O escândalo da cal

O prefeito Hildon Chaves precisa entrar em ação e apagar o incêndio, antes que as chamas atinjam todos os cômodos da casa.

Valdemir Caldas
Publicada em 02 de abril de 2018 às 13:19

A denúncia de que a prefeitura de Porto Velho teria comprado quase cento e trinta toneladas de cal, no final do ano passado, para atender à Secretaria Municipal de Serviços Básicos, além de deixar vereadores com um elefante atrás da orelha, vem tirando o sono de muita gente dentro da administração tucana. O prefeito Hildon Chaves precisa entrar em ação e apagar o incêndio, antes que as chamas atinjam todos os cômodos da casa.

Após denúncia feita ao Tribunal de Contas pelo jornal eletrônico Rondoniaovivo e, posteriormente, encarada por outros jornais, os vereadores Aleks Palitot, Ellis Regina e Cristiane Lopes mergulharam de cabeça no pântano. Querem saber o paradeiro da cal.

Semana passada, servidores da SEMUSBS foram ouvidos pelos parlamentares. E tem mais gente na alça de mira.  Ao contrário do que pensam aliados do prefeito, não se trata de denúncia com viés meramente eleitoreiro, como é comum em período de campanha. A situação é grave e, por isso mesmo, precisa ser investigada, uma vez que a sociedade não mais tolera esse tipo de coisa.  

Prematuro, portanto, é apontar o dedo na direção de quem quer que seja. Somente uma investigação criteriosa e transparente poderá dizer quem tem ou não culpa no cartório. Pode ser que a denúncia acabe dando em nada, mas é certo que colocou a administração Hildon Chaves na berlinda da opinião pública. 

O mais revoltante, contudo, é saber que, em algumas unidades de saúde do município, não há sequer uma Dipirona, porque a SEMUSA não consegue realizar um processo licitatório para comprar medicamentos. Será que o visual da cidade é mais importante que a saúde da população?

Imediatamente qualquer observador pode ser levado a concluir que não é a escassez de recursos que torna permanentes os problemas recorrentes nos diversos setores de governos. Pelo contrário, quando segmentos ponderáveis do ponto de vista político têm seus interesses em jogo, fica mais fácil resolver os problemas.

Longe de mim, contudo, pretender julgar ninguém. Agora, quem tiver culpa no cartório tem que responder pelos seus atos. Nada de tentar recorrer às velhas e manjadas tergiversações. Durante a eleição que o conduziu à prefeitura de Porto Velho, doutor Hildon Chaves deixou claro que não aceitaria coisas dessa natureza em sua administração. O episódio mexeu com a estrutura de seu governo. Isso é indesmentível. Ele precisa enfrentar o problema, desmascarando eventuais lobos em pele de cordeiros, sempre prontos para atacar o patrimônio público.

Comentários

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    edgard alves feitosa 02/04/2018

    Marx dizia que a história se repete, e quando se repete, é farsa; na idade média, certo cardeal ao ser eleito papa, disse: "agora que somos papa, vamos gozar as delícias do poder"; assim é na política; em campanha - não importa que partido seja, direita ou esquerda - todos se apresentam como paladinos incorruptíveis, vociferando contra tudo e contra todos; mas ao chegar ao poder, o chefe e seus áulicos dizem o mesmo: "agora, vamos nos locupletar"; afinal, estão blindados pelo manto constitucional da presunção da inocência, além de que os políticos corruptos, com o próprio dinheiro da corrupção, podem pagar os pobres ricos causídicos, detentores de filigranas jurídicas: "meu cliente é inocente";

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