O Brasil na fila do osso

A pobreza do Brasil dá lucro, basta saber administrá-la. E agora não mande ninguém para Cuba ou Venezuela. Mande para Cuiabá! Lá tem osso. E do bom! 

Professor Nazareno*
Publicada em 26 de julho de 2021 às 11:01
O Brasil na fila do osso

Para desespero do gado, tanto o que produz a carne quanto aquele que aplaude os políticos e neles vota, o falastrão presidente Jair Bolsonaro outro dia num churrasco comeu picanha japonesa Wagyu, que custa quase dois mil reais o quilo. Enquanto isso, centenas de pobres fizeram enormes filas lá em Cuiabá capital do Mato Grosso para conseguir receber doação de ossos. Isso mesmo, um açougue da capital mato-grossense doa ossos para o povo comer. Uma dupla ironia, pois o Estado, um dos maiores redutos do bolsonarismo no país, é o maior produtor de carne bovina com mais de 35 milhões de cabeças de gado e o Brasil figura entre os maiores produtores de alimentos do mundo. A vergonha suprema, que logo será esquecida, dessa vez foi com o “Bozo”, mas poderia ter sido com qualquer outro presidente ou até mesmo um governador de Estado. 

O quilo da picanha degustada alegremente pelo presidente do Brasil custa quase dois salários mínimos do país e pelo menos 12 vezes mais do que o auxilio emergencial que o governo pagou para os necessitados durante a pandemia do Coronavírus. O Brasil já figurou entre as seis maiores economias do planeta e ainda continua entre os países de maior PIB. É seguramente um dos maiores produtores de alimentos do mundo perdendo somente para os Estados Unidos e a China. Mas com 215 milhões de habitantes, o nosso país não consegue alimentar adequadamente seus cidadãos. Em 2021, somente a produção de grãos chegará à estratosférica marca de quase 300 milhões de toneladas. Fazendo-se uma divisão justa, cada brasileiro teria direito a mais de uma tonelada de grãos só neste ano. Mas o feijão e o arroz, comidas típicas, já sumiram de nossas mesas.

O preço dos alimentos no Brasil não para de subir. E o número de miseráveis também. A inflação não dá tréguas. Comida se tornou item de luxo no chamado celeiro do mundo. Com a pandemia, já temos hoje pelo menos 19 milhões de cidadãos vivendo abaixo da linha da pobreza, na miséria absoluta. E com a alta diária do dólar praticada pelo atual governo, quase toda a produção agropecuária é destinada às exportações. O caos e a miséria aumentam sem controle todos os dias e já somos concorrentes de muitos países miseráveis da África subsaariana. Porém, nossas “filas do osso” não são muito diferentes daquelas crianças negras, cabeçudas e desnutridas. Só que os pobres daqui são piores, pois não se prestam nem a um espetáculo televisivo. Com a fome e a desigualdade social vêm também a reboque toda a violência e exploração sem controles.

Porém se engana quem pensa que a culpa por esta vergonhosa fila de ossos em Cuiabá seja somente do Bolsonaro. Da extrema esquerda à extrema direita, todos os governantes do Brasil até hoje sempre privilegiaram a elite endinheirada do país. Aqui só se governa para os ricos e poderosos. A síndrome da “Casa Grande & Senzala” de Gilberto Freyre nos acompanha desde os remotos tempos da colônia. Na presidência, o cachaceiro e ex-presidente Lula, por exemplo, só bebia vinho Romanée-Conti de 30 mil reais a garrafa. Já o brasileiro comum só bebe vinho Sangue de Boi de dois reais o litro. O agronegócio representa quase 30 por cento do nosso PIB para produzir milhões de famintos e miseráveis enquanto na Alemanha é de apenas 0,9 por cento só que lá não há fome nem miséria. A pobreza do Brasil dá lucro, basta saber administrá-la. E agora não mande ninguém para Cuba ou Venezuela. Mande para Cuiabá! Lá tem osso. E do bom! 

*Foi Professor em Porto Velho.

Comentários

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    Gilberto 28/07/2021

    O que o PT fez em 14 anos pra mudar essa realidade??? Fiquem em casa, a economia a gente ve depois!!!!!!!!!!!!!

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    Lauri 27/07/2021

    Bolsonaro 2022.

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    Lauri 27/07/2021

    Bolsonaro 2022.

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    Chico Bento 27/07/2021

    Há e haverá fome em todo o planeta terra, independente de governos, nações ou regimes políticos. O problema da fome não se resume a simples conjecturas e ideários políticos e sim de políticas públicas permanentes e de longo prazo. Se uma nação é pobre de cultura, recursos naturais e possui governos ruins e desumanos, evidente que o número de famintos será maior. Diferente do nosso país que sempre produziu muito e com qualidade, figurando apenas com governantes medíocres que nunca levaram a sério este mal que afeta e mata milhões a várias décadas.

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    edgard feitosa 27/07/2021

    Psicopata genocida empedernido e contumaz, bolsonaro pode se orgulhar de ter lugar "privilegiado": com mais de 550 mil mortos, bolsonaro matou mais que Fidel em cuba; mais que a ditadura de Stroessner, no paraguai, que bolsonaro elogiou; mais que a ditadura de Pinochet no chile, que bolsonaro elogiou; mais que a ditadura de Videla na argentina; mais que a ditadura dos generais cocaleros na Bolívia; agora bolsonaro deve ter recebido "dicas importantes" dessa neta de nazistas; interessante é que nas manifestações a favor de Bolsonaro, sempre aparecia a bandeira de Israel; bolsonaro queria mudar a sede da diplomacia brasileira de Tel Aviv para Jerusalém; e agora com esse larguíssimo sorriso abraçado a essa neonazista????? bolsonaro se batizou no rio Jordão, para fingir-se "cristão" e "amigo" de Israel; mas carimbou sua face diabólica ao abraçar uma neonazista; quem quiser ser nazista que seja e assuma as consequências, mas nós que estamos impregnados das palavras, ensinamentos e ações de Cristo, temos a obrigação de repudiar pessoas e partidos em cujo passado há 6 milhões de mortos;

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    Josefina Ferreira 27/07/2021

    Concordo com a Martha. Esse Nazareno é um invejoso. Quem não gostaria de degustar churrascos seguidos, usando filé mignon de mais de mil reais o kg e vinhos caríssimos, tudo pago pelo contribuinte ? Quem não deseja um emprego, cujo único trabalho é alguma motociata mensal e conversas idiotas matinais com os bois que pastam próximo ao Planalto? Pura inveja dessa gente... Agora, eu mesma fiquei com inveja, vendo o presidente encontrar-se com uma famosa neta do braço direito do Adolf Hitler, a Deputada neonazista alemã Beatrix von Storch. A turma do avô dela matou mais de 6 milhões de pessoas, entre 1939 a 1945. Já o discípulo Jair Messias, apesar de muito esforço, somente conseguiu colaborar significativamente com a morte de mais de 550 mil brasileiros. Que inveja, Martha! Quanta inveja !

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    Lauri 26/07/2021

    Bolsonaro 2022.

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    edgard feitosa 26/07/2021

    Geraldo Vandré já dizia : "PELOS CAMPOS A FOME EM GRANDES PLANTAÇÕES"; basta consultar o google e verificar que há mais cabeças de gado que população no Brasil; se Maria Antonieta dizia "se não tem pão, que comam brioches", os "coronéis do agronegócio", junto com bolsonaro-genocida exportam o filé e mandam o povo em filas humilhantes disputar ossos; O HAITI É AQUI!!!!

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    João Batista 26/07/2021

    Faltou vc falar do cardápio dos ministros do STF. Esses sim, comem e bebem do bom e do melhor. Vinhos importados e premiados. Lagostas, camarões, etc.

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    Martha 26/07/2021

    A inveja mata! Prá constar, só li o primeiro parágrafo.

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Winz

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