao vermelho. Nossa bandeira nunca será vermelha, disse. A ‘ministra da goiabeira’, Damares Alves, declarou em discurso que ‘menina usa rosa e menino usa azul’. O motorista da família ganha em um ano uma grana preta. Um dos filhos de Bolsonaro parece gostar mais de laranja. O SBT, a TV da família, faz a parte da imprensa marrom. E o clima está ficando cinza...”. Em países sérios como a Alemanha, por exemplo, nenhum governante se sustentaria no cargo por muito tempo se falasse essas tolices para a nação. Mas no Brasil, o nível de leitura de mundo do nosso eleitorado dispensa qualquer comentário.

Já pensou a chanceler alemã Angela Merkel demitir todos os funcionários comissionados e fazer propaganda disso? Óbvio que ela diria que demitiu muitos, mas iria contratar outros tantos. “Tiro os teus e coloco os meus”, é a regra daqui. Não haverá economia de nada. As despesas podem inclusive aumentar com tantos funcionários contratados sem concurso. Comissionado é uma velha prática que precisa acabar, simples assim! Só que nenhum governante eleito falou isso para o eleitorado. E na maior cara de pau continuará com a prática. É preciso “despetizar” o governo. Porém, como nada é para sempre, depois haverá também a necessidade de “desbolsonarizar” esse mesmo governo? E viajar a custa do contribuinte? Se a presidente da Croácia, Kolinda Kitarovic visse o péssimo exemplo dado em Rondônia, ficaria envergonhada.

Se esse governo fosse realmente sério, a ministra Damares Alves não daria tantas declarações folclóricas e absurdas. “Ou se cala ou será advertida”. Será que ela já ouviu falar em Simone de Beauvoir? O caos se aproxima: em vez de tentar resolver os problemas reais do país, Bolsonaro quer combater o que nunca existiu como kit gay, ideologia de gênero e Socialismo. O Brasil socialista é um engodo inimaginável que só existe na cabeça dele e de alguns de seus seguidores. Em Rondônia, será que o novo governador não percebeu a tolice que fez ao viajar a Brasília e de ter deixado o Estado quase três dias praticamente sem funcionar? E nem precisa citar o escândalo das diárias. Os novos governantes deveriam imitar Angela Merkel e não continuar com as mesmas práticas do Temer, da Dilma, do Lula e do PT. O Brasil queria mudanças, mas onde é que estão elas? Ou esses novos “sábios” mudam sua postura ou nada mudará no país.

 

 *É Professor em Porto Velho.

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