O Brasil dos pactos, acordos e termos de compromissos
No fundo, ninguém parece se preocupar nem um pouco com as necessidades e carências do outro. Vale o dito: “Cada um por si e Deus por todos”.
(*) Valdemir Caldas
Muitos foram os pactos, acordos e compromissos, que permearam a história política do Brasil. Tantos foram eles, que é praticamente impossível guardá-los na memória. Há pactos de todos os tipos e para todos os gostos. Como sempre, nessa história de pacto, entendimento, acordo, compromisso, ou qualquer outro nome que se queira dar, quem entra pelo cano é o povo. Os manda-chuvas se reúnem, preservam seus interesses e privilégios, celebram o acordo, e os desvalidos da sorte, esquecidos pelo Estado, abandonados à própria desdita, que se danem. No fundo, ninguém parece se preocupar nem um pouco com as necessidades e carências do outro. Vale o dito: “Cada um por si e Deus por todos”.
Estamos às portas de novas eleições. Em outubro, vamos escolher presidente da República, senador, governador, deputado federal e estadual. Em Rondônia, candidatos ao governo do Estado assinaram um acordo de respeito mútuo, à semelhança do que aconteceu em pleitos passados. Difícil será cumpri-lo, como espera a Ordem dos Advogados do Brasil – Rondônia, que encabeçou a ideia. Logo, as portas da lavanderia política serão escancaradas e a água suja correrá pelas ruas. Mais uma vez, o povo será obrigado a exalar o odor desagradável da campanha eleitoral.
E o que ficará de tudo isso? Frustração, decepção, angústia, revolta. No período eleitoral, candidatos enchem a boca para falar de uma Rondônia nova, próspera, onde seus cidadãos terão acesso a serviços públicos de qualidade, como saúde, educação e segurança pública, enquanto denúncias cabeludas continuarão sem explicações, quando, na verdade, deveriam ser devidamente apuradas, como ocorre em qualquer país civilizado e comprometidocom a ética, cujos desfechos resultariam na prisão de muita gente.
Mas estamos falando do Brasil do jeitinho, da malandragem, da esperteza, que muitos insistem em confundir com inteligência, quando são coisas completamente distintas.
E, o mais grave, é que muita gente boa embarca nessa canoa furada, quando deveria ocupar melhor o seu tempo, porquanto não são pequenos os desafios que temos pela frente, ao invés de cuidar de coisas esdruxulas, sem a melhor possibilidade de comoverem os espíritos e conquistarem a adesão popular. Sem querer desmerecer a iniciativa da OAB/RO, mas essa historia termo de compromisso pela ética na política, a meu ver, não resistirá ao jogo bruto da campanha eleitoral. Quem é ético, é ético. Vive como ético, age como ético e fala como ético. E ponto final.
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